Sector do delivery tem de ser repensado: «Nenhuma plataforma é rentável»

A pandemia acelerou a digitalização do sector alimentar em dois a quatro anos mas a área do delivery não acompanhou esse crescimento. É, assim, essencial repensar os modelos de negócio utilizados.

A conclusão é do estudo “EIT Food Foresight: Impact of COVID 19 on the Food Sector in Southern Europe”, realizado pela consultora Lantern juntamente com o Instituto Europeu da Inovação e Tecnologia.

É referido que os restaurantes aderiram a plataformas como a Uber Eats ou a Glovo e as marcas de alimentação repensaram e reconstruíram as suas ofertas online. Mas, no caso dos pequenos negócios, é mencionada uma falta de infra-estruturas financeiras que condicionam o acesso a canais de ligação directos com os seus clientes.

Para além de elevadas taxas e comissões impostas pelas plataformas existentes por cada refeição entregue, o estudo explica que as mesmas plataformas não partilham os dados de consumo dos clientes, obrigando os restaurantes e cafés a trabalharem sobre um clima de constante imprevisibilidade, limitando a eficácia e sustentabilidade dos negócios. «O negócio do delivery tem de ser repensado. Nenhuma plataforma é rentável até ao dia de hoje e os restaurantes também não estão a ganhar dinheiro», afirma David Lacasa, sócio da Lantern.

Numa análise ao mercado da restauração e alimentação português, o estudo revela que 60% das empresas ainda não usa qualquer meio de entrega e apenas 23% das empresas afirma ter investido mais neste modelo.

Na perspectiva dos consumidores, 11% continua a usar serviços de entrega disponíveis com a mesma regularidade e 7% assume que só agora começara a usar este serviço.

O estudo revela que, nos países do sul da Europa, o e-Commerce já cresceu 42% desde o primeiro confinamento. No caso de Portugal, no último ano, um em cada três lares comprou produtos de grande consumo online e 45% deles voltou a utilizar este canal de compra, no mínimo, mais uma vez.

Olhando para o futuro, perspectiva-se que surja um novo perfil de consumidor, que se caracterizará por ser mais educado, consciente e racional. Terá mais noção do impacto das suas escolhas, agindo de forma mais humana e consciente em torno do que consome. David Lacasa acredita que ideias como a da aplicação Too Good to Go irão ganhar cada vez mais expressão.

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