Conhecer bem… o sector das Relações Públicas e Comunicação

Por Domingas Carvalhosa, presidente da APECOM

Em 2020, as empresas que compõem o sector das Relações Públicas e Comunicação – das quais 46% desenvolvem a sua actividade tendo como CAE principal o 70210 (Actividades de RP e Comunicação) – representaram um volume de negócios de 85,7 M euros. Mais de metade tem negócios com o exterior (vs 16% no tecido empresarial) no valor de 11,1 M euros das suas vendas e apresentam um resultado líquido de 3,1 M euros.

Estes são alguns dos dados resultantes de um estudo que visou conhecer os sectores económicos de forma profunda. É o primeiro passo para uma definição eficiente de políticas e caminhos que os tornem fortes e robustos. A actual Direcção da APECOM – Associação Portuguesa de Empresas de Comunicação – tomou a iniciativa de elaborar um estudo alargado e aprofundado sobre a realidade das empresas de relações-públicas e comunicação no nosso País e solicitar o apoio à Informa D&B na realização do mesmo.

Com base numa listagem de empresas pesquisada pela APECOM e assente, quer em números de CAE (fornecidas pela Informa D&B), quer em pesquisa por nome em Guias de ‘Trade’, a Informa D&B elaborou os quadros de análise e respectivos gráficos com base nos dados e indicadores empresariais que constam na sua base de dados, e cujos principais resultados foram sintetizados pela associação.

Os dados financeiros remontam ao ano 2020 e incidem sobre 117 empresas que cumpriam os requisitos de actividade exigidos pelos estatutos da APECOM.

No total, as 117 empresas analisadas empregam 1.117 colaboradores, com uma remuneração média anual de sensivelmente 19.337 euros. Se no indicador Emprego predominam as mulheres (68%), nos cargos de Liderança e Gestão, o género masculino é predominante. No entanto, este split é, ainda assim, mais equilibrado do que o verificado no tecido empresarial, com uma proporção de cerca de 40% mulheres para 60% de homens.

O sector das RP e Comunicação é maduro, já que 2/3 das empresas têm entre 6 e 19 anos e uma idade média de 14 anos (aproximadamente +1 ano que o benckmark do tecido empresarial).

O volume médio de negócios é de 732 mil euros (vs 909 mil euros do benchmark) e o número médio de empregados 9,5 (vs 7,9 da média do tecido empresarial), de onde se pode concluir que este é um sector cujo principal “asset” e foco de maior investimento são as pessoas (RH).

Ainda que apenas 9% das empresas tenham uma facturação entre os 2 e os 10 M euros (segmento pequenas empresas), estas representam 46% do volume de negócios do sector e são responsáveis por 37% do número de colaboradores, reflectindo uma expectável concentração do mercado nos players de maior dimensão.

Em termos de número de colaboradores, mais de 1/4 do mercado é composto por empresas com mais de 10 colaboradores, sendo o nicho de 3% com mais de 50 colaboradores o responsável por 19% do volume de negócios do sector.

É na área metropolitana de Lisboa que se concentram mais de 75% das empresas do sector, sendo esta distribuição mais heterogénea no tecido empresarial. A quase totalidade do capital do sector é nacional.

Apenas 22% das empresas do sector são Familiares (+9 pp no tecido empresarial).

Ainda que a pandemia tenha tido reflexos negativos nos indicadores Volume de Negócios (-9,6%) e Resultados Líquidos (-40%), ambos em linha com o tecido empresarial, a quebra em termos de colaboradores ficou abaixo desta variação (-2,5%), o que revela que ainda assim se procurou minimizar os impactos em termos de RH. O indicador Exportação cresceu de forma evidente e acima do benckmark do tecido empresarial.

Outro factor a destacar é o reduzido risco de deliquency (61% apresentam um risco muito baixo ou baixo de ultrapassar o prazo dos seus pagamentos a fornecedores para além dos 90 dias, face aos prazo acordados), o que denota uma tesouraria sólida, ainda que os prazos de pagamento sejam claramente mais curtos que os de recebimentos.

Somos um sector forte e resiliente que se manteve firme em 2020 e que se preparou muito bem para responder à nova realidade. Prova disso são os resultados de 2021 que apresentam uma clara subida face aos apresentados por este estudo. Mas para os conhecer melhor…teremos que esperar pelo novo estudo da APECOM.

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