Pequena antologia de contracitações para powerpoint

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Dominar o powerpoint e as citações são uma competência nova da nossa profissão, tanto como ter ideias, conseguir vendê-las e saber produzi-las. Apresentação que brilha abre e fecha com verbatins inspiradores, sendo a tendência mais comum escrever algumas frases na forma de aforismo, onde se dita que o futuro da publicidade é o digital/a socialmedia/a guerrilha/o QR-Code/o ARG/o 3D/a TV interactiva/as aplicações/o videomapping/o mobile, levando quem lê a concluir que é impossível pensar de outra forma.

Daí a necessidade de escrever estas linhas. Concordo que a publicidade também é, agora, este mundo de coisas novas. Mas se queremos persuadir muita gente a comprar o nosso produto, ainda está por descobrir uma técnica com melhores resultados que o bom velho filme de 30”.

Por isso aqui fica esta pequena antologia de citações do Bob Hoffman, o autor do Ad Contrarian, um blogue americano de publicidade orgulhosamente do contra. Quem precisar de escrever um powerpoint defendendo uma campanha de publicidade tradicional tem aqui citações do Hoffman para usar e abusar, sugestão válida também para quem precisar de desarmar a necessidade de criar uma página de Facebook de marca para a qual não há assunto, ou questionar a eficácia de uma enorme campanha de banners em meia dúzia de slides.

Se as citações que reproduzo aqui não chegarem, procurem nos livros dele e no blogue, há muitas de onde estas vêm.

Pequena Antologia de Contracitações de Bob Hoffman

#1 “Há duas coisas que entusiasmam os consumidores online: ligarem-se entre si e ficarem com algo nosso a troco de nada.”

#2 “Até agora, só houve um tipo de publicidade online claramente de sucesso: a pesquisa. Mas a pesquisa satisfaz a procura, não cria procura.”

#3 “Que raio de valor tem um fã no Facebook?”

#4 “Há um preço alto a pagar pelo sucesso em social media. Chama-se publicidade tradicional.”

#5 “O ser humano não é uma máquina lógica. Mas a emoção é uma resposta, não é um estímulo.”

#6 “Lembra-te por que é que as pessoas compram coisas: as pessoas gastam dinheiro para comprar coisas que acham que as vão fazer sentir bem.”

#7 “A força mais poderosa do marketing não é o preço, a qualidade, a distribuição, a publicidade ou o branding: é a resistência à mudança.”

#8 “As pessoas não querem interagir com anúncios.”

#9 “A publicidade no seu melhor é um mal menor. A ideia de que as pessoas vão voluntariamente interagir com as marcas é uma fantasia propagada pela ingenuidade e pela ideologia.”

#10 “A publicidade é fundamentalmente persuasão e a persuasão não é uma ciência, é uma arte” (roubada ao Bill Bernbach, 1947).

#11 “Não convencemos ninguém a experimentar o nosso produto convencendo-os a amar as nossas marcas. Levamo-los a amar as nossas marcas, convencendo-os a experimentar o nosso produto.”

#12 “A publicidade da Apple é quase sempre sobre benefícios de produto e diferenciação. Grandes produtos fazem de qualquer marketeer um marketeer genial. Grandes agências fazem de qualquer marketeer um marketer genial.”

#13 “Há coisas que acontecem sem razão. Já vi campanhas brilhantes, estrategicamente perfeitas e bem produzidas falharem redondamente. Já vi campanhas estúpidas resultarem como um milagre. Às vezes, toda a nossa lógica não funciona.”

#14 “O melhor trabalho criativo acontece quando o verdadeiro decisor e o verdadeiro líder criativo têm uma boa relação e trabalham juntos. O pior trabalho criativo é sempre o resultado de camadas de pessoas a supervisionar camadas de pessoas.”

#15 “É impossível isolar o efeito da publicidade de todas as outras variáveis.” Ou seja, criemos bons produtos, dêmos-lhes assunto, trabalhemos para a diferenciação, procuremos resultados, preparemo-nos para falhar.

Mais filosofia do contra e alguns números a seu favor no blogue de Bob Hoffman em http://adcontrarian.blogspot.pt/.

Texto Susana Albuquerque, Creative director da Lintas

Fotografia  Paulo Alexandrino

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