Marca de “carne vegetal” que fechou acordo com o Real Madrid chega a Portugal

Há uma nova marca de produtos alimentares à base de vegetais em Portugal. Chama-se Meatless Farm e propõe reduzir o consumo de carne através de alternativas sem ingredientes de origem animal, mas que prometem uma experiência semelhante. Criada em 2016 no Reino Unido, encontrou no mercado português o seu novo destino tendo em conta o interesse cada vez maior demonstrado pelos consumidores relativamente a este tipo de opções.

Quem o diz é Ferry Kamp, director de Marketing da Meatless Farm, segundo o qual Portugal não escapou a uma tendência que é global. Em entrevista à Marketeer, conta que os produtos da marca já podem ser encontrados em plataformas como EasyGreen, GreenBean ou Recheio MasterChef e que a oferta vai desde picado (semelhante a carne picada) a nuggets, salsichas, almôndegas e bifes panados.

Para promover os seus produtos, a Meatless Farm fechou recentemente uma parceria com o Real Madrid. Um dos clubes de futebol mais populares do Mundo decidiu incluir as opções vegetarianas da insígnia na dieta dos jogadores.

Segundo o director de Marketing, o convite partiu do próprio clube: «O Real Madrid contactou-nos e quis trabalhar connosco porque se identificou com a nossa missão e com aquilo que estamos a tentar alcançar». Ferry Kamp conta ainda que a colaboração vai além de um típico acordo de patrocínio, uma vez que ajudará a «alcançar novos e maiores públicos, com o objectivo de levar a alimentação à base de plantas para lá dos vegetarianos e dos veganos».

O responsável sublinha que «é urgente alcançar o máximo de pessoas possível para causar um real impacto positivo no Planeta».

Acompanhe a conversa completa com Ferry Kamp, que explica qual a estratégia de expansão da Meatless Farm para Portugal, bem como os objectivos traçados para a colaboração com o Real Madrid.

O que ditou a entrada da marca em Portugal?

O consumo de alimentos de origem vegetal assume-se como um movimento global a que cada vez mais pessoas estão a aderir e este movimento tem-se reflectido, nos últimos anos e cada vez mais, na indústria e no retalho alimentar.

E Portugal não é excepção: os consumidores portugueses – particularmente os grupos mais jovens – têm demonstrado um interesse cada vez maior em produtos alimentares de base vegetal. Aqui, refira-se os dados do Grande Inquérito sobre Sustentabilidade em Portugal, desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, e publicado em 2019, que demonstram que mais de metade dos inquiridos (50,6%) estão dispostos a reduzir o consumo de carne e a apostar numa alimentação de base vegetal (45,1%).

Sabemos, também, que Portugal é um país com uma cultura gastronómica muito rica, que pode ser, na nossa opinião, conciliada com produtos ambientalmente responsáveis. Na Meatless Farm, acreditamos que não precisamos de ser fundamentalistas (pro vegan ou anti carne) para inverter o nosso caminho. Queremos atingir um público mais amplo, mais mainstream, e tornar a mudança uma experiência saborosa.

Pequenos passos, como incluir uma refeição à base de plantas uma ou duas vezes por semana, são o suficiente para causar um impacto extremamente positivo no meio ambiente e na nossa saúde. Por isso, queremos fazer parte deste ponto de viragem em Portugal e ajudar a sensibilizar os portugueses para a ligação entre o ambiente, a saúde e a alimentação, apresentando alternativas igualmente saborosas para uma dieta mais saudável e sustentável.

Onde é possível encontrar a Meatless Farm?

A Meatless Farm encontra-se actualmente em 24 países, estando presente, por exemplo, na Dinamarca, Alemanha, Holanda e Reino Unido. Estamos também a entrar no mercado espanhol. Em Portugal, já chegámos a plataformas como EasyGreen, GreenBrean e Recheio MasterChef. Além disso, temos uma ampla rede de distribuição global que cobre os EUA, a região Ásia-Pacífico, a América do Sul e o Médio Oriente.

Que produtos estão disponíveis?                          

O projecto começou, numa fase inicial, com o picado (similar, em aspecto, à “carne picada”), alargando-se, actualmente, a outras opções como hambúrgueres, nuggets, salsichas, almôndegas ou, até mesmo, bifes panados. Estamos também a trabalhar noutras opções inovadoras e empolgantes que esperamos revelar num futuro próximo.

Inspirar os consumidores de carne a fazer esta mudança significa que precisamos de criar familiaridade e entusiasmo – trata-se de permitir que quem está a experimentar os produtos pela primeira vez consiga preparar os seus pratos favoritos sem carne. Aqui, a proteína de ervilha que está no coração dos nossos produtos tem um papel muito importante, devido à sua versatilidade, sustentabilidade e sabor e textura que oferece. Todos os ingredientes dos nossos produtos podem ser consultados no nosso website – a transparência é fundamental.

Quais são os planos de expansão a nível nacional?

Queremos continuar a rápida expansão também no mercado português, apostando nos valores da sustentabilidade e equilíbrio do meio ambiente e apoiando as cadeias de retalho alimentar na diversificação da sua oferta. Além da EasyGreen, Green Beans e Recheio MasterChef, estamos em negociação – que se tem revelado bastante positiva – com outros retalhistas e parceiros de foodservice (canais importantíssimos para nós). Neste ponto, refira-se que, normalmente, as tendências começam no canal de foodservice, mas, durante a pandemia, o retalho tem-se posicionado como o impulsionador das tendências de consumo de alimentos de origem vegetal.

De forma a promover uma alimentação mais sustentável, fecharam uma parceria com o Real Madrid. Como surgiu esta colaboração?

O Real Madrid contactou-nos e quis trabalhar connosco porque se identificou com a nossa missão e com aquilo que estamos a tentar alcançar. Esta parceria vai muito para lá do futebol e materializar-se-á em algo mais importante do que colar o nosso logótipo numa camisola ou ter bilhetes grátis – é sobre comunicar a nossa missão e impulsionar o diálogo em torno de uma alimentação sustentável.

A parceria com o Real Madrid vai ajudar-nos a alcançar novos e maiores públicos, com o objectivo de levar a alimentação à base de plantas para lá dos vegetarianos e dos veganos – é urgente alcançar o máximo de pessoas possível para causar um real impacto positivo no planeta.

Como se vai materializar?

A nossa colaboração com o Real Madrid visa inspirar novos públicos a experimentar opções à base de plantas e educar as pessoas sobre o impacto ambiental dos alimentos, bem como os benefícios positivos para a saúde e o bem-estar. Em termos práticos, vamos trabalhar em conjunto com os nutricionistas do clube para demonstrar como alimentos elaborados à base de plantas podem fazer parte de uma dieta saudável e promover um melhor desempenho pessoal.

No âmbito desta parceria, os jogadores do Real Madrid irão partilhar as suas experiências de consumo de alimentos de origem vegetal e de como isso os tornou muito mais conscientes do impacto da alimentação no meio ambiente. Trata-se de uma parceria de longa duração com um conjunto alargados de detalhes, que anunciaremos em breve.

Além do Real Madrid, têm outras parcerias do género em vigor? E noutras áreas que não o desporto?

Também estamos muito orgulhosos por poder trabalhar com o ciclista campeão mundial Mark Cavendish no seu retorno ao ciclismo. Integrar alimentos de origem vegetal na sua dieta tem sido uma parte essencial do seu retorno à competição. Encontrar parcerias genuínas e com um propósito autêntico é a coisa mais importante que o sector precisa para alcançar novos públicos e criar um movimento para ajudar os consumidores de carne a darem pequenos passos em direcção a uma dieta mais verde.

Texto de Filipa Almeida

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