Por Teresa Lameiras, Directora de Comunicação e Marca na SIVA|PHS
Vivemos tempos em que o algoritmo dita tendências, a viralidade parece ser sinónimo de sucesso e a pressão para “não ficar de fora” é constante. No entanto, quanto mais marcas tentam ser iguais – ao som do mesmo áudio viral, com os mesmos desafios, as mesmas coreografias, os mesmos filtros –, mais difícil se torna destacarem-se.
A questão que devemos colocar não é “o que está a dar?”, mas sim “isto faz sentido para a minha marca?”. Porque uma tendência pode ser uma oportunidade, mas também pode ser uma distracção. E quando seguimos cegamente o que está na moda, corremos o risco de perder aquilo que nos torna únicos. Uma marca não se constrói a correr atrás – constrói-se com visão, consistência e autenticidade.
Claro que acompanhar o pulso do consumidor e entender o que move as gerações mais jovens é essencial. As redes sociais são hoje palco central do storytelling das marcas. Mas distinguir- se neste palco não é fazer mais do mesmo. É saber qual é o nosso papel na conversa. É perceber que nem todas as marcas têm de dançar, fazer piadas ou usar a trend da semana para serem relevantes. A coerência, quando bem trabalhada, pode ser muito mais poderosa do que a viralidade momentânea.
O segredo está em encontrar uma linguagem própria, uma estética coerente e uma voz que não oscile ao sabor do algoritmo. Não se trata de resistir às tendências por teimosia, mas de ter coragem para seleccionar, adaptar e – quando necessário – rejeitar o que não está alinhado com os valores da marca. Porque nem toda a atenção é boa, e o verdadeiro valor de uma marca mede-se na profundidade da relação que estabelece com os seus públicos – não apenas nos likes ou partilhas do momento.
E é aqui que entra o verdadeiro papel dos marketeers hoje em dia: sermos guardiões da identidade da marca num mundo em constante mutação. Não devemos ter medo de parar para pensar. De escolher não publicar. De investir numa estratégia de conteúdo que seja menos ruidosa, mas mais alinhada com o propósito da marca. O impacto duradouro constrói-se com consistência, não com imitação.
Num mundo que gira cada vez mais depressa, as marcas que sabem abrandar para reflectir são, muitas vezes, as que acabam por chegar mais longe. Porque não se trata de ser o mais rápido a seguir a próxima tendência, mas de ser o mais claro naquilo que se é.
Artigo publicado na revista Marketeer n.º 346 de Maio de 2025














