Um Regresso Mais Digital

Por Sandra Lopes, da Assembly

Após dois anos atípicos, o mundo aproxima-se cada vez mais de uma realidade próxima do que nos era familiar. Porém, intitular o que se avizinha de um regresso à normalidade seria errado. Regressam rotinas, regressamos ao trabalho, regressamos à escola, regressa o movimento nas ruas, contudo, todos estes regressos são marcados por pequenas grandes diferenças que impedem a vida de ser exactamente como era antes. Não será um regresso, mas um avanço. Afinal, é da mudança que o ser humano vive e prospera.

O mundo parou fisicamente, mas a adversidade vivida foi também a grande propulsora de uma revolução tecnológica e digital que já estava a acontecer. A escola viu-se forçada a encontrar alternativas ao formato tradicional mais comum até então. Foi preciso conhecer aplicações novas, partilhar descobertas e explorar o que o digital tem para oferecer. Além do ensino, as empresas viram-se forçadas a adquirir novos modelos de trabalho, aprendemos a ser mais flexíveis e que havia processos que podiam ser simplificados através da tecnologia. Foram desenvolvidas inúmeras aplicações, agilizados diversos processos e tudo (ou quase tudo) se tornou acessível online. Se anteriormente estávamos todos ligados, hoje esta rede intensificou-se e, para isso, a necessidade de empregos relacionados com o universo digital, com tecnologia e programação aumentou exponencialmente.

Este boom de avanços a nível do mercado vem também acentuar cada vez mais a importância que a literacia digital tem no presente e no futuro de qualquer jovem.

Hoje em dia, é impossível imaginar o nosso dia-a-dia sem tecnologia, simplesmente porque ela é praticamente omnipresente nas nossas vidas e, talvez por isso mesmo, muitas vezes temos tendência em acreditar que as nossas crianças e jovens são peritos no universo digital. Afinal, desde bebés que conseguem desbloquear os telemóveis dos pais e demonstram destreza e desinibição em interagir com novas tecnologias, certo?

Na realidade, o Estudo Internacional sobre Literacia Informática e da Informação (ICILS) revela que em 9 dos 14 Estados-membros que participaram, um terço dos seus jovens não demonstrou ter competências digitais essenciais. Assim, o nosso ensino parece que fica sempre muito atrás dos avanços tecnológicos e digitais e talvez esta aptidão natural da criança acabe por não ser fomentada e fique limitada ao longo dos anos.

O ensino foi definitivamente forçado a progredir rapidamente nos últimos dois anos, porém ainda fica aquém das necessidades do mundo empresarial. Abismo esse acentuado pelo crescimento digital recente. Em vez de formar os jovens para que se sintam confiantes e preparados para conquistar o mundo, o ensino frequentemente deixa-os com poucas bases e dependentes das suas próprias circunstâncias para procurar o que lhes falta.

Deste modo, é urgente não permitir que as nossas crianças percam anos valiosos na construção do seu conhecimento com o mundo de hoje que, na altura que forem adultos, será cada vez mais avançado tecnologicamente. Se permanecerem constantemente a adquirir somente bases, sem estímulos que promovam a curiosidade, a exploração e o pensamento crítico, quando encontrarem a sua realidade do mundo de trabalho vão também permanentemente sentir-se desajustados e que a escola falhou.

Assim sendo, o que devemos procurar não é exactamente um “regresso à normalidade”. O que devemos é fazer limonada após dois anos azedos e analisar verdadeiramente as competências tecnológicas exigidas pelo novo mercado de trabalho e como melhor podemos preparar as nossas crianças e jovens para o futuro, hoje.

Um exemplo de preocupação com as discrepâncias entre o ensino e o mercado profissional é a Assembly, que acompanha os seus alunos desde o momento que iniciam o seu percurso e prepara-os para o desafio tecnológico que irão encontrar profissionalmente. Propõe uma metodologia de aprendizagem integrada, assente na tríade de conhecimentos teóricos, desenvolvimento prático e experiências recreativas.

Acredito que é esta visão do presente e do futuro, da pessoa e da máquina, que permitirá aos jovens sentirem-se cada vez mais aptos e mais confiantes para conquistar todas as etapas da sua vida profissional.

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