Casa da Esteira: mais do que um projecto familiar
Uma história de vida, contada a quatro, e que se tem vindo a materializar sob a forma de vinhos e azeites. Agora, com a marca Casa da Esteira.
Texto de M.ª João Vieira Pinto
Foto de Gonçalo Villaverde
Não é por acaso que o símbolo gráfico da Casa da Esteira remete para os quatro elementos da família: o João, a Joana, a Teresa e o António. É que este é, mesmo, um projecto construído a quatro. A partir do Douro, da Quinta de Montravesso, bem perto de Tabuaço. Mais concretamente desde 1996, altura em que João Nápoles de Carvalho herda a gestão e produção da quinta de família. Encontrou vinhas a precisar de cuidado e terras a merecer atenção. Mas, formado em Gestão Agrária pela UTAD, nem pestanejou em chamar a si a tarefa de recuperar castas e sabores, de limpar terrenos e fazer marca. Nem ele nem Joana, a mulher, que deixou mesmo Lisboa para trás. Os filhos, Maria Teresa e António Maria, nasceriam já na Casa da Esteira e hoje são ajuda nas vindimas e no transporte até ao lagar.
Sete anos de trabalho mais tarde, a sua empresa, Parceiros Na Criação, apresentava-se ao mercado como responsável pela produção e comercialização de vinhos e azeite e já, então, com três referências – branco, tinto e azeite. Em 2014, acrescentaria um monocasta de Touriga Nacional e, em 2016, o rosé. A estes, aos vinhos, daria o nome h’OUR, num misto de hora e nosso, mas com sotaque inglês a piscar o olho ao mercado externo. Hoje, Joana é a primeira a reconhecer que a escolha da marca não foi a mais acertada.
Por isso, e como qualquer projecto que queira crescer tem que viver de tentativa e erro, de aperfeiçoamentos e tropeções, de acreditar e seguir em frente, lançaram no início deste ano – precisamente a 6 de Fevereiro, data do quinto aniversário de Teresa – uma nova marca, a Casa da Esteira.
«Casa da Esteira: assim é conhecida a casa onde vivemos, uma casa cujas portas são protegidas do sol por esteiras; uma casa erguida por entre vinhas e vales, na Quinta de Montravesso, a poucos quilómetros da aldeia de Barcos, no concelho de Tabuaço, em pleno Douro vinhateiro. Mais do que um espaço físico, a Casa da Esteira representa a união dos quatro elementos da PNC: o João, a Joana (eu) e os nossos filhos, a Teresinha e o António», explica Joana Pratas.
Com ela, a marca, chegam então o Casa da Esteira Reserva tinto 2014 e Casa da Esteira Touriga Nacional tinto 2015. O primeiro, de Vinhas Velhas, uma delas de Tinta Amarela da zona de Tabuaço e com mais de 45 anos; a outra do Baixo Corgo, com cerca de 70 anos, e que permitiu acrescentar Touriga Franca e Tinta Roriz.
O segundo vinho, um monocasta de Touriga Nacional de uma vinha replantada, por João Nápoles de Carvalho, em 2005, a 500 metros de altitude e voltada a sul. «A vinha já existia e tinha sido plantada pelo meu tio-avô há cerca de 100 anos», conta João.
A identidade gráfica e o design dos rótulos têm assinatura da arquitecta Rita Peres Vicente, do Taini Creative Studio. E o símbolo, como Joana não se cansa de mostrar, pretende visualizar a união de dois “J”, um de João e outro de Joana, de onde nascem dois traços, a representar a Teresa e o António. O final é uma casa, cujo topo é composto por quatro elementos: nem mais que a família Pratas Nápoles de Carvalho.
NOTA
No total, a quinta produz hoje entre 10 e 12 mil garrafas, das quais apenas 2700 são de branco – a reforçar. No entanto, João Nápoles vai lembrando que esta é ainda uma ínfima percentagem do que se pode vir a produzir. Assim como não esconde que o lançamento de um Vinho do Porto é um dos seus objectivos a prazo. Mas, de momento, a «ambição é consolidar os vinhos de mesa».