O que é o ChatGPT e porquê todo o rebuliço em volta dele?

Por Por Marco Gouveia, consultor e formador de Marketing Digital, CEO da Escola Marketing Digital e autor do livro “Marketing Digital: O Guia Completo”

No final do ano passado, começámos a ouvir um burburinho sobre um tal de “ChatGPT”. Burburinho esse que tem deixado profissionais de marketing, programadores e criadores de conteúdo, entre outros, tão excitados quanto as crianças ao abrirem as prendas de Natal e brincarem com elas pela primeira vez. Mas, afinal, de que se trata e porquê toda esta excitação em volta do ChatGPT?

Antes de mais, ChatGPT significa Chat Generative Pre-Trained Transformer. É um software programado para gerar textos numa linguagem natural, de maneira semelhante a um humano. Disponibilizado ao público a 30 de Novembro, tem sido considerado uma tecnologia disruptiva e já conta com mais de um milhão de utilizadores.

Foi criado pela empresa de inteligência artificial OpenAI Inc e teve diversos nomes envolvidos, como Elon Musk, Sam Altman (actual CEO), Ilya Sutskever (Google), Reid Hoffman (co-fundador do Linkedin) e Peter Thiel (co-fundador do PayPal). Actualmente, um grande parceiro e investidor é a Microsoft.

O ChatGPT traz-nos uma inteligência artificial (AI) capaz de responder a perguntas complexas dentro do contexto de uma conversa, tendo ganhado força entre o público precisamente pelas suas respostas detalhadas e semelhantes às dos humanos. O software foi “treinado” com uma camada adicional de Aprendizagem de Reforço com Feedback Humano (RLHF), que utiliza o feedback humano para o ajudar a desenvolver a habilidade de seguir orientações complexas que os humanos inserem, entender as suas nuances e o que esperam quando fazem as suas perguntas, além de gerar respostas satisfatórias dentro das expectativas e perspectivas humanas.

O The Times descreveu-o como o “primeiro chatbot verdadeiramente útil do mundo” e muitos afirmam que pode revolucionar a maneira como as pessoas usam os motores de pesquisa, não apenas fornecendo links para os utilizadores lerem, mas resolvendo problemas elaborados e respondendo a perguntas complexas.

Exemplo de pergunta respondida pelo ChatGPT da Open AI

O ChatGPT já conseguiu gerar um código Python intrincado e escrever redacções de nível universitário quando solicitado, o que levantou algumas preocupações no que diz respeito à possibilidade desta tecnologia substituir os motores de pesquisa e até os trabalhadores humanos (como jornalistas e programadores) no futuro.

O cenário de um chatbot de perguntas e respostas tão eficaz é assustador para profissionais de várias áreas, mas é claro que ainda há um longo caminho a percorrer até que possamos ter certeza de que este tipo de tecnologias poderão substituir os motores de pesquisa – ou os humanos. Parece provável que o futuro seja antes marcado por um modelo híbrido, que utilize estas duas tecnologias (motores de pesquisa e chatbot) em conjunto e que os humanos continuem a ser necessários, porém, a executarem novas profissões.

Enquanto ainda está em fase de revisão, os utilizadores podem inscrever-se no ChatGPT e testá-lo gratuitamente. O serviço possui várias funções diferentes, incluindo responder a perguntas, resolver equações matemáticas, escrever textos, corrigir códigos, traduzir entre idiomas, criar resumos de textos, fazer recomendações, classificar coisas, etc. Há até quem recorra ao ChatGPT para resolver questões conjugais, como se pode ver:

Exemplo de pergunta respondida pelo ChatGPT a um participante no grupo #SOMOSTODOSNINJAS

O programa tem, contudo, as suas limitações. Sabemos que não faz pesquisas na internet nem cruzamento de dados externos e que todo o seu raciocínio é feito a partir das informações de texto que foram inseridas no mesmo – o próprio ChatGPT explica que é incapaz de criar novas coisas, apenas interpretar e esclarecer com base no que já sabe. A sua base de conhecimento termina em 2021 e podemos observar o uso constante das mesmas frases, entre outros problemas ainda por resolver. No entanto, é uma tecnologia que vale a pena testar, até porque quanto mais pessoas a usarem, mais informação ela absorverá, tornando-se cada vez mais inteligente.

Este artigo foi inspirado pelo grupo #SOMOSTODOSNINJAS, onde diariamente são tratados de forma livre temas relacionados ao universo digital por 1024 apaixonados por marketing digital.

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