“Freelancer do Dia CCP by Marketeer”: Laura Alves

É difícil sobressair por entre dezenas de currículos. A partir de certa altura, os nomes confundem-se e aquele que poderia ser o par perfeito para um projecto na calha acaba por fugir. Partindo do directório lançado pelo Clube Criativos Portugal (CCP), a Marketeer propõe conhecer melhor alguns dos talentos freelancers nas áreas da criatividade e comunicação.

Laura Alves (copywriting, produção de conteúdos e revisão) é a mais recente protagonista da rubrica “Freelancer do Dia CCP by Marketeer”, que apresentará, duas vezes por semana, exemplos de quem decidiu aventurar-se por conta própria.

Qual é o trabalho de que mais te orgulhas?

Ao longo de quase uma década a trabalhar como freelancer são já muitos os trabalhos dos quais me orgulho — sendo que por vezes são os projectos mais pequenos ou menos mediáticos que nos dão um prazer especial, pela liberdade que permitem.

Mas pelo desafio incrível que representou, e pelo resultado final, vou referir o trabalho de comunicação em várias frentes que desenvolvi durante alguns meses na Fundação Oriente e Museu do Oriente em 2018. Tratava-se do 30.º aniversário da Fundação e 10.º aniversário do Museu e estive responsável pela planificação e produção de todos os materiais de divulgação do extenso programa de actividades, exposições e espectáculos de comemoração, bem como do contacto com os media.

Associada a estas comemorações, esteve patente no museu uma exposição do escultor José de Guimarães — Um Museu do Outro Mundo —, da qual foi produzido um catálogo, também com a minha colaboração.

Foram meses de trabalho bastante intenso, mas ao mesmo tempo bastante gratificante, em que tive oportunidade não só de conhecer a fundo todo o magnífico espólio do museu, mas também de imprimir uma certa leveza, criatividade e dinâmica na forma como aquela efeméride tão importante foi comunicada para o público.

Qual é o projecto que queres fazer a seguir?

Gostaria de poder vir a desenvolver mais projectos na área da mobilidade — sendo que conto já com alguns no meu portefólio e desenvolvo actualmente conteúdos para um projecto da Škoda sobre o uso da bicicleta, a versão portuguesa do site We Love Cycling. Sendo a mobilidade e o uso da bicicleta como meio de transporte temas que me dizem muito pessoalmente, no futuro gostaria de vir a desenvolver mais projectos profissionais nesta área, colocando também este tema na ordem do dia das marcas e empresas.

Porque é que te devem contratar?

Porque, além de ser uma moça simultaneamente espirituosa e profissional, tenho mãos desembaraçadas e olho para o detalhe. Também faço más piadas, mas essa parte só costumo revelar depois de ser contratada.

Como vês a situação actual?

O último ano foi duro para muitos freelancers, em especial das áreas artísticas. No meu caso não me vi muito afectada profissionalmente, embora tenha tido alguns projectos suspensos ou adiados. Fui afectada, isso sim, nas minhas rotinas e processos de trabalho. Uma vez que já trabalhava em casa, o confinamento não foi uma grande disrupção para mim; contudo, passei a ter outras pessoas em teletrabalho ou em estudo no meu ambiente, o que teve o seu custo em termos de concentração e produtividade.

Penso que a maioria das pessoas que passou a trabalhar em casa terá passado por isso, bem como por um processo de aprendizagem acerca da disciplina necessária para o fazer. Obviamente, sem aqueles escapes sociais como uma simples saída à noite, um concerto ou um encontro com amigos, a criatividade e o fluxo de ideias para novos projectos saíram também prejudicados. Muitos freelancers que trabalhavam em espaços de coworking, com o fecho destes locais viram limitadas as suas redes de contactos e criação de oportunidades de trabalho. Mas nestes tempos adversos, se há quem consiga reinventar-se, é um freelancer.

Desde quando és freelancer e porquê essa decisão?

Sou freelancer desde 2012. Não aconteceu de forma deliberada ou planeada, mas como reacção natural ao facto de ter ficado desempregada na altura (trabalhava desde o ano 2000 na área do jornalismo e comunicação). Em 2012, juntei-me a um espaço de coworking e teve início um extraordinário processo de aprendizagem e construção de redes de amizades — com outros
freelancers e microempresas — que foram determinantes para me definir enquanto freelancer e, claro, começar a construir uma carteira de clientes e um portefólio na área da produção de conteúdos.

Quais as vantagens e desvantagens de ser freelancer?

A liberdade de horários e de processos será sempre a maior vantagem de ser freelancer. Tal como a possibilidade de trabalhar em projectos muito diferentes em forma e conteúdo. Como desvantagens, alguma falta de segurança, obviamente — a possibilidade de não ter trabalho durante algum tempo exige planeamento e resistência. E depois temos o lado menos romântico de ser freelancer: porque se trabalha geralmente sozinho, temos também de ser os nossos próprios gestores de recursos humanos, psicólogos, orientadores motivacionais e contabilistas. E, por vezes, com aquele cliente difícil, cobradores.

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