Luca Bordino leva a cozinha do Maxime ao palco

É um regresso ao passado, no presente, com toques de modernidade que se cruzam com história. Com música, dança e, claro, cabaret. Se “a vida é um cabaret”, então o velho Maxime, que acaba de reabrir, traz-nos de volta ao palco.

Sete anos depois, o espaço está de novo de portas abertas, desdobrando-se agora em espaço de hotel e restaurante, e prometendo, desde já, muita música. Mas se o Grupo Hotéis Real é o grande responsável pelo investimento e transformação, o chef Luca Bordino é o grande culpado por nos alimentar a gula e despertar vários sentidos.

Sentámo-nos à mesa do Maxime numa sexta-feira, em que a vida lá fora, em plena Praça da Alegria convidava… ao convívio. Só que, esse, acredite, acontece também dentro de portas. A começar pela vontade que dá viajar no tempo, recordar histórias e partilhar momentos vividos. Porque o Maxime era tudo isto, uma casa de histórias e com muita história. Os pormenores que se mantiveram – como o enorme balcão que recebe na ampla sala ou os recantos com mesas ou, claro, o palco – ajudam ao passeio e a sentir que nos sentamos em casa.

E sentamos.

Luca Bordino não demora a vir à mesa. É italo-português e isso percebe-se. Na forma como sorri e embala a descrição dos pratos, no jeito leve e sem pretensão de quem acredita no que faz, combinado, claro, com uma juventude que lhe traz asas para criar.

Já esteve na Quinta dos Frades com Igor Martinho, na Cozinha Divina com Chakall, no Ritz Carlton Penha Longa Resort e à frente do BOCA, o primeiro restaurante português em Singapura.

Os pratos que agora nos serve são muito isso, o cruzamento dos seus mundos.

Para entrar, com carta alta, surpreende com o Raw Fetiche – sim, que aqui os nomes de pratos também evocam toda a mística do Maxime. Nem mais que ceviche de peixe branco com leche de touro, beterraba, sour cream e compota de cebola roxa. A combinação com a beterraba seria improvável. Mas é de aplaudir e apetecer pedir mais!

Seguiu-se o Martrini Bijoux, ou camarões com Martini, malagueta, alho, lima e coentros. Está a ver os camarões à guillo? Esqueça. Estes são de outro nível! E o chef sabe-o bem!

Passemos então para os pratos principais. Sim são alguns e variados. Nós provámos e aprovámos o Hidden Secret, um agnolotti recheado com queijo de cabra, molho de cenoura, gema curada, cogumelos Enoki e Hon shimeji e parmesão. Intenso no sabor mas a valer completamente a prova.

Agora, guarde espaço para o Portuguese Wonderland, o bacalhau à Brás da casa, onde o bacalhau confitado se cruza com batata palha, cebola caramelizada, espuma de bacalhau, ovo a baixa temperatura e azeitona preta e verde. Top, chef!

E se quiser ir às carnes, experimente a Hands Off my duck. Trata-se de uma empada de pato com foie gras e cogumelos, puré de batata trufado e salada com vinagrete de champanhe. Confesso que já não cheguei lá, mas diz quem provou que é de aplauso.

Que se mantenha assim. E que as luzes do Maxime não o ofusquem, chef Luca.

Texto de M.ª João Vieira Pinto

Artigos relacionados