Degust’AR o Alentejo em Lisboa
É no centro de Lisboa – mais precisamente na Rua Latino Coelho, 63A – que vive a mais recente casa que leva os sabores alentejanos à capital. Pelas mãos do chef António Nobre, o Degust’Ar, do grupo M’AR De AR Hotels, propõe-se a matar a saudade a todos aqueles que são fãs de pratos e petiscos desta região de Portugal, onde os coentros têm sempre um cantinho especial. E que, na azáfama das semanas, têm alguma dificuldade em deslocar-se abaixo do rio Tejo.
É, na verdade, o nosso caso que, apesar de apaixonadas pelo Alentejo e pelas suas gentes, o visitamos menos amiúde do que gostaríamos. Mas agora, pelo menos ao que à gastronomia diz respeito, temos as distâncias encurtadas.
Fomos conhecer a carta com que o restaurante se apresenta em Lisboa numa típica noite de sexta-feira, com o cansaço dos dias da redacção no corpo e na alma. E foi, exactamente, na alma que começámos por sentir os efeitos de abrandar. Assim que transpusemos a porta fomos transportadas para um espaço onde os sabores se sentem com a calma devida.
Assim que nos foi destinada uma mesa, vimo-lo chegar. Sim, o pão. Alentejano, como se quer. E o conforto invadiu-nos. Porque se mais nada houvesse, bastava-nos o pão para sermos felizes naquela noite. Mas com ele chegaram as manteigas: de linguiça, de citrinos e de cor. Experimentámos uma, a outra e tirámos teimas. No final, não nos conseguimos decidir entre a de citrinos e a de cor. Mas não se entusiasme já nesta fase pois poderá comprometer o resto da experiência como quase nos aconteceu.
Decidimos partilhar pratos para nos permitir experimentar mais do que uma das propostas do chef. Nas entradas ficámos rendidas às vieiras coradas em manteiga, mousseline de batata, caldo de açorda e presunto ibérico crocante. Seguiu-se-lhes o tártaro de novilho Mertolengo (DOP) picado à faca com cebola roxa, picles, salsa, mostarda, pão frito, gema de ovo biológico, rúcula e orégãos. Irrepreensível com a qualidade dos ingredientes a sentir-se a cada garfada.
Na fase seguinte voltámos a partilhar uma carne e um peixe, procurando sempre as apostas mais alentejanas. Os eleitos foram a sopa de cação – que estava tão boa que não conseguimos parar de comer enquanto não vimos o fundo ao tacho – e as migas de espargos verdes com lombinhos de porco ibérico, linguiça frita e laranja. Aqui não ficámos surpreendidas, mas se foi por o apetite já não ser abundante ou por os sabores não sobressaírem não sabemos precisar.
Mas para a sobremesa há sempre espaço. Aqui não foi excepção. Tentámos fugir do excesso de ovos com o bolo de chocolate com gelado de framboesa, que acreditamos – sem sombra de dúvidas – conta como prato de fruta… E rematámos com o clássico de sericá à alentejana com mousse da mesma e gelado de baunilha. Dispensámos a ameixa de Elvas porque já tínhamos comido fruta…
Texto de Maria João Lima