Porquê fazer formação em tempo de crise?

Por Luís Martins, professor do Executive Master em Marketing Management do Iscte Executive Education e Business Unit Marketing manager na Delta Cafés

A actual conjuntura global é marcada por um contexto de incerteza, volatilidade, complexidade e ambiguidade, conhecida como mundo VUCA (do inglês, volatile, uncertain, complex, ambiguous). Neste cenário, a formação é essencial para a sobrevivência das empresas e para a empregabilidade dos profissionais.

Em períodos de crise as empresas precisam de se adaptar rapidamente a mudanças inesperadas, enfrentar a concorrência e responder às necessidades dos consumidores, também elas em mudança. Para isso é necessário contar com profissionais com competências técnicas e comportamentais para lidar com novos desafios.

Nestes períodos mais desafiantes, as empresas procuram reduzir custos, melhorar a eficiência e aumentar a produtividade. Investir em formação vai contribuir para optimizar processos, reduzir erros e desperdícios, e aumentar a eficiência.

Para os colaboradores, a formação irá dar-lhes uma vantagem competitiva face aos seus pares qualquer que seja o seu objectivo. Se a estratégia for defensiva e de manutenção do emprego actual, terão, no reforço das suas competências, a sua melhor defesa. Se a estratégia for ofensiva e de transição profissional, estarão em melhores condições para agarrar novas oportunidades do que os seus concorrentes na mesma situação, que não fizeram a mesma aposta em formação.

Além disso, a formação potencia também o desenvolvimento de competências comportamentais, como inteligência emocional, liderança, trabalho em equipa, comunicação, resolução de problemas e tomada de decisão. Estas competências são cada vez mais valorizadas pelas empresas, que buscam profissionais verdadeiramente completos, não apenas na execução técnica da sua função, mas também no relacionamento a 360º dentro da organização e cujo impacto formal e informal seja de adaptação, aceleração e agilidade dentro da empresa.

Significa então que a formação não deve ser vista como um custo, mas sim como um investimento, tanto para empresas como para colaboradores.

Num mundo em constante transformação, é necessário estar sempre actualizado e preparado para lidar com as mudanças que virão.

Uma empresa que investe em formação, impacta positivamente a motivação dos colaboradores, aumenta a sua capacidade de retenção e fortalece a cultura e espírito de equipa.
Se o mundo muda, as empresas mudam, os colaboradores mudam, os consumidores mudam e os negócios mudam, então de que forma nos podemos preparar? Precisamos da formação.

A formação técnica que nos confere competências técnicas específicas de um determinado setor. Aquela que nos permitirá ser melhores no que fazemos ou nos dará a possibilidade de abrir portas para uma mudança de atividade, de sector, de vida.

A formação de competências comportamentais que nos facilita a interacção com os restantes elementos da organização onde estamos inseridos e amplia e acelera o nosso contributo para o crescimento deste ecossistema.

A formação que nos inspira, que nos expõe a contextos novos, setores diferentes, exemplos que podemos replicar ou adaptar, que nos rasga horizontes e nos permite ver com clareza e ver mais longe, e que nos torna realmente melhores a nível pessoal e profissional.

A formação que nos desafia e nos põe à prova, que testa os limites da nossa capacidade e resistência no trabalho individual e em grupo. Que nos faz superar as expectativas que tínhamos acerca de nós próprios.

A formação que nos leva a novas pessoas – professores, alunos – também eles em transformação, e nos permite impactar e ser impactado pelas realidades, os seus desafios e as suas lutas.

Sabemos que o mundo é volátil, incerto, complexo e ambíguo e que, na verdade, não sabemos o que podemos esperar a curto, médio ou longo prazo.

Sabemos apenas que haverá um ou vários momentos no futuro em que nos vamos surpreender. Mas, quando esses momentos chegarem, sabemos que a vitória será, como sempre, dos que melhor se prepararam e, por isso, a formação será sempre parte fundamental da solução.

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