Este museu é também um alerta para os próximos desastres naturais

Dificilmente se fala em 1755 sem mencionar de imediato o terramoto que assolou Lisboa. A catástrofe natural foi tão marcante que inspirou, até, um novo centro interactivo na capital, onde toda a experiência está desenhada para transformar o momento em que a terra tremeu num acontecimento pedagógico e de entretenimento.

«Acreditamos que o Quake é mais do que um museu interactivo. É uma verdadeira viagem ao passado que nos transporta para um dos dias mais marcantes da cidade de Lisboa, e de toda a história de Portugal», contam Ricardo Clemente e Maria Marques, responsáveis pelo projecto. Em entrevista à Marketeer (dada em Abril de 2022), revelam que a visita ao Quake tem a duração de uma hora e meia e que a missão vai além de reconstrução do que aconteceu. O objectivo é também «alertar para uma eventual próxima catástrofe natural, que sabemos que pode efectivamente surgir». Indo além de uma abordagem puramente histórica, o museu aposta também num lado mais científico e humano para mostrar as consequências de um terramoto e ajudar a deixar todos os participantes preparados.

Em suma, querem «que, a partir da experiência, os visitantes adquiram informação séria e relevante, passível de ser compreendida e partilhada com outros, ao mesmo tempo que vivem momentos lúdicos e de diversão».

O Quake, na zona de Belém, começou a ser pensado em 2015, tendo sido necessária uma equipa alargada para chegar ao projecto final. Com mais de 10 salas tecnológicas e didácticas, o museu tem por base o trabalho dos sismólogos Susana Custódio e Luís Matias e do historiador e escritor André Canhoto Costa, a quem se juntou ainda Marta Pisco, produtora de teatro e responsável por coordenar o processo criativo. Já o desenvolvimento do conceito e a criação da experiência ficou a cargo da Jora Vision, empresa holandesa de design, produção e tecnologia, que trabalhou ao lado do atelier português Fragmentos, responsável pelo projecto do edifício Quake.

«Podemos dizer que estamos a trabalhar para tornar o Quake uma realidade há cerca de sete anos», indicam os fundadores do museu, adiantando ainda que o centro está preparado para receber pessoas de várias idades e de diferentes contextos (escolas, amigos, famílias, cientistas amadores e amantes de história). Ainda assim, como se trata de uma experiência imersiva, não é aconselhável a menores de seis anos.

Para lá do terramoto

Apesar de falarem sempre no Quake como um centro dedicado ao terramoto de 1755, Ricardo Clemente e Maria Marques garantem que é muito mais do que isso: «É uma abordagem a este tipo de catástrofes naturais e ao seu passado, em particular, ao início dos conceitos a que chamamos hoje Protecção Civil e Sismologia. Há espaços dentro da nossa experiência onde podemos saber mais acerca de outras catástrofes semelhantes à de 1755, como o terramoto e tsunami de Tohoku, no Japão, em 2011, o terramoto e consequentes incêndios de São Francisco, EUA, em 1906, ou até ter uma noção histórica da actividade sísmica em Portugal, com alguns dos abalos que marcaram os últimos anos.»

Os fundadores do Quake sublinham que, só conhecendo o passado sísmico do nosso Planeta, e do nosso País, é que é possível perceber o que pode acontecer no futuro e, acima de tudo, estarmos preparados para isso.

E como incentivar os portugueses (e não só) a visitar o Quake? «Acreditamos que esta será uma experiência que facilmente se comunica a ela mesma, sobretudo porque não tem um público-alvo específico. É para todos, desde os interessados em ciência, por catástrofes naturais, ou simplesmente os que querem um programa para domingo à tarde», referem os responsáveis, segundo os quais «este é um espaço que só visitando se percebe a sua dimensão».

Por outro lado, o site do Quake surge como outro veículo de comunicação uma vez que, aqui, é possível encontrar informação detalhada, a par das redes sociais (Instagram e Facebook). O centro convidou, aliás, alguns influenciadores a fazer uma visita, para melhor conhecerem esta experiência, uma vez que consideram que a divulgação mais eficaz partirá de quem já esteve presente e testemunhou todos os conteúdos na primeira pessoa.

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