Quando os perfumes da Hermès vão à mesa

O que pode haver em comum entre os perfumes da Hermès e a alta gastronomia servida à mesa do restaurante Vistas, no Monte Rei, Algarve? Além do luxo, uma experiência sensorial única.

Lourenço Lucena é perfumista e estudioso na arte dos aromas e fragrâncias. Desde 2014 tem vindo a desenvolver o conceito de jantares perfumados. O mais recente – e a repetir já no próximo dia 25 de Agosto – foi precisamente este: o cruzamento de seis fragrâncias da casa Hermès com criações assinadas pela equipa do chef Albano Lourenço (em Agosto será, contudo, já Rui Silvestre quem estará aos comandos da cozinha do Monte Rei)!

«Um jantar perfumado é uma experiência sensorial única. Uma descoberta de aromas e um convite a uma viagem olfactiva orientada por alguém que, trabalhando com aromas e criação de perfumes, partilha a sua paixão e conhecimento. Essa partilha e descoberta em conjunto é mágica», partilha Lourenço Lucena aka Mr. Nose.

Assim como mágica se pretende que seja a história a contar ao longo dessa viagem olfactiva. Neste caso, tudo começou com a escolha dos aromas: «Os do Algarve deviam ser parte integrante da ideia, pela riqueza e profusão de referências – figo, esteva, laranja, alfarroba, amêndoa, murta, tomilho, medronho, melissa, funcho do mar, helichrysum, coentros, maresia…». Tendo esta base definida e considerando o posicionamento de Monte Rei, foi necessário encontrar uma associação a uma marca que pelo seu posicionamento «estabelecesse uma ponte e reforçasse o carácter único e especial deste bom segredo algarvio. Hermès foi naturalmente uma escolha óbvia. Uma marca exclusiva, com boas histórias e com perfumes extraordinários», conta.

Depois disso, o chef executivo do Monte Rei criou o menu especial de seis momentos inspirados individualmente em cada aroma para que a descoberta e harmonização entre a dimensão olfactiva e gustativa fosse o mais marcante possível. E cada perfume foi escolhido pelo facto de ter, na sua composição, um aroma que se associa ao Algarve.

Venha então connosco nessa viagem: primeiro momento, Un Jardin en Mediterranée, com o seu figo rico, cruzou com salada de foie gras e texturas de figo. Seguiu-se Un Jardin Sur Le Toît, a remeter para terra húmida ou a relva cortada dos campos de golfe, e que Albano Lourenço combinou com um creme de cogumelos e azeite de trufas. Terceiro momento: Terre d’Hermès, com muita laranja doce, servido com risotto de laranja e vieiras.

Un Jardin Après La Mousson e o seu aroma a coentros frescos levaria a um pregado com açorda de coentros e amêijoas. Já Eau d’Hermès, com a esteva tão presente, serviria de mote a um peito de pato com molho de zimbro e alecrim. Por fim, a Eau d’Orange Verte, «numa alusão ao fresco orvalho nos laranjais algarvios», permitiu ao chef criar um mojito descontraído!

Ao longo de todo o jantar – de pratos únicos e pairings vínicos de aplaudir – Lourenço Lucena tentou levar a que os participantes saíssem «da sua zona de conforto habitual, e preguiçosa, de negligência do seu olfacto e proporcionar uma experiência sinestésica em que todos os sentidos estão activos e articulados». Mas nem sempre é fácil e directo, para quem não está habituado a treinar um dos seus sentidos, perceber associações ou distinguir um aroma em particular. Agora, que vale a pena tentar, ah isso vale!!!

NOTA

O valor é de 135 euros para um menu de seis pratos,  com maridagem de vinhos incluída.

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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