Uma intensa viagem pelo Mundo

A proposta é completamente diferenciadora. E isso percebe-se mal se passa a porta de entrada e se entra no espaço, com o seu ar misto de underground, industrial e trendy. Ou não quisesse o Mundo ser um restaurante que abriga os quatro cantos… do mundo

Texto de M.ª João Vieira Pinto

Em Novembro, a Marketeer foi ao Porto em reportagem. Mesmo ficando só dois dias, impunha-se jantar. Pedimos ideias e sugestões a amigos, consultámos sites e lemos críticas publicadas. Pelo meio, alguém nos disse que tínhamos que ir ao Mundo. Hesitámos, até nos convencerem com um “não podem perder e eu vou com vocês!”. Claro que guardámos bem guardados todos os nomes e referências que nos tinham chegado antes, até porque a vontade de regressar ao Porto é constante!

Quarta-feira à noite – talvez o único dia em que choveu a sério em Novembro e depois de horas e horas de entrevistas e visitas a empresas – deixámos o hotel para trás e fomos. Mais concretamente até à Rua da Picaria, bem na zona da nova “movida” da cidade. O que viesse a seguir tinha que cumprir. E cumpriu. Bem!

Há um mundo antes e depois do… Mundo!

Antes, era um entreposto comercial que no séc. XVIII abastecia a cidade de bens agrícolas e transportava pessoas de e para o Grande Porto. Agora, e depois de todo o investimento dos dois sócios Carlos Bravo e José Ribeiro, apresenta-se como espaço cosmopolita e onde a cozinha sob consultoria do chef João Lameiras se quer, claro, do Mundo. Ou não passasse a proposta por combinar, no mesmo prato sabores e ingredientes de diferentes geografias.

A carta não é curta, e como a maioria das sugestões é para partilhar, preferimos entregar-nos às sugestões de quem sabe e serve. A partir daí, foi uma verdadeira viagem. Acompanhe!

Para testar as primeiras reacções, chegou à mesa um atum marinado com amendoim, líchias e folha de arroz. Não torça o nariz porque foi das melhores fusões da noite. Seguiu-se um tataki de presa de porco ibérico, com foie gras raspado, chutney de tomate e nori, e coberto de arroz frito. Aqui, passei, seguindo ao máximo a máxima de que tudo é para partilhar no Mundo. Mas quem provou, aprovou.

Ainda em jeito de entradas foram apresentados uns dumplings ao vapor de vieira, camarão e chouriço combinados com raspa de lima e ceboleto. Uma combinação pouco efusiva mas que aconchega, e que antecedeu um pavé de batata frito em creme de cebola caramelizada, gema bt com soja, ceboleto e alga nori. Forte mas que apetece repetir. Em noite de quase Inverno, casou na perfeição.

Claro que podíamos ter ficado por aqui. Mas, não! O chef fez questão que experimentássemos dois dos pratos que mais procura têm tido. E nós fizemos o esforço de tentar perceber porquê. Chegariam então uns noodles udon no wok com gambas e shitake em molho okodomi, nori e katsuobushi – no ponto e em perfeita harmonização de sabores – e, para finalizar, um ssam de porco com molhos do mundo, alfaces e crepes.

Bem, não seria exactamente para finalizar, porque aqui também há sabores multiculturais em jeito de doces. Foi o caso de uma pannacotta de chocolate branco com calda de framboesa e água de rosa, granizado de lichia e framboesa lyo, mais um ceviche de fruta – morango, abacaxi, manga, abacate, batata-doce – com sorvete de lima-hortelã e leche de tigre, e, por fim, de uns churros com pós e dips num cremoso de chocolate negro e pimenta rosa, toffee de especiarias e cremoso de chá!

Ainda não está convencido por este roteiro por diferentes destinos e culturas gastronómicas? Nós, ficamos!

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