Hoti Hotéis vai construir 80 apartamentos de luxo na Avenida da Boavista

O Grupo Hoti Hotéis, que no mercado português representa as marcas Meliá, Tryp, Moxy e Star Inn, anunciou que vai entrar no segmento residencial de luxo com um investimento que rondará os 110 milhões de euros em três projectos de apartamentos.

Será já a partir de 2023 que o quarto maior grupo hoteleiro do mercado nacional (em receitas) espera estrear-se no segmento residence, tendo cerca de 55 mil metros quadrados de área de construção para desenvolver. O primeiro empreendimento ficará localizado na Avenida da Boavista, no Porto, e será composto por cerca de 80 apartamentos destinados à classe alta, num investimento de 30 milhões de euros.

O projecto na Invicta conta com 14 mil metros quadrados de área de construção e poderá estar concluído até ao final do próximo ano, «dependendo de como correr o processo de licenciamento», conforme anunciou Ricardo Gonçalves, administrador da Hoti Hotéis com o pelouro da área de Expansão, numa apresentação aos jornalistas, escusando-se para já a adiantar detalhes sobre os outros dois projectos residenciais que estarão a ser preparados.

Por definir está também o nome da marca que vai operar no segmento residencial. Não obstante, Miguel Proença, CEO da Hoti Hotéis, garante que «no segmento residence, a ideia é que o posicionamento seja equiparável aos hotéis do grupo ao nível da qualidade, do design, do serviço e da perspectiva de qualidade do produto.»

Além da entrada no negócio imobiliário, a Hoti Hotéis tem prevista a inauguração de cinco novos hotéis até 2025, num investimento que deverá absorver cerca de 100 milhões de euros. Porto (com a abertura de um hotel da marca Meliá na Avenida da Boavista), São João da Madeira, Aveiro (com a inauguração de um Star Inn em frente ao já existente Meliá Ria Aveiro), Famalicão e Braga são as localizações escolhidas para estes projectos.

Além destes cinco hotéis, a empresa prevê a abertura de mais três unidades até 2027 – incluindo um hotel em Guimarães, que resulta de um contrato de gestão – e tem ainda dois projectos em standy por questões burocráticas, em Lisboa (no Rato) e Monte Gordo (Algarve), onde tem mais de 10 milhões de euros investidos em conjunto com a Meliá Hotels International.

Em termos de expansão internacional, o enfoque da Hoti Hotéis está na entrada na Galiza, em Espanha. «Temos meia dúzia de oportunidades e andamos a ver, mas sem qualquer tipo de pressão. Tanto podemos fechar negócio para a semana, como podemos nem nos comprometer com nada em 2023», ressalvou Ricardo Gonçalves.

Contas feitas, entre o negócio core (hotelaria) e a entrada no segmento residencial, a Hoti Hotéis espera investir cerca de 210 milhões de euros nos próximos anos. Neste momento, a cadeia hoteleira tem um portefólio de 18 unidades e um total de 2900 quartos, sendo o terceiro maior grupo no mercado português em número de quartos, a seguir aos grupos Pestana e Vila Galé.

Resultados recorde

Depois de anos conturbados, o sector nacional do Turismo vive agora um bom momento e a Hoti Hotéis não é excepção. De acordo com o CEO, Miguel Proença, o grupo espera fechar o ano de 2022 com um volume de negócios superior a 82 milhões de euros, um novo recorde, bem como um resultado líquido de 33 milhões de euros. Estes números confirmam que o grupo português já está a crescer acima do período pré-pandemia, em 2019, quando tinha registado um volume de negócios de 74 milhões de euros e um lucro de 32 milhões de euros.

Apesar de tudo, o grupo espera uma ligeira quebra da ocupação média (70% em 2022 versus 71% em 2019), o que significa que este crescimento fica a dever-se sobretudo à subida do preço médio por quarto ocupado, para 72 euros. «O ano foi marcado, acima de tudo, por termos conseguido incentivar uma subida do preço médio. Fechamos com um nível de ocupação ligeiramente mais baixo do que 2019, o que quer dizer que se deve sobretudo a uma subida do preço médio», afirmou Miguel Proença.

O Grupo Hoti Hotéis aproveitou o período pandémico para realizar algumas obras de melhoramento e valorizar assim a sua oferta. Desde 2019, três hotéis da rede Meliá foram renovados, nomeadamente em Castelo Branco e em Lisboa, na zona do Oriente e junto ao aeroporto (que anteriormente operava sob a marca Tryp). No total, o grupo investiu cerca de 8 milhões de euros na renovação destas três unidades, que agregam 470 quartos, não estando prevista obras de remodelação noutras unidades do grupo.

Num encontro com jornalistas, Miguel Proença abordou ainda as dificuldades que o sector tem sentido em captar e manter recursos humanos e garantiu que a Hoti Hotéis tem feito um esforço no sentido de subir a média salarial. «Desde 2019, em resultado daquilo que tem sido a escassez de recursos [humanos], temos um aumento do custo com pessoal, per capita, na ordem dos 40%, sendo que uma parte reflecte-se também no aumento de salários», referiu o CEO, Antes da pandemia, a Hoti Hotéis tinha cerca de 970 colaboradores. No início deste ano, a cadeira hoteleira tinha 790 colaboradores, mas ao longo do ano conseguiu estabilizar os recursos nesta área e, neste momento, tem mais ou menos o mesmo número de colaboradores que tinha em 2019.

Quanto a previsões para 2023, a Hoti Hotéis estima atingir um novo volume de negócios recorde, na ordem dos 89 milhões de euros.

Texto de Daniel Almeida

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