Em que ponto está a liderança no feminino? Para Carla Tavares (CITE), «ainda temos muito caminho pela frente»

«O Dia Internacional da Mulher, mais do que uma celebração, é um lembrete contínuo da luta pela igualdade de género», diz à Marketeer Carla Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE). E neste 8 de Março, no mesmo ano que marca meio século desde o 25 de Abril em Portugal, a responsável levanta o pano sobre a situação actual no País no que diz respeito à representatividade no feminino no mundo do trabalho e o que ainda falta fazer para diminuir as desigualdades.

Em que estado está Portugal a nível de liderança no feminino? Quais são as principais metas a alcançar?

Apesar de progressos significativos feitos nos últimos anos, sobretudo após a entrada em vigor da Lei n.º 62/2017, de 1 de Agosto, bem como de outra legislação, que tem por objectivo incentivar e promover a presença de mais mulheres nos órgãos de decisão e de poder, ainda temos muito caminho pela frente até ser atingida a desejada paridade, com uma percentagem de, pelo menos, 40% de representatividade do sexo menos representado, que continua a ser o feminino.

A legislação relativa à parentalidade, quotas e salários continua a ser um entrave à progressão de carreira?

Portugal tem evoluído muito no que respeita à legislação relativa à parentalidade. As medidas de apoio à parentalidade, reforçadas na Agenda do Trabalho Digno, como licenças parentais flexíveis e incentivos à partilha de responsabilidades entre pais e mães, são fundamentais para garantir que as mulheres possam avançar nas suas carreiras, sem comprometer as suas vidas familiares.

Que medidas se podem implementar para diminuir as desigualdades que persistem?

É crucial manter o reforço no apoio às famílias, tanto na protecção dos direitos parentais como na promoção da conciliação entre vida profissional, pessoal e familiar. Medidas como horários flexíveis, teletrabalho e a gratuidade das creches para crianças até aos 3 anos são importantes. Além disso, é essencial sensibilizar as famílias para o equilíbrio da partilha, entre mulheres e homens, das tarefas domésticas e de cuidado, uma vez que persistem desequilíbrios que penalizam as mulheres em termos profissionais. Apesar dos avanços, há ainda um longo caminho a percorrer na superação das desigualdades, sem esquecer o perigo crescente de retrocessos nos direitos conquistados, que precisamos de contrariar.

Artigos relacionados