O bom filho a casa torna

joao-alvesFoi atrás de um balcão no restaurante McDonald’s de Cascais que iniciou o seu percurso profissional. Uma experiência enriquecedora que ainda hoje é fundamental nas funções diárias de John Alves.

Texto de Maria João Lima

Fotografia de Paulo Alexandrino

África do Sul. Foi este o país que viu nascer e crescer até aos 14 anos John Alves, altura em que os seus pais, de nacionalidade portuguesa, decidem regressar a Portugal. E não foi uma adaptação fácil para o, então, adolescente, já que deixava parte da sua família e todos os seus amigos na terra que o vira nascer. Mas, olhando para trás, percebe que ganhou muito, até porque, explica, «em Portugal temos cultura de cidade que lá não havia: café do bairro, pastelaria de bairro, cultura, história… não existe em países jovens!».

O jovem John Alves frequenta a Universidade Católica, no curso de Gestão, e, ao longo de um ano, trabalha em part-time no McDonald’s do CascaiShopping. «Foi uma experiência reveladora», confessa. Nessa altura era funcionário de balcão e passou por todas as áreas, desde o atendimento, à cozinha, gestão de produção… «Fica-se com uma noção do todo necessário para que a máquina funcione bem», explica.

Terminado o curso em 96, John Alves entra para a Procter & Gamble (P&G), mais concretamente para a área financeira, onde permanece durante três anos. «Acabei por pedir um projecto na área de marketing para perceber caminhos diferentes», conta. Fica então responsável por uma parte do negócio de Pantene. Segue-se um período de dois anos na Suíça (dentro da P&G) a trabalhar num projecto para o lançamento da gama de produtos de beleza feminina para a pele, Oley. Findo esse projecto, achou que era altura de regressar a casa: Portugal. Coincidindo com o seu casamento e com a inexistência de lugares com a senioridade que tinha, optou por sair da P&G.

A Fullsix foi a empresa que o acolheu por intermédio de dois dos seus sócios – Filipa Caldeira e Pedro Batalha – de quem fora colega na P&G. «Estive durante um ano a trabalhar como consultor para a área interactiva e novos meios», lembra. Uma estreia no seu percurso, já que na Procter nunca tinha tido contacto com os novos meios. Uma experiência que o agradou, pois esteve num meio muito diferente a prestar serviço a clientes – uma novidade no seu percurso.

Aliás, uma oportunidade também para perceber que a sua vocação era claramente estar a trabalhar uma marca. E assim surgiu a oportunidade de regressar ao seu primeiro empregador: a McDonald’s. Entra para a empresa em 2003 e, desde então, aí permanece. Tal como todos os que entram na McDonald’s, John Alves voltou a pôr a mão na massa num restaurante antes de ingressar nas suas funções no marketing. «Viver o restaurante, perceber os produtos, a forma como se atende os clientes… é fundamental para perceber aquilo que é importante para o consumidor, as alterações, as expectativas…

E isso não há nada como estar a servir os clientes para perceber o que é que os entusiasma e o que é que não gostam…», diz explicando o porquê da norma da multinacional de levar TODOS os funcionários a trabalhar num restaurante pelo menos durante duas semanas. A empresa que encontra quase 10 anos depois da sua época de trabalhador-estudante parecia outra: o menu era muito mais completo, o número de restaurantes era muito maior e a capacidade de comunicação, essa, fora instalada!

Começou como marketing manager em Portugal e ao fim de pouco mais de um ano foi convidado a fazer parte de um grupo europeu que gere o negócio de famílias. «Havia uma pessoa representante de cada uma das seis zonas da Europa», recorda. Em 2008 assume o lugar de director de marketing para os países do sul da Europa. «Achei que tinha chegado o momento de dar um salto em termos do conhecimento estratégico, conhecimento de outros mercados e como é que isso se relaciona», explica. E acrescenta que apesar de ser um mercado global, o negócio é muito local, com realidades gastronómicas e históricas muito diferentes.

Esteve três anos nessa função dos países do Sul da Europa – um sul alargado, que ia desde a Holanda à Grécia, incluindo Malta e Marrocos. «Procurei criar vários projectos que beneficiassem os países como um todo», lembra. Nesta fase tinha uma ligação muito próxima com os directores de marketing em cada um dos países. Visitava os mercados, percebia como estavam a desenvolver o mercado, onde havia sinergias, o que podia ser feito de forma diferente, os riscos associados a decisões que se podiam tomar. Com escritórios em Paris e em Lisboa, fazia muitas viagens, já que era fundamental estar junto dos países, acompanhando-os in loco.

Em Novembro de 2011 deu-se o regresso a casa do fiel consumidor do BigMac, tendo assumido a Direcção de Marketing e Comunicação da McDonald’s Portugal, declinando o convite para acumular com funções internacionais. «Senti que tinha chegado o momento de regressar a um mercado e voltar a gerir um negócio», explica. O segundo ponto que o fez voltar prende-se com as alterações que Portugal está a sofrer e as mudanças económicas que já se sentiam.

«Pareceu-me que era a altura óptima para voltar a Portugal, aproveitar todo esse conhecimento e experiência que tinha adquirido nos outros mercados e aplicá-lo no mercado que já conhecia, mas que se tinha alterado nos anos em que estive mais distante», resume. A acrescer pesou, claro, a vida pessoal. «Tenho três filhos pequenos – Diogo (oito anos), Mariana (sete) e Rodrigo (três) – e é importante manter um equilíbrio entre o trabalho e a família!»

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