Não há plano B para os Media

M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer

Quando comecei no jornalismo, numa altura em que havia arquivo fotográfico e os jornais eram desenhados à mão antes de seguirem para a gráfica, tive a sorte de o fazer num dos nomes mais antigos e conceituados em Portugal. Chamava-se “O Comércio do Porto”, tinha uma redacção generosa de cabelos brancos e transmissão de conhecimento, delegações em todas as capitais de distrito, e permitia que se trabalhasse com o tempo que a informação precisava para ser a melhor. Na altura, o maior concorrente era o grande “Jornal de Notícias”, de quem não queríamos ficar atrás nas histórias de primeira página ou nos números de venda em banca. Tive, e tenho, bons colegas por ali. Encontrávamo-nos em serviços, trocávamos contactos, ideias e dúvidas. E, no final, sabíamos que estávamos a fazer bem: pelo País, por quem nos lia, pela formação.

No dia em que escrevo este Editorial, a redacção do “Jornal de Notícias” está parada, em greve. A do JN, assim como a do DN, da TSF, do “Jogo”…

Há muito que o sector dos Media não vive a grandiosidade dos números de outros tempos. Há muito que as redacções encurtam, que os salários descem, que a fuga para a frente é prática em vários grupos. Também há muito que defendo que uma sociedade sem informação é uma sociedade sem formação, sem presente nem futuro. Sem capacidade de escolha e opinião fundada. Sem guia e à deriva. E deixar cair títulos e marcas de imprensa que ajudem a construir a nossa História é dos maiores crimes contra o próprio País.

Não sei como vai acabar a história da Global Media. Mas quero acreditar que não há plano B e, claro, só pode acabar bem. Enquanto isso, eu por cá agradeço-lhe a si: que nos lê e compra, que investe tempo e em nós. Sem leitores, parceiros, marcas e empresas que continuam a estar na Marketeer, seria difícil fazer acontecer. Nesta que é a edição que celebra os nossos 28 anos em banca só tenho uma palavra: Obrigada!

Editorial publicado na revista Marketeer n.º 330 de Janeiro de 2024

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