Ideias para um mundo mais azul: da cerâmica de escamas ao leite de algas

Já arrancou a quarta edição do Blue Bio Value, programa de aceleração que tem como missão alavancar startups ligadas à bioeconomia azul. Portugal é um dos 10 países participantes, sendo a origem de quatro das 18 startups envolvidas.

Promovido pela Fundação Oceano Azul e pela Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a Bluebio Alliance e dinamizado pela Maze, o programa de aceleração tem a duração de sete semanas e garante o acesso dos empreendedores a mais de 50 mentores. No final, as startups que mais se destacarem têm acesso a um prémio final de 45 mil euros.

No total, a edição deste ano recebeu 80 candidaturas de 28 países, o que, de acordo com a organização, evidencia o crescente dinamismo do sector.

No que à participação de Portugal diz respeito, as soluções seleccionadas vão desde os produtos capilares com base em ingredientes naturais da Ria Formosa desenvolvidos pela Fhair aos recifes artificiais da Blue Oasis Technology.

A Sensefinity, por seu turno, apresenta uma rede de sensores inteligentes para divulgar a localização de embarcações e dados sobre a captura de peixe em tempo real. Por fim, a N9ve usa a capacidade de biossorção de microalgas verdes para recuperar neodímio de ímanes permanentes e, assim, produzir óxido de neodímio usado em televisões e lasers para equipamentos de alta potência, entre outros.

A nível internacional, há também propostas como cerâmica feita de escamas de peixe, leite de origem vegetal preparado a partir de algas ou bioplásticos para substituir embalagens.

«Ao oferecer soluções inovadoras que não degradam a natureza e contribuem para a descarbonização da economia, as startups aceleradas no Blue Bio Value são uma prova de que um novo modelo económico é possível. O caminho da mudança passa por construir uma economia azul sustentável, renovável, neutra em carbono e sem resíduos», afirma Ana Brazão, gestora deste projecto na Fundação Oceano Azul.

Já Filipa Salsanha, sub-directora do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável da Fundação Caloust Gulbenkian, sublinha como o número de candidaturas e a criatividade das soluções apresentadas revelam o interesse na biotecnologia. Em comunicado, diz que «é uma área, um modelo que vale a pena incentivar».

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