YesDoc: A app que quer massificar as consultas à distância

No sector da Saúde, uma das áreas que mais tem vindo a crescer desde o início da pandemia de Covid-19 é a da telemedicina. Agora, há um novo serviço que vem contribuir para tornar esta tecnologia mais acessível: chama-se YesDoc e é uma plataforma portuguesa que permite a realização de teleconsultas, com recurso a vídeo e som.

De download gratuito, a app permite aos utilizadores escolherem o médico ou especialidade e procederem à marcação de uma consulta de acordo com a sua disponibilidade. Neste momento, a plataforma conta com 22 médicos, de especialidades como medicina geral e familiar, pediatria, psiquiatria, ginecologia, cardiologia, entre outras. Além da realização de teleconsultas, a plataforma permite a prescrição de exames, o envio de análises, pagamento, facturação, entre outras funcionalidades.

Em entrevista à Marketeer, António Pina, CEO da YesDoc, explica as vantagens da plataforma e aborda o futuro da telemedicina na fase pós-pandémica.

António Pina, CEO da YesDoc

O que motivou a criação da YesDoc e com que objectivos?

A YesDoc nasce da ideia de associar medicina e novas tecnologias, propiciando uma solução que permita a realização de consultas médicas à distância, através de vídeo e som, evitando toda a logística inerente a uma consulta presencial, sem negligenciar a qualidade. A solução foi construída de raiz, em estreita colaboração com a classe médica, tratando-se de uma verdadeira startup criada e desenvolvida por profissionais portugueses.

Os objectivos passam por permitir, aos pacientes, o acesso a determinadas especialidades médicas, sem listas de espera e dispêndio dos custos/tempo associados a uma deslocação; conciliar o horário de trabalho com a hora da consulta, evitando sobreposições ou deslocações desnecessárias; evitar aglomerados de pessoas em salas de espera ou transportes públicos; e uma alternativa às deslocações para pessoas que têm dificuldades de locomoção, como, por exemplo, os idosos.

Já aos médicos, queremos dar-lhes a possibilidade de exercerem a sua profissão sem custos associados de infra-estrutura e pessoais, aumentado o potencial de chegarem as mais pacientes e sem necessidade de estarem localizados nos grandes centros urbanos.

Quais as principais funcionalidades da aplicação?

Através da plataforma YesDoc, os médicos fazem a gestão individual da sua agenda e durante a consulta interagem com o paciente, através de videoconsulta, utilizando as ferramentas disponíveis que permitem, entre outras valências, o envio em tempo real de exames médicos. A plataforma tem também integrados os pagamentos e a emissão de recibos, bem como o envio para os pacientes de requisições de exames médicos e prescrição de medicamentos.

Através da app YesDoc – a qual é gratuita e não obriga ao pagamento de qualquer mensalidade ou fidelização a qualquer serviço -, os pacientes poderão escolher o médico ou especialidade e proceder à marcação de uma consulta de acordo com a sua disponibilidade.

Os processos são simples e somente dependem da ligação de médico e paciente a um ponto de internet.

Que parceiros (e acordos) se juntam a este projeto?

A YesDoc acaba de celebrar dois meses de actividade e tem vindo a trabalhar na celebração de acordos e parcerias, as quais serão anunciadas à medida que se forem concretizando.

Neste momento, a plataforma tem a adesão de 22 médicos de diversas especialidades, como, por exemplo, medicina geral e familiar, pediatria, psiquiatria, ginecologia/obstetrícia, cardiologia, medicina interna, ortopedia, reumatologia e gastrenterologia. Dentro deste grupo de médicos, existe uma equivalência entre o número de mulheres e homens, bem como um equilíbrio em termos de profissionais com residência dentro e fora dos grandes centros urbanos.

Quais os resultados até ao momento?

No espaço de dois meses, a app YesDoc já registou um número bastante significativo de downloads, tendo neste momento mais de 2000 utilizadores registados, quer na Google Play, quer na Apple Store.

Esperamos ter em finais de Agosto de 2022, ou seja, quando celebrarmos um ano de actividade efectiva, mais de 10 mil vídeoconsultas realizadas.

Como antevêem o futuro da telemedicina na fase pós-pandémica no mercado português?

Provavelmente ninguém teria a noção que já se haviam realizado no Serviço Nacional de Saúde, desde o início da pandemia, cerca de 10 milhões de consultas à distância (maioritariamente consistindo num telefonema). Embora esta alteração de paradigma decorra de uma necessidade excepcional, já antes havia sido demonstrada a eficácia de uma consulta médica não presencial e a sua prática já era de algum modo significativa, sobretudo no sector privado.

Com efeito, segundo um estudo divulgado pela Associação Portuguesa da Telemedicina em Abril deste ano, antes da pandemia a maioria (85%) dos profissionais de saúde não realizava consultas à distância. Durante a pandemia, 94% fá-lo regularmente e 70% admite querer continuar a realizar teleconsultas no futuro.

Na verdade, comprovada a eficácia de uma consulta à distância e tendo Portugal uma vasta rede de internet e uma das maiores taxas de utilizadores de smartphones, tudo leva a crer que teremos, a curto prazo, um incremento muito expressivo dos números que inicialmente referimos, sobretudo com recurso a sistemas de vídeo e som, incluindo outras valências que permitam uma maior interacção entre médico e o paciente.

Texto de Daniel Almeida

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