Turismo: será 2021 o ano do regresso?
Por Gonçalo Rebelo de Almeida, Administrador da Vila Galé Hotéis
Chegados ao fim de 2020, e após o pior ano de que há memória em termos de turismo a nível mundial, entramos num novo ano cheios de esperança e expectativas para 2021.
Todos os sectores foram afectados pela pandemia, mas poucos sofreram perdas superiores a 70% nas vendas, como aconteceu com a hotelaria, aviação, operadores e agências de viagens ou empresas de eventos e animação turística. Muitas das empresas destas áreas apresentarão, provavelmente pela primeira vez, resultados negativos, mesmo com o recurso às medidas de apoio à economia.
Ao longo do ano de 2020, fomos ouvindo opiniões de que se deveria aceitar e adaptar ao “novo normal”, “reinventar” o negócio ou apostar na “transformação digital”. Sejamos honestos – não é possível compatibilizar o turismo com a pandemia.
Quando se pediu à população mundial para evitar o contacto social, para não circular, para ficar em casa nos momentos de lazer e trabalho, foi o mesmo que dizer suspendam a actividade turística, pois na sua essência ela depende da circulação das pessoas e do contacto social.
Neste cenário, o sector procurou (e ainda está a procurar) viver em modo de sobrevivência, promovendo serviços quando o alívio de medidas o permitiu, implementando medidas de segurança adicionais, lançando alguns serviços novos e adicionais. Infelizmente ainda será neste modo de sobrevivência que vão ser vividos os primeiros seis meses do ano.
Tendo sido uma importante conquista a aprovação das vacinas, os planos que foram tornados públicos em diversos Estados da União Europeia apontam para um período de vários meses para que as vacinas possam ser ministradas e se consiga atingir os 70% da população, que previsivelmente irão assegurar a imunidade de grupo.
Até lá, quase todas as instituições recomendam a manutenção de medidas restritivas e de segurança que irão continuar a ter impacto negativo nos fluxos turísticos.
É efectivamente expectável que o ano de 2021 seja melhor do que 2020 (pior é difícil!!), mas o regresso às viagens será paulatino ao longo do ano, começando naturalmente pelo regresso do turismo interno em Abril e Maio e possivelmente a retoma de alguns fluxos internacionais no Verão.
Os apoios públicos serão fundamentais, pelo menos no primeiro semestre, e as empresas deverão concentrar os seus esforços a melhorar o seu produto, a dar formação às suas equipas e a preparar bons planos de comunicação para que possam estar devidamente preparadas para o fim da “suspensão forçada” da actividade.
A melhor notícia é que o desejo de viajar, de novas experiências, de contacto social, não se perdeu e assim que haja condições teremos a árdua tarefa de recuperar e conquistar os consumidores, que serão disputados por todos os destinos no mundo.
Artigo publicado na Revista Marketeer n.º 294 de Janeiro de 2020