Direct-to-consumer prepara empresas para o direct-to-avatar

Por Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt

Nos últimos dois anos as mudanças têm sido uma constante e exigiram uma adaptação tanto dos consumidores como das industrias. Hoje, os consumidores são globais e quando se fala de comportamento de consumo percebemos que a distância entre o consumidor e as marcas precisa de ser encurtada.

As empresas que não forem capazes de dar este salto, ficarão numa posição mais fragilizada para fazer face às necessidades dos consumidores do presente e dos consumidores do futuro.

O consumo, que sempre foi visto como um acto egoísta, é agora uma acção que está directamente conectada com o posicionamento e ideais das empresas. Os consumidores estão mais conscientes dos impactos que as marcas deixam no meio ambiente ao longo da cadeia produtiva. Já não procuram a melhor empresa do mundo, mas sim a melhor empresa para o mundo. Questões como a diversidade, a inclusão e a voz activa dos líderes na defesa de valores com os quais os consumidores se identifiquem tornaram-se tão importantes quanto o produto em si. E isto, a par do crescimento exponencial das vendas online, que pressionou as empresas a reformularem-se bem como a aprofundarem o relacionamento com os seus consumidores.

No fundo, o grande desafio é entender qual será o comportamento do consumidor do futuro. Já sabemos que o consumidor vai exigir das empresas mais flexibilidade, mais resiliência e mais criatividade e que as novas gerações são tridimensionais e se uma empresa mantiver o seu pensamento binário vai ter mais dificuldade em comunicar para estes novos consumidores.

Os últimos dois anos aceleraram os processos, porque não havia alternativa, ou seja, ou as empresas se adaptavam e abraçavam a tecnologia ou fechavam portas. As empresas foram obrigadas a apostar numa presença digital forte, mesmo aquelas que estavam mais reticentes em dar esse passo. E essa necessidade, que surgiu sem aviso prévio impulsionou aquilo a que se chama de direct-to-consumer (DTC) que, como o nome indica, tem na sua génese comunicar directamente com os consumidores, sem a existência de intermediários.

A vantagem do DTC é óbvia: O foco nos clientes. O objectivo deste foco é criar a tão almejada lealdade dos clientes para com as marcas. Quanto melhor for a experiência do consumidor mais longa será a sua ligação com a marca.  Algumas marcas já nasceram digitais e com esse acesso directo ao consumidor, outras escolheram o retalho, com operações próprias ou criando modelos de negócios inovadores e focados em traduzir o conceito da marca além do portfolio completo da indústria, numa relação directa e de valor com os consumidores.

O direct-to-consumer permite que empresas mais pequenas consigam competir com empresas maiores e que consigam crescer mais rapidamente através deste modelo.

A proximidade e a relação desenvolvida entre marca e consumidor originam uma sensação de se sentir acarinhado e respeitado, criando uma conexão emocional com a marca e essa conexão é muito mais difícil de quebrar. Exigem mais experiência com a marca, mais transparência e customização no atendimento.

Se tivesse de projectar o futuro diria que a familiarização com o direct-to-consumer é um ponto de partida essencial para dar o passo para o direct-to-avatar – olá, metaverso! -, do qual já se fala e que vai continuar a crescer. Mas uma coisa de cada vez.

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