O que comprava com 50 euros no supermercado há dois anos (e o que compra agora)? Veja as diferenças

Portugal enfrenta uma preocupante realidade perante a inflação alimentar, que dá poucos sinais de abrandamento: Nos últimos dois anos, os consumidores portugueses estão a sentir os efeitos do aumento dos preços nos supermercados, enfrentando desafios cada vez maiores para manter uma alimentação equilibrada e acessível.

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO PROteste) fez as contas ao que 50 euros compram hoje numa ida o supermercado (em carne, peixe ou frutas e legumes) e comparou o valor ao que pagariam em 2022. O que se verifica é que, em geral, o mesmo valor dá agora para muito menos produtos.

Frutas e Legumes

Em abril de 2024, com 50 euros, os consumidores conseguem comprar um cabaz de 25,35 quilos contendo 13 frutas e legumes distintos, como laranjas, maçãs gala, bananas, tomates, couve-flor, alface, brócolos, entre outros. Contudo, há dois anos, com o mesmo valor, era possível adquirir um cabaz mais generoso de 32 quilos destes produtos.

Segundo a DECO PROteste, que monitoriza semanalmente os preços de um cabaz alimentar com 63 itens desde janeiro de 2022, os custos dos alimentos essenciais têm aumentado consistentemente. Em março de 2022, 50 euros permitiam adquirir quase 32 quilos de frutas e legumes. Contudo, em dezembro do mesmo ano, o mesmo montante reduziu o cabaz para 26 quilos.

Entre dezembro de 2023 e abril de 2024, houve um ligeiro aumento na quantidade de frutas e legumes que se pode comprar com 50 euros, passando de 24,05 quilos para 25,35 quilos. No entanto, comparando com há dois anos atrás, os consumidores conseguem agora comprar menos 6,5 quilos de frutas e legumes com o mesmo valor.

A laranja e a cebola são os produtos que mais viram os seus preços aumentar nos últimos dois anos. Em janeiro de 2022, o quilo de laranjas custava 1,08 euros, mas em abril de 2024, o preço subiu para 1,81 euros, representando um aumento de 67%. A cebola, por sua vez, teve um aumento ainda mais expressivo, passando de 99 cêntimos por quilo em 2022 para 1,90 euros em 2024, um aumento de 93%.

Peixe

Comprar um cabaz com diversas variedades de peixe também ficou mais caro. Se em janeiro de 2022, 50 euros permitiam comprar 5,6 quilos de oito tipos diferentes de peixe, em abril de 2024, o mesmo valor só dá para 4,8 quilos. O carapau é atualmente o peixe mais acessível, custando 5,08 euros por quilo em 2024, um aumento de 15% em relação a 2022. Em contrapartida, o salmão é o mais caro, custando 15,73 euros por quilo em 2024, um aumento de 45% desde 2022.

Carne

A carne também não escapou aos aumentos de preço. Em janeiro de 2022, 50 euros permitiam comprar mais de 11 quilos de carne, enquanto em abril de 2024, o mesmo valor rende pouco mais de 8 quilos. O frango inteiro é atualmente a carne mais acessível, custando 2,80 euros por quilo em 2024, um aumento de 29% em relação a 2022. Por outro lado, a carne de novilho para cozer e o bife de peru são as mais caras, custando 8,52 euros e 8,18 euros por quilo, um aumento de 46% e 42%, respetivamente, desde 2022.

A DECO PROteste conclui que, entre 2022 e 2024, o cabaz de 63 bens alimentares monitorizado pela organização encareceu mais de 50 euros. Esta tendência de aumento de preços tem sido especialmente notável desde o início da guerra na Ucrânia, obrigando os consumidores portugueses a gerir cuidadosamente o seu orçamento alimentar.

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