E da água nasceu um novo vinho
Não foi a primeira vez que foi tentado a nível mundial nem sequer a primeira em Portugal, já que há uns anos foi experimentado, sem sucesso, em Foz Côa. Mas desta vez Baco esteve de acordo e permitiu que o Vinho da Água nascesse e com tudo o que precisava para ser considerado um verdadeiro néctar.
Foram oito os meses que as garrafas do vinho Conde D’Ervideira estiveram submersas no Alqueva, junto da Amieira Marina. E agora, que o processo de retirada das caixas em que estiveram a estagiar está quase concluído, o vinho – um lote de Conde D’Ervideira produzido a partir das castas Touriga Nacional, Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon – já pode ser apreciado por todos os consumidores.
Foram 32 mil as garrafas que estagiaram em caixas submersas que se juntam às restantes 13 mil garrafas que fizeram o estágio tradicional. O segredo do néctar que agora pode ser experimentado deve as suas características à diferença de pressão que se faz sentir debaixo de água. Ou não tivesse o vinho estado a 30 metros de profundidade já depois de engarrafado (no final do seu estágio em barricas de carvalho francês).
Mas o local onde as garrafas ficariam a estagiar debaixo de água não foi obra do acaso. Duarte Leal da Costa, director executivo da Ervideira, assegura que na Amieira Marina estavam reunidas as condições para que o vinho se tornasse excepcional: «Não há correntes e a temperatura da água é constante ao longo do ano.»
Na verdade, lembrou, a submersão de garrafas data já da época dos Descobrimentos quando os vinhos eram transportados em barcos e devido aos naufrágios alguns acabavam por ficar submersos até serem encontrados. «Quando encontrados, estes vinhos apresentavam melhorias consideráveis, sendo vinhos verdadeiramente únicos.» O mesmo acontece aqui, mas desta feita por vontade dos produtores. O Conde D’Ervideira Vinho da Água já está à venda e pode ser adquirido, no El Corte Inglés, por 19,50€ cada garrafa. Já o Conde D’Ervideira Reserva está cotado a 14€ a garrafa.
Texto de Maria João Lima