Idade e preocupação com o preço impactam adopção (ou não) de práticas sustentáveis

Há vários factores que podem influenciar a adopção de novas práticas e hábitos, nomeadamente no que diz respeito à sustentabilidade. Dois dos principais factores são a idade e a sensibilidade ao preço, segundo indica um estudo realizado pelo Echangeur, centro de investigação económica do Cetelem – BNP Paribas Personal Finance.

O “Circular Economy Book”, elaborado com base nas respostas de 14 mil indivíduos na Bélgica, Espanha, França e Portugal, analisou 10 perfis de consumo e descobriu que nove deles parecem envolver-se com a questão da economia circular.

Os perfis abrangidos no estudo correspondem aos estilos de vida mais comuns no País, identificados através do cruzamento de critérios sociodemográficos e orçamentais.

Perante esta análise, o Echangeur descobriu que as famílias abastadas apresentam o maior grau de compromisso. Seguem-se os simpatizantes com a economia circular: Jovens Adultos Despreocupados, Casais Jovens, Famílias Estrategas e Casais Ouro de Meia-Idade.

Por outro lado, Famílias Pressionadas, Trabalhadores Solteiros, Modestos de Meia-Idade e Casais Reformados aparentam estar pouco comprometidos. Por seu turno, a grande maioria dos Seniores Solitários não revela compromisso com economia circular.

Conheça os 10 perfis analisados e a sua relação com a economia circular, de acordo como estudo:

Famílias Abastadas: campeãs da economia circular

As famílias abastadas aparecem como campeãs da economia circular, pois são o perfil que adoptou a economia circular mais profundamente nos seus hábitos. Como beneficiam de margens orçamentais, estão na vanguarda do consumo e podem integrar práticas mais circulares. Estas famílias não hesitam em comprar produtos caros que parecem ser os melhores em termos de qualidade, impacto ambiental e saúde.

Jovens Adultos, Casais Jovens, Famílias Estrategas e Casais Ouro de Meia-Idade

Simpatizantes da economia circular                     

Encarando a economia circular como uma forma de reduzir custos, enquanto vivem experiências de vidas gratificantes, os jovens adultos despreocupados, os casais jovens, as famílias estrategas e os casais ouro de meia-idade são simpatizantes da economia circular. Regra geral, não são proprietários e demonstram interesse pelos serviços de aluguer, sendo também atraídos pelas compras a outros indivíduos (CtoC). Estes encontram-se, também, bastante preocupados com as questões ambientais.

Os jovens adultos despreocupados têm um orçamento reduzido e, por isso, favorecem os serviços CtoC como a compra ou venda em segunda mão (26%), assim como sites de reservas na internet ou troca de alojamento (29%). São pró-consumo sustentável, mas a preocupação com os preços dificulta um compromisso mais profundo com a sustentabilidade nas decisões de compra. Contudo, no que toca à tecnologia os jovens adultos estão dispostos a pagar preços mais elevados por artigos de melhor qualidade e duráveis (44%).

Os casais jovens lidam com economia circular como um meio para moldar o futuro do seu agregado familiar com redução de custos, enquanto vivem experiências. Estes incorporaram fortemente os serviços CtoC nas suas práticas, principalmente para fazer face às despesas a que estão sujeitos. De facto, a compra e venda, em segunda mão (32%), sites de reservas na internet ou troca de alojamento (26%) são muito populares entre este grupo.

As famílias estrategas parecem estar prontas para a compra ou venda em segunda mão (30%), pois permite-lhes ter produtos de qualidade a um preço mais baixo. Apesar de estarem conscientes do papel que têm a desempenhar a nível ambiental, não dão prioridade à sustentabilidade quando compram um produto, nomeadamente por razões orçamentais.

Os casais ouro de meia-idade possuem os rendimentos e bens mais elevados de todos os perfis e têm uma capacidade de poupança significativa. Mesmo que a sustentabilidade nas decisões de compra não surja como uma grande preocupação, quando compram um produto são muito sensíveis à boa qualidade e estão dispostos a pagar por isso.

Famílias Pressionadas, Trabalhadores Solteiros e Modestos de Meia-Idade

Indivíduos que estão um pouco envolvidos nas práticas de economia circular

Entendendo a economia circular como um meio para economizar custos e fazer face ao elevado peso das despesas pré-alocadas a que se submetem, as famílias pressionadas, os trabalhadores solteiros e os modestos de meia-idade aparecem como pouco empenhados na economia circular.

As famílias pressionadas são o perfil mais limitado em termos de orçamento e vêem a economia circular como um meio de redução de custos. A sustentabilidade nas decisões de compra não é uma preocupação para estas famílias e não se encontram numa posição em que possam comprar produtos de menor impacto ambiental, por terem um preço mais elevado.

Dentro dos trabalhadores solteiros existem dois grupos: os 30-44 anos e os 45-59 anos. Estão ambos ligados por um traço comum que é o de viverem sozinhos e suportarem as despesas pré-alocadas. Estas duas subpopulações, devido ao seu intervalo geracional, têm hábitos distintos, o que altera a forma como se envolverem na economia circular. Ambos parecem considerar a sustentabilidade como um critério importante na compra de um produto. No entanto, como têm muitas despesas, o preço surge, especialmente para aqueles com mais de 45 anos, como um critério importante nas suas decisões de compra.

Os modestos de meia-idade são indivíduos com baixo rendimento, com bastantes despesas e uma capacidade de poupança limitada. São fiéis ao consumo mais tradicional e não parecem mudar para se envolverem em práticas de economia circular, até porque estão menos envolvidos digitalmente. Apesar de parecerem sensíveis à compra de produtos locais directamente aos produtores (39%), o seu baixo rendimento impede-os de considerarem a sustentabilidade como um critério nas decisões de compra (dando preferência a produtos de baixa qualidade).

Os Casais Reformados e os Seniores Solitários

Idosos não são atraídos por serviços ligados à economia circular

Estando mais inclinados para o consumo mais tradicional, onde a propriedade é importante, os casais reformados e os seniores solitários não aparecem como alvos estratégicos dos serviços de economia circular, nomeadamente por razões geracionais.

Contudo, como os casais reformados estão ligados à sustentabilidade, os princípios da economia circular estão bem enraizados na sua mentalidade. Os casais reformados e os seniores solitários estão longe do uso do CtoC, em comparação com os outros perfis.

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