Influenciadores reforçam trincheiras na luta contra o COVID-19

Os temas tratados por alguns influenciadores digitais ao longo dos últimos dias mudaram. Já não partilham apenas experiências e conteúdos relacionados com as respectivas actividades – nutrição, desporto, cozinha, viagens ou moda, entre outros. Com a chegada do novo coronavírus a Portugal, as recomendações de isolamento social e o início da quarentena para muitas pessoas, os influenciadores apresentam-se ao serviço para incentivar os seus seguidores a ficarem em casa.

Alguns deles foram desafiados directamente pela Direcção-Geral de Saúde – através da agência Guess What – como é o caso de Marisa Cruz, Rita Ferro Rodrigues, Ágata Roquette ou Ana Garcia Martins (A Pipoca Mais Doce). Partilham recomendações oficiais e apelam a adopção de comportamentos mais seguros.

A Pipoca Mais Doce decidiu também apostar noutra vertente necessária ao período de quarentena: o entretenimento. Deu início a uma rubrica de tom humorístico, intitulada “Big Corona 2020”, através da qual brinca com a situação em que milhares de portugueses se encontram. O humor é também a arma de outras figuras como Nuno Markl, Diogo Faro, Mariana Cabral (Bumba na Fofinha) ou Rui Unas, que se têm juntado a este esforço colectivo no sentido de fazer rir por entre a crise.

 

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Uma palavra agora para os teóricos da conspiração que dizem que não acreditam no covid-19 e que é tudo cenas que coiso – queridos, tudo bem, quando acabar o isolamento e isto passar falamos sobre isso. Agora se calhar davam o benefício da dúvida ao lado da questão que envolve mortes reais e respeitavam os outros – a carneirada, se vocês nos quiserem chamar isso; tudo bem – e não se punham a espalhar que isto é tudo fictício. Porque havendo a possibilidade de não ser, podem estar a encaminhar almas mais vulneráveis para doença / morte. Vá, não custa nada. Não é censura, é três semanas a reflectir. Nem que seja a reflectir na grande conspiração que vocês têm a certeza que está a acontecer. Daqui a umas semanas, tudo correndo pelo melhor, debatemos tudo e, se quiserem, até podemos ir fazer isso para uma esplanada.

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A esta lista de influenciadores prontos a sensibilizar os portugueses para cumprirem as recomendações somam-se ainda Cristiano Ronaldo, Jessica Athayde, Cristina Ferreira, Catarina Furtado ou Rodrigo Guedes de Carvalho. No mundo do YouTube, encontram-se também exemplos de influenciadores digitais prontos a lembrar (especialmente as gerações mais jovens) daquilo que devem fazer para se protegerem a si próprios e aos outros. Windoh e RicFazeres estão entre os que já partilharam conteúdos sobre o tema.

Lá fora, Tom Hanks será um dos casos mais conhecidos. O actor e a mulher estão infectados com o COVID-19 e têm publicado mensagens de esperança no Instagram. A italiana Chiara Ferragni, considerada uma das instagrammers mais influentes do Mundo, também tem partilhado a sua rotina em modo quarentena. Sendo Itália, actualmente, o país mais afectado da Europa pelo COVID-19, o facto de Chiara Ferragni mostrar que está em casa e falar abertamente sobre o assunto poderá ajudar a que pelo menos alguns dos seus seguidores de vários pontos do planeta sigam o mesmo caminho.

Além de casos individuais, há também movimentos que nasceram com o novo paradigma. É o caso de #StayTheFuckHome, que em Portugal tem ganho expressão através da hashatag #fiquememcasa.

Destaque ainda para os eventos que têm surgido no mundo digital para garantir que a cultura não fica esquecida, mesmo que não se possa sair de casa. O Teatro Aberto e o Teatro Nacional D. Maria II, por exemplo, estão a transmitir peças via streaming, ao passo que no Instagram proliferam os concertos e festivais de música virtuais (como o Festival Eu Fico em Casa). Alguns deles têm ainda um propósito solidário, como é o caso de Convida19.

Segundo Fred Furtado, CEO da empresa brasileira de Marketing de Influência Tubelab, verifica-se uma tendência para que os influenciadores digitais e criadores de conteúdos vejam o respectivo alcance e audiência crescer. Citado pelo jornal Estado de Minas, explica que as novas gerações não consomem meios offline, como revistas ou jornais, preferindo os canais digitais.

«Os influenciadores terão enorme penetração nestas pessoas, e, portanto, serão responsáveis por disseminar todas as informações relevantes e terão um papel extremamente relevante nestes casos. Eles falam no mesmo tom de voz e têm os mesmos interesses desta geração», sublinha.

Fred Furtado considera ainda que a quarentena resultará num crescimento da oferta de conteúdo disponível na Internet: «Com a maioria da população em casa e consumindo principalmente TV e Internet, os influenciadores terão a oportunidade de produzir mais conteúdo e aumentar muito a sua capacidade de alcance. Contudo, terão a responsabilidade não apenas de entreter, mas também de transmitir mensagens positivas neste momento de tanta dificuldade, mas que juntos vamos superar e sair ainda mais fortes.»

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