“Freelancer do Dia CCP by Marketeer”: Laura Tomás

É difícil sobressair por entre dezenas de currículos. A partir de certa altura, os nomes confundem-se e aquele que poderia ser o par perfeito para um projecto na calha acaba por fugir. Partindo do directório lançado pelo Clube Criativos Portugal (CCP), a Marketeer propõe conhecer melhor alguns dos talentos freelancers nas áreas da criatividade e comunicação.

Laura Tomás é a mais recente protagonista da rubrica “Freelancer do Dia CCP by Marketeer”, que apresentará, duas vezes por semana, exemplos de quem decidiu aventurar-se por conta própria.

Qual é o trabalho de que mais te orgulhas?

De uma forma geral, orgulho-me de todos os projectos que integrei. Pode parecer uma resposta clichê, mas quer tenha sido em processo de agência ou em regime freelancer, cada projecto teve uma história e um processo. A verdade é que a maior parte das vezes estas histórias não são exteriorizadas, mas são tão ou mais importantes que o resultado final. Não chegamos onde chegamos sem antes percorrer um caminho. E, em boa verdade, já trabalhei tantas marcas, incríveis, que me parece injusto estar a destacar umas em detrimento das outras. Mas, claro, houve projectos que me deixaram mais completa e orgulhosa do que outros, isso é inevitável.

Qual é o projecto que queres fazer a seguir?

Ser freelancer é uma novidade para mim. É um resultado da pandemia e é um resultado bom. Tenho feito trabalhos para agência e tenho feito muitos trabalhos a título pessoal, na minha micro-qualquer-coisa-agência (a The Z Lab), directamente para o cliente. Confesso que gosto desta sensação mista de poder reencontrar colegas com quem gosto de trabalhar, que me fazem pensar, que me desafiam, tal como gosto de estar a gerir directamente o cliente, e compreender as suas ‘dores de crescimento’ de uma forma mais próxima. Gosto muito de desafios, por isso, o projecto que mais gostava de fazer a seguir tem de ser, sem sombra de dúvidas, desafiante (no bom sentido, claro!).

No entanto, ao longo dos anos, tenho compreendido que gosto muito de trabalhar desenvolvimento estratégico digital na área do consumo, saúde e corporativo, por esta mesma ordem. Ser convidada para projectos 360º dentro destes pilares deixa-me sempre eufórica.

Porque é que te devem contratar?

Esta será sempre uma pergunta difícil de responder, tal como aquela pergunta que nos fazem de quais são os nossos pontos fortes e os nossos pontos fracos, porque ou exageramos ou somos demasiado modestos. Por isso, diria apenas que posso partilhar que minha promessa incide sobre a disponibilidade, a compreensão e a dedicação. Penso que estes são os meus elementos-chave para estar a trabalhar em qualquer projecto, marca ou empresa porque são características que me permitem facilmente moldar a qualquer situação.

Como vês a situação actual?

Falar do momento que vivemos actualmente traz-me mixed feelings. De uma forma geral, acredito que na área da comunicação, especialmente na área digital (área em que me insiro), temos vindo a crescer e a agarrar com força o que surge, mesmo que muitas vezes estejamos à deriva. E isto é um sucesso, claro. Mas é importante compreender que, a nível global, as pessoas começam a reavaliar o que é mesmo importante para elas e a forma como consomem (online ou offline) passa a ter um sentido completamente diferente. E isto começa a mudar a forma como sempre actuámos. Nunca o desejo de intimidade foi tão grande como agora. Não só para aqueles que denominamos de target, mas também para as próprias marcas, entidades corporativas, agências, freelancers, etc. Nunca estivemos tão longe, mas tão próximos. E nunca nos entendemos tão bem como agora. Sobre o futuro da minha área? Vamos ter de começar a repensar o digital, os processos de trabalho e as relações gerais sob a premissa daquilo seria voltar a experienciar ‘The Simple Life’. E isto vai impactar a forma como trabalhamos, claro. Não é fácil esquecer e não será fácil regressar à essência naïve fundamentada pela relação realista. Mas, sendo optimista, talvez a pandemia nos tenha trazido learnings suficientes que possam ficar acima dos nossos medos.

Desde quando és freelancer e porquê essa decisão?

Tornei-me freelancer porque a minha vida acabou por seguir esse percurso de uma forma muito natural. Não existiu uma crença ou uma desavença na minha história profissional que seja extraordinária para ser contada. Apenas uma necessidade emergente de estar em disrupção total com a forma como eu vivo e experiencio o meu dia-a-dia. Foram e são muitas horas dedicadas a projectos, agências, empresas, pessoas que, a certo momento, nos faz sentir que tudo pode desaparecer por entre os dedos e que temos de mudar de vida, para melhorar, para crescer, para proporcionar novas ambições. Enquanto freelancer sou obrigada a viver um dia de cada vez, sem grandes antecipações, ou prospeções futuras. Ao contrário do que seria de esperar este flow deixa-me menos stressada, mais tranquila, mais feliz e com mais tempo para tudo e todos, de uma forma qualitativa. E, no final do dia, não deixei de trabalhar com ninguém com quem já tenha trabalhado, o que me deixa mais preenchida.

Quais as vantagens e desvantagens de ser freelancer?

Ser freelancer tem tantas vantagens quanto desvantagens. Quem vende a ilusão de que ser freelancer é algo incrível partilha nada mais do que essa mesma ilusão. Temos muitos mais desafios. Há meses em que não sabemos se vamos ter trabalho e os nossos dias deixam de ser inteiramente focados apenas naquelas que são as nossas funções ou valências e passamos a desdobrar-nos em áreas diferentes: a área comercial, a área financeira, a área de cobrança, a área criativa, a área de gestão. Somos forçados a crescer, de forma estruturada e orientada. E, mesmo assim, há dias em que cometemos erros. Repletos de frustração. Viver desafios de alto impacto diariamente não é para todos, tal como, andar de montanha-russa não é para todos. Confesso que ainda estou a descobrir quais são os meus limites. Mas a experiência está a deixar-me mais resiliente, paciente e agradecida. As coisas acontecem. E acontecem bem, na maior parte das vezes. E isso traz-nos felicidade e é uma vantagem inexplicável porque se vive com um carinho diferente.

Notas:

1. A designer dos projectos é Paula Tomás, freelancer do CCP, sócia e dupla criativa (Blanky e Gelpeixe)

2. O design da Ukbar é exclusivamente da produtora, Laura Tomás definiu a estratégia e implementação de paid media – teaser, estreia e pós-estreia do filme “Golpe de Sol”. O mesmo com outros filmes mais antigos da produtora.

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