IKEA quer mudar a narrativa em torno dos refugiados

«Na IKEA queremos ser promotores de uma mudança positiva e contribuir activamente para uma sociedade mais justa e inclusiva, pelo que a integração dos refugiados nas comunidades onde estão inseridos é, há muitos anos, um dos principais objectivos da marca.» As palavras são de Cláudia Domingues, Country Communication manager da IKEA, que garante que querem não só eliminar os preconceitos e alterar a narrativa em torno dos refugiados, como dar apoio concreto para a integração nas suas novas comunidades e na construção do seu futuro.

Foi com este objectivo que, em 2021, nasceu o Programa de Empregabilidade para Refugiados da IKEA, em parceria com o Conselho Português para os Refugiados (CPR) e o Alto Comissariado para as Migrações (ACM). Trata-se de um estágio profissional remunerado que tem uma abordagem integrada, combinando a formação on-the-job com aulas de português e sessões socioculturais e de empregabilidade, explica a mesma responsável. E já está em curso a segunda edição deste programa.

Hoje, arranca a campanha “Juntos por todos os refugiados” para marcar a efeméride do Dia Mundial dos Refugiados. A IKEA vai, pela primeira vez, promover doações directas para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), parceira da marca há mais de 10 anos, nas suas plataformas, seja online, na app ou nas caixas de pagamento em loja. A campanha de sensibilização será promovida nos canais da marca e em social media para chegar ao maior número de portugueses possível, promovendo também a doação directa para o ACNUR, para apoiar diferentes projectos de apoio e integração.

Acompanhe a conversa com Cláudia Domingues sobre os trabalhos que a IKEA tem vindo a desenvolver para a integração dos refugiados.

Está em curso a 2ª edição programa de empregabilidade para refugiados da IKEA. Que aprendizagens da 1ª edição?

A principal aprendizagem da primeira edição é a de que este programa tem um impacto real e positivo na vida dos participantes e nas equipas IKEA. A integração no dia-a-dia de uma equipa, o acompanhamento personalizado, aprender a lidar com novos desafios e participar com uma nova perspectiva na resolução desses mesmos desafios são aspectos altamente valorizados pelos participantes. Para além disso, concluímos, através do feedback que recebemos, que o apoio dado ao nível das aulas de português e das sessões socioculturais e de empregabilidade tem de facto efeitos práticos muito relevantes na vida dos participantes. E, claro, como, reforçámos a convicção de que as equipas mais diversas e inclusivas têm um maior potencial, com maior motivação, criatividade e melhores resultados.

É importante referir ainda que o impacto deste programa junto dos nossos colaboradores é também muito real, havendo não só uma mudança de perspectiva sobre os refugiados e o seu contexto, como uma maior consciencialização e compromisso para a integração dos novos colegas.

A nível global, a iniciativa “Skills for Employment” do Grupo Ingka já deu apoio a mais de 1.400 refugiados na melhoria da empregabilidade, competências linguísticas e experiência de trabalho. O objectivo é chegar às 2.500 pessoas, em 30 países, até ao final deste ano.

O que é que esta nova edição traz de novo?

Esta edição do Programa de Empregabilidade mantém os mesmos moldes do ano anterior, mas acreditamos que há sempre espaço para melhorar o que fazemos. Foram feitos alguns ajustes, por exemplo, em relação ao equilíbrio entre as horas de formação e da prática on-the-job, na adaptação do programa de e-learning à literacia digital dos estagiários, e em alguns processos de follow-up de desempenho ao longo do estágio.

Independentemente de se ficam a trabalhar na IKEA, quais as competências com que estes refugiados saem do programa, no final do mesmo?

O Programa de Empregabilidade para Refugiados é um estágio profissional remunerado, com a duração de seis meses, que tem uma abordagem integrada através da formação on-the-job, aulas de português e sessões socioculturais e de empregabilidade.

Cada estagiário é alocado a um departamento para aprendizagem de uma função, (Logística, IKEA Food, Recovery, Vendas e Apoio ao Cliente). Além da orientação do responsável de cada área, cada estagiário tem também um buddy, um colaborador IKEA da equipa de acolhimento que faz um acompanhamento ainda mais próximo e pessoal, de forma a promover uma integração mais fluída e fomentar a troca de experiências e aprendizagens.

Além da experiência de trabalho, as aulas de português e as sessões socioculturais e de empregabilidade permitem que os estagiários fiquem mais familiarizados com o alfabeto latino e com a cultura e tradições portuguesas, possibilitando melhores interacções sociais e também em contexto de trabalho. São também desenvolvidas soft skills, para a facilitação da sua integração no mercado laboral português e práticas para processo de procura de trabalho.

Quando arranca a campanha “Juntos por todos os refugiados” e em que meios marcará presença?

A campanha “Juntos por todos os refugiados” arranca hoje, dia 20 de Junho, para marcar a efeméride do Dia Mundial dos Refugiados. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), há mais de 6 milhões de refugiados ucranianos e o número de pessoas forçadas a fugir de conflitos, violência, violações dos direitos humanos e perseguição é superior a 100 milhões em todo o mundo, pela primeira vez na história moderna.

Para a IKEA, todos merecemos sentir-nos bem-vindos, independentemente de quem somos ou de onde vimos, e, através desta campanha, queremos reforçar o compromisso da marca em mudar a narrativa em torno dos refugiados. Queremos eliminar barreiras, preconceitos, e contribuir para o acolhimento da diferença.

É por isso que a IKEA vai, pela primeira vez, promover doações directas para o ACNUR, parceira da marca há mais de 10 anos, nas suas plataformas, seja online, na app ou nas caixas de pagamento em loja.

A campanha de sensibilização será promovida nos canais da marca e em social media para chegarmos ao maior número de portugueses possível, promovendo também a doação directa para o ACNUR, para apoiar diferentes projectos de apoio e integração.

Qual a importância de Portugal para esta campanha que é global?

Somos um de muitos países do Grupo Ingka que estão a implementar esta campanha e acreditamos que todos temos um papel muito relevante na contribuição para a mudança positiva de narrativa sobre os refugiados.

Quais são os objectivos desta campanha em Portugal?

Esta campanha do Grupo Ingka, feita em parceria com o ACNUR, tem como objectivo atingir os 20 milhões de euros em doações a nível global.

Os refugiados ucranianos estão, hoje, no centro das atenções. O que é que a marca tem feito para ajudar estas pessoas que chegam a Portugal e com que entidades tem estado articulada?

O Grupo Ingka disponibilizou, a nível europeu, 10 milhões de euros para apoio de emergência à comunidade ucraniana deslocada. Está a fazê-lo através de doações de produto e financeiras, em especial junto dos países que fazem fronteira com a Ucrânia. Portugal é um dos países que está incluído neste plano de apoio internacional da marca.

Por isso, em Março deste ano, a IKEA Portugal lançou uma task-force interna com o objectivo de apoiar a comunidade ucraniana refugiada que chega a Portugal. Neste movimento, contactámos, proativa e directamente, várias autarquias e associações e disponibilizámo-nos para apoiar no acolhimento destes deslocados de guerra através da doação de artigos para a casa. Até agora, e através destas instituições, já conseguimos impactar 192 pessoas deslocadas, com 2.788 artigos no valor de cerca de 30.000 euros.

Mas há mais refugiados em Portugal, de outras origens. De que forma têm sido ajudados pela IKEA?

A ligação com o tema dos refugiados não é nova para a IKEA em Portugal. Em parceria com o CPR, o ACM e diversos municípios, a IKEA tem apoiado de diferentes formas o acolhimento de refugiados em Portugal. Exemplo disso é a recente renovação do equipamento do Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados de Lisboa que já tinha sido equipado e decorado por nós, em 2019. Para além disso, nos últimos dois anos, temos vindo a preparar refugiados para o mercado de trabalho, através do Programa de Empregabilidade. Finalmente, temos usado a nossa voz para dar visibilidade a este tema e, como dizia, a contribuir para uma mudança de narrativa e quebra de preconceitos em relação a pessoas que foram forçadas a sair dos seus países e que, como cada um de nós, têm o direito a sentir-se em casa. Independentemente da sua origem. Como dizemos na campanha, estamos “Juntos, por todos os refugiados”.

Com a proximidade geográfica destes refugiados ucranianos, sentem que os portugueses se tornaram mais sensíveis ao tema ou a disponibilidade para ajudar já se manifestara antes?

Pensamos que a situação vivida na Ucrânia está a ser vivida de forma intensa em toda a Europa, e Portugal não foi excepção. Temos uma comunidade ucraniana forte no nosso país, que abriu de imediato as portas a estes deslocados de guerra, em situações muito vulneráveis. Foi notório o movimento do País, quer de instituições quer da sociedade civil, no acolhimento a estes refugiados. Acreditamos que caminhamos para uma mudança positiva e que as barreiras estão a ser quebradas.

Texto de Maria João Lima

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