Start-up portuguesa pleez ambiciona ser o principal player mundial de gestão de dados da restauração

É uma start-up 100% portuguesa de food-tech que, apesar de ter começado a sua actividade durante a pandemia com o menu digital, desde 2022 centra o negócio no algoritmo/dasboard que criou e que ajuda os restaurantes a optimizar a presença e as vendas nas plataformas de delivery. A pleez processa em tempo real todos os dados provenientes das várias plataformas de delivery — Uber Eats, Bolt Food e Glovo —, permitindo aos restaurantes tomar decisões mais informadas no que toca a gestão de ementas. Na prática, o responsável do restaurante tem acesso, no dashboard da pleez, aos conteúdos fornecidos pelas plataformas de delivery, aplicando aos mesmos vários filtros, tais como: localização, preço, promoções e tipo de comida. Desta forma, tem informação 360 graus do mercado onde actua.

Agora e com a entrada no Reino Unido, a pleez apresenta-se com uma nova imagem de marca e uma nova assinatura. O objectivo é tornar a marca mais universal e internacional, no sentido de a nova linguagem visual ser mais apelativa e facilmente assimilada por novos mercados e culturas.

À conversa com Paco Rodriguez, head of growth da pleez, ficámos a perceber quais os objectivos da marca com esta mudança e de que maneira é que a mesma era imperativa para uma empresa que tem ambição de se tornar no principal player a nível mundial no que diz respeito a gestão de dados da indústria da restauração aplicada ao delivery.

Porque é que sentiram necessidade de fazer um rebranding com tão pouco tempo de presença no mercado? O que transmite de diferente?

Na verdade, a pleez apresentou-se ao mercado há quase quatro anos com o menu digital. Mas, desde há um ano e meio que a empresa se dedica em exclusivo ao desenvolvimento do algoritmo que ajuda os restaurantes a aumentar as suas vendas nas plataformas de delivery, com base na recolha e na análise de dados provenientes das mesmas.

Portanto, este rebranding surge de uma necessidade de a marca comunicar de forma imediata e clara que opera apenas com um novo e único produto e também de uniformizar toda a comunicação a nível interno e externo para clientes, potenciais clientes, potenciais talentos, equipa e investidores.

No entanto, como estávamos focamos em aperfeiçoar o algoritmo, fomos atrasando todo o processo. Até ao dia em que percebemos a importância e o impacto que uma nova roupagem poderia ter no sucesso da nossa entrada no mais recente mercado — o Reino Unido — em Setembro.

Por isso, o objectivo desta mudança é, por um lado, homogeneizar a comunicação e, por outro, também tornar a marca mais universal e internacional, no sentido de a nova linguagem visual ser mais apelativa e facilmente assimilada por outros mercados e culturas.

Com este rebranding, sentimos que era importante que o novo conceito (o nosso storytelling), logótipo e assinatura tivessem de forma automática e inequívoca analogias à cozinha (pois os clientes da pleez são os restaurantes) e aos data (a matéria-prima que a pleez trabalha e que faz a diferença nos negócios).

A ideia é que os restaurantes percebam logo a proposta de valor desta narrativa para eles: se os seus chefes cozinham alimentos da forma mais deliciosa, a pleez também vai ‘cozinhar’ dados reais muito apetitosos (You cook food. We cook data) e servi-los da melhor forma a clientes com ‘fome’ de negócio (Cooking data for hungry businesses).

Para ajudar a contar graficamente esta história, as principais mudanças reflectem-se no logótipo: a cor foi alterada — do laranja para o roxo (expressa as novas mensagens: emoção e razão, sabor e conhecimento, inovação e tecnologia) — e foram introduzidos quatro ícones (o círculo e três quadrados).

O círculo é uma referência à pizza, um dos menus mais pedidos nas plataformas de delivery e também ao dashboard (onde a pleez agrega os dados). Já os quadrados são simultaneamente uma alusão aos ingredientes e aos data. O número três, enquanto sinónimo de perfeição, representa aquilo que tentamos devolver ao cliente: o melhor.

O que é que pretendem transmitir com a nova assinatura?

Com a nova assinatura — “You cook food. We cook data” — pretendemos transmitir que quer a pleez quer os clientes vão cozinhar, mas cada um vai levar aos ‘tachos’ as matérias-primas que melhor sabe trabalhar. Se cada um destes players fizer a sua parte, os resultados vão ser excelentes.

Por um lado, a pleez liberta os restaurantes de um trabalho que exige especialização e que rouba muito tempo, para estes se dedicarem ao que sabem fazer melhor: cozinhar. Por outro, a gestão das plataformas de delivery onde os clientes marcam presença fica por conta de quem tem know-how diferenciado: a pleez.

Na prática, o trabalho dos restaurantes é saber juntar ingredientes certos e criar uma proposta de valor com os mesmos. A nova assinatura da pleez agarra neste conceito e aplica-o ao seu core business, pois os dados também só adquirirem significado e mudam as nossas acções, se os soubermos combinar, ‘apurar’ e ‘cozinhar’. De forma isolada, os dados de nada servem.

Em resumo, se cozinhar é uma arte, dominar os data também o é. Por isso, tal como acontece com a comida, também os dados precisam de um chef que os saiba: seleccionar, preparar, cozinhar e servir de forma diferenciada. E a pleez tem a receita de sucesso para apresentar sempre um bom ‘prato’ de informação.

Porque é que dizem que “data is the secret ingredient”?

Vivemos num mundo sobrecarregado de informação e os dados em geral são vistos pela maioria das pessoas como algo abstracto, distante, intangível e complexo.

Porém, se pararmos para pensar, os dados estão presentes em tudo no nosso dia-a-dia. Por exemplo, se precisarmos de ir ao médico, muito provavelmente usamos uma App como Waze, Google Maps ou Citymapper (no caso dos transportes públicos).

Estas aplicações só nos conseguem indicar o melhor caminho, porque um conjunto infindável de dados está a ser trabalhado e processado em tempo real pela respectiva tecnologia. E o mecanismo é o mesmo em aplicações sobre o estado do tempo, sobre fitness…

Em termos práticos, isto significa que os dados podem mudar a relação que temos com a comida, a maneira como praticamos desporto, a hora a que nos deitamos, a forma como ouvimos música, como decidimos deslocar-nos na cidade e até como cuidamos da nossa saúde.

Mas, se por um lado, os bons pratos têm sempre um ingrediente secreto ou uma forma de cozinhar que, por norma nunca é desvendada, a pleez é 100% transparente e revela o seu ingrediente-surpresa: os data.

Se tivesse que destacar apenas três vantagens de saber cozinhar data, quais escolheria?

A pleez cozinha dados porque os põe em diálogo e porque lhes adiciona contexto. E isso significa que, no final, vai devolver informação real, actualizada ao minuto, personalizada e relevante aos restaurantes.

E um cliente ter na sua posse informação desta natureza é fundamental quando pretende tomar as melhores decisões a nível de negócio. Com tanta competição, não é suficiente ter ideias boas. Temos de as defender e sustentar e também prever o potencial resultado, usando para isso o conhecimento científico inerente aos data.

Outra das mais-valias dos dados é que estes também ajudam os restaurantes a personalizar serviços e produtos — como por exemplo, um menu ou uma promoção — com base nas tendências de mercado, o que possibilita até antecipar necessidades futuras.

Por outro lado, os dados permitem ainda detectar necessidades efectivas e apresentar a melhor solução para cada caso, optimizando, desta forma, recursos. Todas as decisões que não são tomadas com base em data reais são especulação ou adivinhação e os resultados podem ser desastrosos.

A pleez entrou recentemente no mercado do Reino Unido. Em que cidades está a apostar e que resultados tem até ao momento?

A pleez está oficialmente no Reino Unido desde Setembro, ​​sendo que em menos de dois meses já conquistou 25 clientes. De referir que oito desses restaurantes fazem parte de uma dark-kitchen e que este negócio foi o mais bem-sucedido desde a criação da nossa empresa, pois a receita gerada foi cinco vezes superior à média do mercado português.

Entrar no Reino Unido foi uma decisão estratégica, pois o nosso objectivo é ganhar experiência no maior e no mais competitivo mercado de delivery da Europa. Para se ter noção, este mercado é tão dinâmico que muitos restaurantes têm necessidade de mudar as suas promoções de cinco em cinco minutos.

Neste momento, o foco da pleez no Reino Unido é 100% Londres — onde já conta com quatro colaboradores e onde vai abrir escritório até ao final do ano —, visto que se trata da capital e do local que mais oportunidades de negócio tem para oferecer.

Todavia, claro que, a seu tempo, pretendemos conquistar outras cidades, do Reino Unido, nomeadamente as que mais consomem comida proveniente do delivery: Manchester, Birmingham e Newcastle.

Qual o peso de cada um dos mercados, neste momento, no volume de negócios da empresa? Como esperam que seja a evolução até ao final de 2024?

Presentemente, Espanha é responsável por 58% da receita total da pleez, seguida de Portugal com 40% e do Reino Unido que representa 2%.

Até o final de 2024, projectamos que o nosso portefólio tenha esta configuração: Espanha com 55%, Reino Unido com 28% e Portugal com 17%.

Como se pode verificar, com a entrada do Reino Unido, o mercado ibérico — Espanha e Portugal — vai ‘perder’, como é natural, algum ‘peso’ no total do portefólio.

Está na calha entrar em novos mercados em 2024? Quais serão prioritários?

A perspectiva de internacionalização faz parte do ADN da empresa desde o início, mas 2024 vai ser o ano de consolidar operações nos mercados onde já actua — Portugal, Espanha e Reino Unido — e de começar a preparar os lançamentos para novos mercados.

O objectivo é usar a experiência do Reino Unido como porta de entrada para os EUA (um dos maiores mercados do mundo) e para França (o segundo maior mercado de delivery da Europa), ambos pela semelhança de comportamentos e também por apresentarem enormes oportunidades de crescimento.

Ainda a nível de internacionalização, podemos avançar que o mercado espanhol — no qual assinalámos presença com escritórios há um ano e meio — também está a correr extremamente bem, representando já 58% do nosso portfólio total a nível de receita.

Que novidades terá a empresa a apresentar aos seus clientes (os restaurantes) até ao final do ano?

A pleez está a trabalhar no sentido de se tornar no principal player a nível mundial no que diz respeito a gestão de dados da indústria da restauração aplicada ao delivery. E isso só será possível porque neste momento a nossa postura é a de unir esforços com outros players indirectos.

Até ao final do ano, esperamos ter feito importantes e rentáveis parcerias com alguns players estratégicos, no sentido de, em conjunto, conseguimos oferecer o melhor serviço possível aos restaurantes.

Por outro lado, estamos a investir em desenvolvimento de produto e de tecnologia, nomeadamente em inteligência artificial, tendo como foco melhorar as recomendações fornecidas aos clientes e, desta forma, garantir a maximização do seu desempenho a nível de vendas.

Quando é que é expectável que a empresa atinja o break-even point?

Em Portugal, a pleez já atingiu o break-even point e em Espanha será conseguido em 2024. No Reino Unido esta ‘meta’ vai ser ajustada ao plano de crescimento.

Texto de Maria João Lima

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