O paraíso chamado Erva

Foi numa das primeiras noites frias de Outono que o Erva nos recebeu. Mas se lá fora o frio já tomava conta das ruas, bastou passarmos a porta para sermos transportadas para uma nova temperatura. Dentro do espaço de restauração que está portas meias com o Corinthia Hotel (mas que tem entrada independente na rua) o calor invade-nos com o largo sorriso de quem nos recebe e nos acompanha à mesa.

Junto à grande janela de vidro que permite acompanhar o movimento na rua, a sensação de aconchego – provocada pela simpatia do Bar Manager Nelson Antunes, especialista em mixologia molecular, que nos apresenta o cocktail do dia – faz novamente esquecer que o Verão nos deixa a cada minuto que passa.

Um cocktail com espuma de tomate foi a opção escolhida na carta de cocktails para abrir as hostilidades ao mesmo tempo que chegava à mesa uma selecção de pães da Gleba Padaria e manteiga cítrica. Logo depois, o chef fez chegar dois snacks para degustarmos: a batata brava, tártaro de lulas e crème fraîche de lima e a gamba marinada com abacate em pele de frango crocante. Esta última deixa belas memórias no palato.

Seguiu-se o inesquecível bacalhau fresco com maioneses de alho, picolé de cebola e molho unagui. Apesar da descrição não o indiciar, chega em forma de tempura, numa belíssima surpresa.

E nos peixes continuamos a degustação com corvina, arroz de lingueirão e salicórnia. De sabor exemplar, só nos faltou uma colher para conseguimos chegar bem aos cantinhos do prato em forma de taça.

O chefe não deixou dar a refeição por terminada sem experimentar a pá de cordeiro de leite assada com batata aligot. O bicho que nós próprias desossámos na mesa até se desfazia na boca tal era a macieza da carne.

Antes do adeus houve ainda tempo e estômago para a fruta e o doce. No capítulo da fruta, e acompanhado de gelado de coco, chegaram morangos e abacate numa combinação perfeita. E, terminando em doce, adoçámos a boca com o brulée de yuzu, ananás dos Açores e merengue.

Uma refeição que pedia tempo para estar à mesa e para digerir. Algo que pode ser atalhado com o menu 50 Minutos que o Erva disponibiliza desde a semana passada ao almoço (de quarta a sexta-feira) e que permite aos comensais degustar algumas das suas especialidades de uma forma mais célere.

Carlos Gonçalves, o chef executivo do Erva, cria o menu 50 Minutos que é sempre diferente, estando dependente dos produtos que os fornecedores locais lhe fazem chegar diariamente. Do couvert, passando pelo prato principal e terminando com uma sobremesa e um café, o menu inclui ainda uma bebida à escolha (no caso de ser um copo de vinho, fará pairing com a escolha do menu do dia). Tudo por 18 euros por pessoa.

Texto de Maria João Lima

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