“Lufada de ar fresco” no turismo em Albufeira não é suficiente

Privada do habitual movimento turístico, Albufeira apostou em várias iniciativas para promover o concelho mas também para agradecer a quem visitou as suas praias. Mas, apesar do maior movimento sentido, não é suficiente para a prosperidade do turismo (e alguns negócios) do concelho.

José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, lamenta as quebras sentidas nas unidades hoteleiras do concelho, resultantes da diminuição de turistas e prevê consequências negativas na economia local. Para fazer frente a esse cenário, o município reformulou a sua estratégia de comunicação, apostando principalmente no online, somando-se uma forte campanha junto do mercado espanhol. Mas quis também presentar os que visitaram Albufeira, com espectáculos surpresa para quem visitava a região.

Enquanto na água havia as prestações dos DJ’s China e Nuno Lopes, no ar havia um espectáculo de acrobacia aérea, brindando os banhistas que aproveitavam o sol de Albufeira. E, momentos depois, os The Gift actuavam num local isolado, mas com transmissão online para todo o mundo. Este foi o culminar os eventos Albufeira Summer Live e “Albufeira Esta É a Praia” que, ao longo de vários dias, animaram o concelho algarvio.

O Albufeira Summer Live consistiu numa série de concertos ao longo de quatro datas, em locais não anunciados, de forma a evitar ajuntamentos. No último dia, actuaram China, Nuno Lopes (a bordo de um barco) e The Gift, tendo os concertos sido transmitidos no Facebook da Rádio Comercial.

Neste último dia, em simultâneo, aconteceu também o encerramento do “Albufeira Esta É a Praia”, um ciclo de espectáculos com aviões de acrobacia que animaram as praias da região.

José Carlos Rolo explica que se tratou de uma iniciativa que quis presentear os veraneantes que escolheram o concelho para passar as suas férias, ao mesmo tempo que permitiu promover o concelho.

No entanto, aprofundando a questão do Turismo, o José Carlos Rolo lamenta a forte quebra sentida no sector. E diz que, apesar do mês de Agosto com maior movimento, a economia sai afectada, prevendo o encerramento de vários negócios no final do Verão. «Temos todas as condições para receber mais turistas e esse é o nosso desejo e temos vindo a trabalhar nesse sentido. Mas é preciso haver vontade também da outra parte», afirma José Carlos Rolo.

José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira

“Albufeira Esta é a Praia” e Albufeira Summer Live foram duas iniciativas que, ao longo de vários dias, animaram os visitantes e habitantes de Albufeira. O que motivou esta estratégia?

Foram duas iniciativas que aconteceram no concelho com o intuito de promover Albufeira e cativar possíveis visitantes. O evento “Esta É a Praia” conjuga música sincronizada com acrobacias aéreas. Foi uma forma de agradecimento aos veraneantes que frequentam as nossas praias. O objectivo é transmitir a ideia de que, indo a Albufeira, as pessoas podem encontrar surpresas. O Albufeira Summer Live não só quis privilegiar a música, como as praias e as paisagens do interior do concelho, tornando “apetecível” uma possível visita a Albufeira.

No que respeita ao sector hoteleiro, quais os números referentes a dormidas neste Verão?

Muito abaixo do que foi o ano de 2019. Os nossos hotéis perspectivavam um ano muito rico em dormidas e na economia em geral mas não veio a acontecer. Mas este mês de Agosto, que trouxe uma lufada de ar fresco – mas que não passa disso -, veio dar algum impulso ao concelho.

Qual o impacto desse maior movimento turístico na hotelaria?

Não podemos esquecer que muitos turistas têm cá uma segunda habitação, quer portugueses como internacionais, pelo que esse movimento não se traduz num grande impacto..

Houve uma quebra acentuada nas unidades hoteleiras?

Os hotéis que estão abertos no concelho de Albufeira (porque alguns nem chegaram a abrir) registaram quebras em torno dos 30% a 40%. Ao nível do turismo internacional, houve uma quebra enorme: os habituais turistas ingleses foram muito poucos e, de outros países, também não se registaram muitas visitas. É uma quebra enorme.

Fruto da pandemia, houve necessidade de uma reformulação da estratégia de comunicação?

Sem dúvida, não só a Câmara Municipal como também a Agência de Promoção de Albufeira. Esta entidade fez uma boa campanha junto dos turistas espanhóis na Andaluzia, em concreto em Sevilha e Huelva. Claro que gostaríamos de estar presentes em feiras de turismo mas tivemos de alterar a estratégia para uma aposta no online.

Ao nível do budget para esta área, manteve-se semelhante ao de 2019?

O orçamento foi sensivelmente igual, mas houve uma ligeira redução. Mas foi praticamente alocado no online. Temos apostado na promoção digital noutros países. Não temos muito mais alternativas, uma vez que as feiras de turismo estão suspensas. Deverão ser retomadas em Janeiro, com a Feira de Madrid, mas dado o clima de incerteza e imprevisibilidade, não sabemos o que irá acontecer.

Existem perspectivas de reservas para os próximos meses?

Neste momento não conseguimos fazer previsões. Os hotéis sentem alguma instabilidade por parte dos operadores, devido a várias marcações e desmarcações. A questão de uma eventual vacina gera muita incerteza nos negócios e, consequentemente, no número de dormidas previstas até ao final do ano.

A nível económico, quais as perspectivas para os próximos meses no concelho?

Há negócios que não abriram e, possivelmente, nem vão abrir. E outros que, depois de Agosto e Setembro, poderão fechar.

Texto de Rafael Paiva Reis

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