As crianças e os animais de estimação: como apresentar, riscos e benefícios

Já todos sorrimos carinhosamente ao visualizar um vídeo que mostra as divertidas interacções que ocorrem entre animais e crianças. Mas ter um animal de estimação implica compromisso e responsabilidade, assim como afecto e carinho. A relação extraordinária que se cria entre uma criança e o seu animal e os momentos de cumplicidade que vivem vão ajudar a criança a crescer, mas também vão criar boas recordações que perduram no tempo para toda a família.

Qual o animal de estimação adequado?

No caso de algumas famílias, esta escolha já foi feita, até porque o último elemento a chegar à família foi a criança. Mas noutros casos é a presença da criança que origina a chegada do animal. E aqui a família tem que avaliar o seu estilo de vida, percebendo que tempo disponível tem para dedicar ao animal, se a casa tem espaço ou se nas imediações existe um local para passear com ele, se quer um animal de pequeno ou grande porte ou se gosta de ouvir os pássaros a cantar. É crucial escolher o tipo de animal, tendo em conta o estilo de vida da família, uma vez que o novo elemento vai exigir disponibilidade e compromisso de todos.

Mas qual é a idade indicada para promover a relação criança-animal de estimação? A ciência, através de vários estudos, já demonstrou que esta relação é benéfica para as crianças desde cedo. No entanto, uma interacção mais directa e individual com o animal implica que a criança tenha maturidade emocional e motora, o que acontece por volta dos quatro anos. Com esta idade, a criança compreende e respeita regras, assim como é capaz de ajudar a cuidar do animal – ser responsável pela alimentação, ir passear, etc.

Apresentar o animal às crianças

No caso de as famílias terem já um animal de estimação quando o bebé chega a casa, é necessário que os progenitores apresentem o novo elemento da família ao amigo de quatro patas. Sempre com todos os cuidados e supervisão, até porque às vezes os animais podem sentir alguns ciúmes do bebé. Para quem tem gatos ou cães, é recomendável que escolham uma divisão grande da casa para que o animal não se sinta encurralado e que se crie um ambiente tranquilo e acolhedor. Este ponto é importante porque as crianças podem ter movimentos bruscos ou fazer sons estridentes que podem assustar o animal; desta forma, está a criar um ambiente tranquilo para o bebé e a oferecer várias “fugas possíveis” ao animal.

Se o animal se mostrar curioso, incentive a interacção com o bebé. Mas se o animal se mostrar hesitante e nervoso, não insista, direccione a atenção da criança para outro alvo. Depois quando o animal estiver mais habituado à presença do bebé, faça nova tentativa, de uma forma igualmente tranquila. É importante que seja o animal a aproximar-se da criança e não o contrário. Cumpridos estes cuidados, crianças e animais tornam-se cúmplices e companheiros de brincadeira.

Posso fazer uma festa?

É igualmente importante ensinar as crianças a mimar, da forma correcta, os animais. Por vezes, os mais pequenos vêem os animais como brinquedos de peluche e nem se apercebem de que os podem magoar. Por isso, é importante definir regras de contacto. Explique à criança que deve ser cuidadosa quando toca no animal, deve evitar mexer em zonas sensíveis do seu corpo, nunca puxar pêlo, nem mexer nos bigodes ou caudas, assim como não devem tocar nos animais quando estes estão a dormir ou a comer.

Alerta vermelho

Como não podia deixar de ser, a relação entre animais e crianças deve ser sempre alvo de atenção por parte dos pais. Por vezes, em algumas situações em que existe um esquecimento do cumprimento das regras de contacto, o animal pode demonstrar desconforto e há que corrigir o comportamento, tanto do animal como da criança. Os animais emitem sinais que devem ser alertas para uma intervenção tranquila dos adultos. Esses sinais podem surgir na forma de rosnar, no caso dos cães, já os gatos bufam se se sentirem ameaçados.

Tenha igualmente atenção à postura do animal, se esta for rígida ou se tenta afastar-se da criança. Por sua vez, as crianças também podem ter momentos em que mostram desconforto, chorando ou mostrando-se assustadas, intervenha direccionando a atenção do animal para outro motivo e console a criança. Mais tarde, promova a reaproximação, de forma tranquila, e com muito mimo e carinho à mistura.

Causas e consequências

Cuidar de um animal é uma excelente forma de as crianças desenvolverem o sentido de responsabilidade. Mas, para que tal aconteça, é preciso explicar claramente à criança que todas as suas acções para com o animal vão ter consequências. Por exemplo, se o animal não for alimentado, fica com fome e triste. Se o animal não for passeado, vai fazer as necessidades em casa, que depois têm de ser limpas; se a casinha (gaiola) do animal não for limpa, ele fica doente. Geralmente, a presença de um animal em casa evidencia que todas as acções da criança têm consequências, o que funciona melhor do que o sermão.

Por outro lado, os animais com um espírito mais traquinas também vão ensinar uma lição muito importante aos mais pequenos: como agir nos momentos mais difíceis de relacionamento. Pelo afecto que sentem pelos seus animais, as crianças vão procurar as melhores soluções para resolver os problemas. Cuidar de um animal vai ensinar às crianças o significado e valor de sentimentos como a compaixão e empatia, além de que os mais pequenos vão perceber o significado de um outro ser vivo confiar neles.

Uma relação entre animais e crianças, construída cedo e sustentada em bases sólidas de respeito mútuo, é uma forma excelente de estimular o desenvolvimento das competências sociais e emocionais dos mais pequenos. Os animais são também ouvintes excelentes e rapidamente se tornam em confidentes das crianças. Existem inclusive estudos psicológicos que indicam que as crianças que falam com os animais são mais extrovertidas e menos ansiosas.

Por fim, ter um animal de estimação é a garantia de que toda a família se irá divertir muito e construir boas memórias para o futuro. O carácter brincalhão dos cães, o desafio de conquista que os gatos proporcionam e o movimento dos peixes no aquário que tranquiliza e acalma. Cada animal, à sua maneira, vai conquistar o afecto de todos os elementos da família e reforçar ainda mais os laços de amor.

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