KPMG: Boas práticas de governance são um tema relevante para todo o mercado

Os temas relacionados com responsabilidade e sustentabilidade são um dos pilares fundamentais da KPMG, existindo um compromisso contínuo em assegurar comportamentos éticos e responsáveis que salvaguardem a marca e garantam o desenvolvimento da empresa e o bem-estar dos colaboradores e das comunidades.

Em entrevista à Marketeer, Pedro Q. Cruz, ESG coordinator partner da KPMG Portugal, falou das pessoas como principal activo e da importância de investir no conhecimento, na saúde e no bem-estar, assegurando um ambiente inclusivo, onde seja respeitada a variedade de experiências, culturas e perspectivas.

Como tem actuado a KPMG no que diz respeito à responsabilidade social corporativa?

Em 2021, a KPMG investiu cerca de 125 milhões de euros em iniciativas de responsabilidade social junto das comunidades. Além disso, os colaboradores afectaram 81 mil horas a projectos pro-bono e de voluntariado. Em Portugal, fazemos regularmente várias iniciativas internas e externas, onde criamos condições para as nossas pessoas ajudarem comunidades e ONG. Por exemplo, cada colaborador da KPMG Portugal pode dedicar um dia por ano a acções de solidariedade social e de apoio a comunidades por si escolhidas. Adicionalmente, todos os anos são realizadas campanhas de doação de bens ou contribuições monetárias para instituições, como, por exemplo, no Natal, ou a doação de bens para as famílias ucranianas.

São ainda frequentes as iniciativas que envolvem directamente os nossos colaboradores, como, por exemplo, a participação de quase 300 trabalhadores da KPMG na plantação de 2000 vegetais e na confecção de 2500 refeições em parceria com a REFOOD para entrega a comunidades desfavorecidas, ou a Corrida Solidária realizada em Outubro no EUL, onde cada quilómetro percorrido contribuiu com valores monetários para duas instituições de responsabilidade social.

Destaque ainda para a nossa área de well-being, que organiza regularmente acções de recolha de sangue e medula óssea nas nossas instalações.

A responsabilidade social corporativa, na KPMG, não se esgota na filantropia. Significa ainda garantir salários justos para os nossos colaboradores e boas condições de trabalho, como são exemplos os recentes investimentos nos escritórios no Porto e em Lisboa, melhorando significativamente a experiência do trabalho na KPMG. Simultaneamente, em resposta à pandemia, fomos pioneiros na adopção do trabalho em regime híbrido, indo ao encontro das expectativas dos nossos colaboradores.

A nível interno, que acções têm desenvolvido para os colaboradores da empresa?

Além das iniciativas que já mencionei, realço a área de well- -being focada na saúde e bem-estar dos nossos colaboradores. Esta área está focada em quatro eixos – Saúde e Bem-Estar, Inclusão e Diversidade, Responsabilidade Social e Planeta – que advêm dos nossos compromissos e da cultura. Tem desenvolvido um alargado conjunto de iniciativas, como consultas de nutrição e de cessação tabágica, aulas online de ioga e ginástica laboral, torneio de padel para colaboradores, corridas solidárias e webinares sobre temas de interesse geral, como, por exemplo, a alimentação saudável, a prevenção do cancro da mama ou a gestão do stress.

Quais os princípios adoptados pela KPMG para uma prática fiscal responsável?

São o resultado da articulação dos nossos valores (Integrity, Excellence, Courage, Together e For Better) com o nosso Código de Conduta Global. A destacar um princípio muito relevante que proíbe que aconselhemos clientes em transacções com o objectivo de assegurar uma vantagem fiscal contrária ao espírito da lei; ou o princípio, segundo o qual, ao aconselhar os clientes em determinada transacção, fazemo-lo no pressuposto de que todos os factos materiais serão do conhecimento das autoridades fiscais. Temos um rigoroso processo de aceitação de clientes e projectos, que, por diversas vezes, levou a que não trabalhássemos com determinadas entidades, ou em determinados projectos em que considerámos que poderia existir o risco de não estarem alinhados com os nossos princípios. Ou seja, praticamos sempre um apertado controlo de todos os nossos trabalhos no sentido de avaliar se os mesmos se encontram sujeitos à obrigação de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira, nomeadamente, quando apresentem determinadas características específicas que indiciem um potencial risco de evasão fiscal, entre outros.

Qual a responsabilidade social do auditor?

A auditoria e a revisão legal das contas é uma actividade de interesse público, que desempenha uma revisão independente da integridade e veracidade da informação financeira publicada pelas empresas, sendo um factor de confiança para os mercados.

As responsabilidades do auditor têm evoluído e são hoje mais abrangentes, não se limitando à revisão das demonstrações financeiras e contribuindo de forma muito relevante para o desenvolvimento de melhores práticas de corporate governance. O interesse público reflecte-se também numa cooperação próxima com outros órgãos de fiscalização, assegurando sempre uma perspectiva profissional independente.

A entrada no mercado de capitais e o planeamento de um processo de sucessão, por exemplo, implicam a aplicação de boas práticas. Como actuam neste sentido?

Temos uma grande experiência neste tipo de serviços, tendo apoiado várias empresas nos desafios da melhoria das práticas de governança corporativa e de controlo interno, na comunicação com o mercado e com os principais stakeholders.

Boas práticas de governance são, hoje, um tema relevante para todo o mercado, quer sejam empresas que pretendam entrar no mercado de capitais, empresas familiares a enfrentar desafiantes processos de sucessão, ou empresas que querem melhorar o seu governance e adoptar boas práticas, com impacto positivo no seu posicionamento perante fornecedores, bancos, clientes e investidores.

Que medidas têm tomado para reduzir a pegada ecológica?

Começo por destacar o nosso novo edifício FPM41, em Lisboa, que se caracteriza pela utilização de “energia verde”, pela redução do consumo de papel e de consumíveis, pela redução do consumo de plástico, a maximização de materiais “eco-friendly” e a utilização de impressoras de nova geração que diminuem o consumo energético.

Conscientes do peso do automóvel nas emissões de CO2 , a nossa frota foca-se em eléctricos ou híbridos, e incluímos nos benefícios que atribuímos aos colaboradores diversas medidas de fomento da utilização de transportes públicos ou eléctricos.

Adicionalmente, procuramos realizar campanhas de sensibilização para o uso de bicicleta e de car sharing, como, por exemplo, o sorteio, no Dia Mundial da Bicicleta, de uma bicicleta eléctrica para um dos nossos colaboradores.

Como cooperam com os clientes para reduzir os gastos de energia e de consumo? Prestam aconselhamento nesta área?

Os desafios ambientais afectam todos os clientes da KPMG, bem como a grande maioria dos serviços que prestamos, exigindo que a KPMG incorpore perspectivas ESG nos serviços que actualmente presta. Ao mesmo tempo, é essencial investir na capacitação das equipas para ajudar os clientes nas várias dimensões da sua jornada ESG, nomeadamente na redução dos gastos com energia e das emissões CO2.

Para responder a este complexo desafio, a KPMG anunciou em 2020 um investimento de 1,5 mil milhões de dólares em três anos para reforçar as áreas de serviços relacionados com a implementação da agenda ESG, no âmbito do qual desenvolveu o KPMG Impact Plan. Trata-se de uma plataforma que apoia e capacita os profissionais da rede global da KPMG para apoiarem os seus clientes na sua jornada ESG.

Em linha com a estratégia ESG Global, em Portugal, criámos uma equipa multidisciplinar capacitada para ajudar os clientes nas várias dimensões da sua estratégia ambiental, social e de governo. Trata-se de apoiar os nossos clientes no desenvolvimento e alinhamento da ambição estratégica, do modelo de negócio e na capacitação operacional e financeira. O objectivo é ajudá-los a estabelecer prioridades relativamente aos seus esforços no âmbito do ESG e simplificar alguns dos trade-offs mais difíceis. Mas também ajudar a captar e visualizar dados, métricas e divulgações em matérias ESG, a compreender a complexa regulamentação e a efectuar benchmarks sectoriais, alinhando as divulgações com as melhores práticas ESG e com a estratégia empresarial da organização, assegurando uma posição de “first movers” nas temáticas ESG.

Em 2012, a KPMG foi eleita a Organização Internacional Sustentável do Ano pela IAB – International Accounting Bulletin. Que outros galardões conquistaram e o que mudaram desde então?

O principal galardão ou prémio para o qual trabalhamos é o reconhecimento e confiança dos nossos clientes. Com este objectivo em mente, a KPMG foca-se no reforço do seu investimento global nas áreas de serviços e projectos relacionados com a implementação da agenda ESG, tendo criado em 2020 um novo programa global, o KPMG Impact Plan. Este programa tem o compromisso de cumprir as metas de redução do consumo de energia e emissões de CO2 , o aumento do uso de energias verdes, mas também a melhoria das práticas de governance, o aumento da participação das mulheres na gestão e a criação de um programa IDE (Inclusion, Diversity and Equity), criando uma cultura solidária, inclusiva, baseada em valores para os nossos colaboradores, promovendo a inclusão e diversidade, e a sua aprendizagem contínua.

Quais os objectivos para 2023?

Em 2023 continuaremos empenhados na implementação do nosso KPMG Impact Plan, na melhoria do bem-estar dos nossos colaboradores e em atingir as ambiciosas metas definidas no âmbito deste programa global da KPMG.

Um dos principais objectivos para 2023 é o reforço da capacitação das nossas equipas nas várias dimensões ESG, de forma a assegurarmos os recursos suficientes para responder a uma procura crescente deste tipo de serviços. A agenda de 2023 já contempla várias iniciativas de responsabilidade social, interna e externa, continuando o legado dos anos anteriores, fiéis aos nossos valores – together for better.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 317) da Marketeer.

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