O LinkedIn também tem sentimentos

Por Catarina Silva, head of Social Media da Legendary People + Ideas

Não deixa de ser curioso que, apesar de não podermos sair de casa, estamos todos mais próximos, graças às redes sociais, que desempenham um papel fundamental nas nossas vidas, mesmo para aqueles que as desvalorizam. Desde que o isolamento social começou que estas são o nosso ponto de encontro pessoal e profissional.

As principais experiências começam em plataformas como o Instagram e Twitter, muitas vezes fazendo eco de podcasts ou vídeos que começam no YouTube. Outras aplicações como o WhatsApp, Houseparty e Skype ganham um novo fôlego na ligação entre as pessoas. Levantam-se, então, algumas questões: haverá espaço para o LinkedIn nestes dias? E as empresas, como podem aproveitar esta janela de oportunidade?

Em 2020, o LinkedIn apresentou mudanças na experiência do utilizador, tendo apostado em novas ferramentas com o claro objectivo de atrair públicos mais jovens. Um dos exemplos são os LinkedIn Stories, que começaram por ser usados através de uma funcionalidade designada Student Voices, criada exclusivamente para alunos de universidades nos Estados Unidos da América. O objectivo passava por incentivar a partilha de conteúdos mais autênticos, que são cada vez mais bem-vindos no LinkedIn, acompanhando a tendência das empresas incluírem nas “job descriptions” competências sociais e emocionais (soft skills), complementares às experiências académicas e profissionais.

Numa altura em que nos encontramos forçados a comunicar por vias alternativas, surge o momento propício para trabalhar a marca pessoal. Não por podermos produzir conteúdo de pijama, mas porque à nossa volta temos memórias e objectos que recuperam os nossos valores mais profundos, que podem e devem ser ecoados na nossa comunicação profissional – somos retalhos do que nos rodeia e em casa as evidências estão por toda a parte. Fotografias de quando fizemos voluntariado, passatempos, gostos pessoais, traços da nossa personalidade que o CV não partilha e que mostram ao potencial empregador o percurso que levamos até sermos as pessoas certas para o lugar.

Do ponto de vista das empresas, esta também é uma era de oportunidades para se reinventarem no online. Na busca por relações e conexões reais, a comunicação deve derrubar as barreiras que a quarentena ergueu. Na prática, o segredo pode começar por rever conceitos que as instituições já conhecem. Numa rede social como o LinkedIn, que ainda é vista como “cinzenta” e impessoal, torna-se urgente humanizar o diálogo e trabalhar numa matriz que normalize o correr dos dias. As marcas são feitas por pessoas e, nesta fase, a palavra de ordem é autenticidade. Há que trabalhar as ferramentas numa óptica de proximidade, responsabilidade social, liderando e apoiando os respectivos sectores de actuação, os colaboradores, clientes e consumidores.

Este é o momento em que o online se assume como o principal palco da comunicação. As marcas que ainda não estavam a trabalhar os canais digitais, veem-se hoje forçadas a adaptar-se, muitas vezes para garantir a sua própria sobrevivência. Na busca pela resposta para fintar as adversidades da quarentena, são inúmeras as boas iniciativas que estão a nascer, tal como lojas online relâmpago, concertos e peças de teatro em directo no Instagram, comunidades de apoio à quarentena e, incontornável, muitas páginas de humor às quais as marcas se têm associado de forma muito criativa.

Espera-se que as empresas e os utilizadores não encarem este novo fenómeno como algo passageiro, pois o mundo tal e qual o conhecemos vai mesmo mudar. É fundamental que os profissionais da área do marketing e comunicação estejam atentos e possam também acompanhar estas novas dinâmicas, promovendo serviços de consultoria eficazes que permitam garantir a sustentabilidade das marcas nos canais digitais no futuro.

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