Enquadramento: Cinema com saldo positivo

O CES, considerado o evento tecnológico mais influente do mundo, voltou ao seu espaço físico, em Las Vegas, no início do ano, para se revelar uma das maiores edições já realizadas. Depois do período de pandemia, a grande feira de tecnologia cresceu 70% relativamente à edição de 2022.

O evento destacou as várias inovações nos campos da sustentabilidade, dos transportes e mobilidade, da saúde digital, do metaverso e muitos outros desafios do mundo tecnológico. Mas um dos pontos fortes da feira continua a ser as grandes novidades na área dos televisores, projectores e monitores, que contribuem activamente para novos conceitos de cinema em casa.

Televisores maiores e mais inteligentes, novas tecnologias para imagens mais realistas e cores mais vibrantes, colunas minimalistas para um som mais envolvente, modelos personalizáveis para uma decoração adaptada ao gosto do utilizador e uma maior eficiência energética continuam a ser as variáveis mais importantes para os grandes fabricantes, que aproveitam este evento para revelar a sua mais recente tecnologia de consumo.

Depois dos ecrãs flexíveis, tecnologia OLED e resolução 8K, este ano foram apresentados novos modelos MicroLED, televisores OLED e smart TV sem fios com resolução 4K, que recebem os sinais através de um equipamento similar a uma TV box, ou através de uma bateria recarregável, assim como novos modelos com tecnologia Quantum Dot (que transforma a luz em mais de mil milhões de tons para dar vida à imagem). A integração da inteligência artificial para apurar a qualidade da imagem, de acordo com as preferências mais comuns do consumidor, foi outro dos highlights, assim como projectores com capacidade para gerar imagens de 150 polegadas, com resolução 8K.

PARA LÁ DA TECNOLOGIA

Televisores que ficam transparentes, para que a vista para o exterior não seja prejudicada, outros que facilmente se transformam em quadros de obras de arte (por exemplo, OLED Gallery Design e Samsung Frame) quando não estão a cumprir a sua função de entretenimento, ou modelos personalizáveis que se adaptam à decoração da sala de estar, são outras das possibilidades com que a tecnologia tem contribuído para uma nova forma de encarar o cinema em casa.

Mas estes novos televisores não apresentam apenas imagens mais nítidas e realísticas à sua experiência de cinema em casa. O acesso facilitado aos conteúdos de internet ou plataformas de streaming é igualmente indispensável. Estrategicamente, algumas marcas integram as plataformas de streaming de forma nativa, criando exclusivos, como a LG, que apresentou no início do ano a sua parceria com a Pluto TV. Para uma ideia global do número de subscritores a nível mundial, em 2021, e segundo dados de um estudo da Market Research Reports, a Netflix tinha 214 milhões de subscritores, contra 175 da Prime Video, 118 da Disney Plus e 20 da Apple TV.

Numa altura em que a sétima arte está em festa, com a temporada dos principais prémios a atingir o seu auge na entrega dos Óscares da Academia, não é demais celebrar, também, o saldo positivo de 2022 nas salas de cinema portuguesas. De acordo com o relatório de Janeiro (de 2023) do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), entre Janeiro e Dezembro de 2022, observou-se um aumento significativo de receita bruta (mais 80,8% do que no ano anterior) e do número de espectadores (9 595 884), um aumento também na ordem dos 75,1% face ao período homólogo. “Top Gun: Maverick”, de Joseph Kosinski, foi o filme mais visto nas salas portuguesas em 2022, com 715 197 espectadores, ao passo que, no cinema nacional, o grande vencedor foi “Curral de Moinas – Os Banqueiros do Povo”, de Miguel Cadilhe, com 314 285 espectadores.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Cinema e Cinema em Casa”, publicado na edição de Março (n.º 320) da Marketeer.

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