O que compram os portugueses para fazer exercício em casa?

O estado de emergência obrigou os portugueses que se quiseram manter activos em casa a arranjar novas formas de praticar exercício físico. Muitos compraram acessórios que substituíssem as máquinas dos ginásios, enquanto outros, que aproveitaram o momento para se estrearem no fitness, apostaram no vestuário.

Perante esta tendência, Jorge Simões, director de Marketing e e-Commerce da Sport Zone, afirma que a marca registou um aumento da procura, especialmente no que respeita a acessórios: cordas, tapetes, halteres, passadeiras e roupa de treino foram os artigos mais vendidos pela insígnia, que não avança, contudo, valores de crescimento.

Aproveitando a maior apetência pelo exercício físico, a Sport Zone lançou ainda o projecto Sport Zone Gym, conferindo aos seus clientes o acesso a vídeos de treinos com personal trainers. Deste modo, não só disponibilizou o material  como também os conteúdos para a promoção da actividade física.

À Marketeer, Jorge Simões explica como é que a Sport Zone tem lidado com esta procura pelo prática de desporto em casa, deixando ainda indicadores quanto ao futuro da digitalização do sector.

Jorge Simões, director de Marketing e e-Commerce da Sport Zone

Durante esta fase de confinamento social, muitos portugueses têm feito exercício físico em casa, alguns dos quais pela primeira vez. Nesse sentido, registaram um aumento nas vendas no que respeita à categoria do fitness?

Sim, sentimos que nesta fase de confinamento os portugueses mantiveram a sua determinação em praticar exercício físico e manter a saúde. Fazendo uma comparação com a mesma altura em anos anteriores, os artigos de treino indoor tiveram um aumento de procura considerável.

Quais os produtos mais procurados?

Essencialmente têm procurado acessórios de treino tais como tapetes, halteres, pesos e cordas, e também aparelhos como elípticas e passadeiras. Para além disso, também notamos um aumento da procura por calçado e têxtil desportivo.

No que respeita a máquinas de exercícios, a procura aumentou consideravelmente?

Tivemos um ligeiro aumento em artigos como passadeiras e bicicletas estáticas, especialmente na primeira semana de estado de emergência. Mas, em termos de quantidades, o foco está nos acessórios de treino.

Qual o perfil destes clientes?

Temos de tudo um pouco. Curiosamente, notámos que há muita gente a comprar online pela primeira vez, sendo agora a única alternativa, e um peso significativo de procura pelo género feminino.

Como adaptaram o negócio ao desafio à maior procura pelo canal digital?

Estivemos muito atentos ao mercado e, mais do que lançamentos ou promoções, quisemos ajustar-nos às necessidades do nosso cliente. Os envios passaram a ser gratuitos ao domicílio (em encomendas superiores a 20 euros) e estendemos o prazo de devoluções até 30 dias após a abertura das lojas físicas. Mantivemos uma comunicação muito assídua e transparente sobre os nossos prazos de entrega.

Aproveitaram também para lançar o Sport Zone Gym, uma iniciativa que promoveu a transmissão de aulas de fitness nas redes sociais…

O projecto Sport Zone Gym permitiu aos nossos clientes o acesso diário e gratuito a um leque de treinos com personal trainers. Foi algo implementado em tempo recorde (menos de três dias), tendo decorrido de 16 de Março a 30 de Abril. Foram centenas de treinos, vídeos e conteúdos de suporte dedicados a todos os que nunca desistiram e mantiveram os seus treinos em casa. Tivemos yoga, crossfit, dança, localizada e treinos livre sempre com personal trainers diferentes.

Foi uma estratégia que permitiu reforçar a proximidade da marca com os consumidores num momento mais desafiante?

A pandemia obrigou-nos a uma adaptação rápida e a comunicação não foi excepção. Achamos que o Sport Zone Gym é o melhor exemplo dessa nossa capacidade. De repente, criámos e implementámos um projecto que fazia todo o sentido já que toda a gente estava em casa. Foi este o grau de adaptação da comunicação, da equipa e até da voz da empresa.

Esta maior procura pelo e-commerce será para ficar? Ou os clientes continuarão a privilegiar a compra física?

Venda online e venda física não têm de se confrontar ou sequer se comparar directamente. A Sport Zone é uma marca que serve o seu cliente através da rede de lojas físicas e através do seu site. E isto será sempre assim porque é deste modo que o nosso cliente actua no seu dia-a-dia.

Mas irá trazer alterações no processo da digitalização do negócio das marcas?

A pandemia trouxe comportamentos novos que vão ter impacto na forma como o retalho vai operar após este momento de confinamento. Muitos desses comportamentos vieram para ficar e, em consequência, vão acelerar a digitalização do negócio de retalho, seja essa digitalização através de um site (e-Commerce) ou através da digitalização de processos em loja. Acreditamos que vamos entrar numa low touch economy onde a digitalização de processos e até da venda vai acelerar bastante.

Texto de Rafael Paiva Reis

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