Game of Trends – Um artigo interactivo

Por Filipe Macedo, CMO da comOn

Escrever um artigo de tendências para 2020 na terceira semana de Janeiro parece estranho. Por esta altura já todos lemos várias previsões, estudos e opiniões sobre o novo ano e a década que agora começa. Been there, done that. Mas será mesmo um tema fora de prazo? Ou será que a nossa impaciência e a necessidade de chegar sempre primeiro estão, na verdade, a impedir-nos de tirar real proveito das oportunidades que nos esperam? Vamos jogar um jogo e descobrir.

Abaixo poderão ler 6 tendências que, na minha opinião, são bastante relevantes para os profissionais de marketing. O twist é que 3 são tendências para 2020, mas as outras 3 são na verdade tendências de 2010.

O primeiro desafio que vos lanço é tentar adivinhar quais as tendências mais recentes e quais têm 10 anos (soluções no final do texto). O segundo desafio é ignorarem por completo essas datas e avaliarem qual a tendência que é, de facto, uma boa oportunidade a explorar pela vossa marca.

  • O consumo de vídeo continuará a crescer. O vídeo on-demand e o streaming vão continuar a crescer, impulsionados sobretudo pelo consumo mobile. Prevê-se que este ano o streaming de vídeo chegue até aos 37% do tráfego total da Internet durante as horas da “TV tradicional”, enquanto no YouTube são adicionadas 35 horas de conteúdo a cada minuto. Haverá uma cada vez maior integração do vídeo com o ecommerce – incluindo a incorporação de links directos para a compra – e o provável aparecimento de novas ferramentas e plataformas, como aconteceu no ano que passou;

 

  • Não há confiança sem transparência. A última década trouxe-nos uma série de acontecimentos negativos que prejudicaram bastante a confiança nas empresas. Hoje, é muito mais difícil um consumidor acreditar cegamente na promessa de uma marca. As marcas que aceitarem esta perda de ingenuidade, e fizerem um real esforço para se tornarem mais transparentes e honestas, estarão no caminho certo para conseguirem maior fidelização e advocacy. Construir confiança será chave no próximo ano e, uma vez conquistada, é preciso lutar para a manter. É um esforço contínuo;

 

  • Dark social e as mensagens de grupo privadas. As apps de mensagens privadas e os grupos fechados são cada vez mais populares. As redes sociais estão aos poucos a tornar-se mais privadas, mais focadas e mais locais. Os utilizadores são mais criteriosos com o conteúdo que partilham publicamente na sua timeline e com as plataformas que usam para o partilhar;

 

  • O que é teu também é meu. O conceito de propriedade está ser reinventado através de novos modelos de negócio baseados em aluguer e revenda. Claro que ainda queremos comprar coisas, mas os bens que possuímos são cada vez menos um símbolo de status ou algo que nos define enquanto pessoas. O rápido avanço tecnológico e a mudança de atitudes em relação à sharing economy estão a tornar cada vez mais atractivos estes modelos baseados em partilha, empréstimo e revenda;

 

  • Descentralização nas organizações. Cada vez mais empresas adoptarão um modelo operacional “conectado/em rede”, com um maior uso de freelancers ou outro tipo de especialistas on-demand. Obviamente, isto torna-se possível graças à globalização e à maior facilidade de trabalho remoto, ao mesmo tempo que permite mais flexibilidade e maior controle de custos. Juntamente com o modelo organizacional “conectado/em rede”, espere ouvir mais sobre os modelos organizacionais “hub and spoke” ou “matriz”, que dão resposta à necessidade de maior velocidade e agilidade;

 

  • Agências in-house e internalização de competências. Muitas empresas estão a caminhar em direcção à internalização de funções e competências, que tradicionalmente eram sub-contratadas a agências ou outros prestadores de serviços. A criação de agências in-house já é uma realidade para algumas marcas portuguesas. Um estudo internacional recente diz-nos que essa internalização está a acontecer maioritariamente no território da adtech, onde 30% dos entrevistados do lado do cliente afirma que já gere internamente e 34% afirma passar a fazê-lo durante este ano.

 

Conseguiu acertar no ano de todas as tendências? Mesmo que o tenha conseguido, é provável que tenha sentido que afinal o mundo não muda assim tão rápido. Escrever tendências é fácil, mas a mudança raramente é tão imediata como imaginamos. É complexa, demora tempo e implica reajustes constantes. Mais importante que conhecer ou seguir todas as tendências, é escolher aquela que faz realmente sentido para nós e criar um plano de médio/longo prazo para a implementar. Como diz Bill Gates, «a maioria das pessoas avalia exageradamente o que pode fazer num ano e subestima o que pode fazer em dez anos».

Perseguir tendências é um pouco como a história do burro a correr atrás da cenoura. É muito fácil distrairmo-nos com novas modas, novas tecnologias ou plataformas, mas os consumidores vão sempre mover-se mais rápido que os marketeers. Quando tudo muda tão rapidamente, devemos prestar mais atenção ao que nunca muda, como a natureza humana e as reais necessidades dos consumidores.

Solução: 1 – 2010; 2 – 2010; 3 – 2020; 4 – 2020; 5 – 2010; 6 – 2020.

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