Capgemini Portugal: Manter um crescimento sustentável

O Grupo Capgemini entrou no mercado português em 1997 no âmbito de uma estratégia de expansão e crescimento na Europa. A entrada deu-se através da aquisição da empresa Geslógica, uma pequena softwarehouse que se destacava no mercado nacional pelos importantes projectos de consultoria tecnológica que desenvolvia para os principais bancos nacionais. Esse histórico e a capacidade de actuação e intervenção no sector financeiro perduram 25 anos depois, continuando a ser uma área core da Capgemini. Cristina Castanheira Rodrigues, administradora-delegada e Board member da Capgemini Portugal, recorda como evoluiu o negócio nestas duas décadas e meia no País.

Desde a entrada em Portugal, como é que o negócio foi evoluindo? Quais os momentos-chave ao longo desse percurso?

Sempre mantivemos uma presença muito estável, mas com um crescimento consistente ao longo destes últimos 25 anos, com os ajustes necessários à evolução dos acontecimentos internacionais e aos seus impactos. Apesar do foco nas áreas core, através de uma presença muito forte no sector financeiro, sempre nos pautámos por ter uma actuação transversal a todos os sectores.

Ao longo destes 25 anos, destaco dois momentos-chave decorrentes de aquisições efectuadas pelo grupo à escala mundial, que impactaram positivamente a nossa história e percurso em Portugal: no ano 2000, a compra da parte de consultoria da Ernst & Young e, em 2020, a compra do Grupo Altran.

Com a aquisição da parte de consultoria da Ernst & Young, e até 2004, o nome da marca passou a ser Capgemini Ernst & Young. Por esta altura, e por motivos estratégicos, o grupo decidiu consolidar igualmente a sua prática de consultoria estratégica, designada por Gemini Consulting, com a já existente Capgemini em Portugal. Em termos físicos passámos para um edifício único, consolidando três áreas e três empresas.

A compra do Grupo Altran teve como consequência algumas alterações profundas em Portugal, decorrentes do processo de fusão das duas empresas: a Capgemini – com cerca de 600 colaboradores, e a ex-Altran – com mais de 2500. Neste processo foi igualmente contemplada a criação de duas áreas de ofertas de serviços muito distintas, mas que são claramente complementares: tecnologias de informação, transformação digital e consultoria estratégica, por um lado; e a área de investigação, desenvolvimento e oferta de serviços e produtos para a indústria inteligente, por outro.

Hoje, que serviços é que a Capgemini Portugal oferece?

Temos uma oferta cada vez mais completa e robusta, com um portefólio de serviços e estratégias que incluem Inteligência Artificial, cloud e cibersegurança, dados, CRM, 5G, Service Design, Intelligent Digital Path, Intelligent Automation, Digital Core, software, engenharia digital e plataformas (SAP, Salesforce, OutSystems), respondendo a todo o tipo de necessidades das empresas, com o objectivo de ajudarmos os clientes a transformarem os seus negócios, ao mesmo tempo que assumimos o compromisso de tornar o futuro mais inclusivo e sustentável.

Quais os principais parceiros no mercado nacional?

De forma a mantermos um crescimento sustentável, e a continuarmos a entregar valor aos nossos clientes, trabalhamos em colaboração com um vasto leque de parceiros estratégicos e tecnológicos, entre os quais se contam a OutSystems, a Microsoft, a SAP, a Salesforce, a Oracle, a Amazon, a Google, a IBM e a Adobe. Em Portugal contamos já com dois Hubs de especialização em low-code (OutSystems) e CRM (Dynamics e Salesforce), através dos quais servimos clientes locais e internacionais, trabalhando em estreita colaboração com os top management ou com as equipas mais operacionais dos nossos clientes.

Quais as principais áreas de negócio da empresa?

Após 2020, a área de transformação digital ganhou maior relevância e reforçou-se a procura por serviços e plataformas digitais. As plataformas de CRM sempre foram serviços de grande procura, porque fornecem informações críticas para a definição de estratégias. No entanto, as soluções de e-Commerce, dados e análise, cibersegurança e protecção de dados, bem como a sustentabilidade muito ligada à redução dos impactos e à optimização das cadeias de fornecimento e à poupança de energia, têm sido as áreas nas quais se tem registado maior procura.

A empresa anunciou o objectivo de contratar 600 pessoas até ao final do ano. O que motivou o lançamento desta campanha de recrutamento?

Em Portugal, como de resto em todo o mundo, temos tido um percurso de crescimento muito acentuado. Para dar resposta ao aumento das solicitações dos nossos clientes, que decorrem da acelerada transformação digital em curso, temos vindo a aumentar a nossa equipa, contratando mais especialistas.

Em que áreas é focada esta campanha de recrutamento?

As principais necessidades de recrutamento da Capgemini são contínuas, pretendendo dar resposta aos projectos e iniciativas desenvolvidos para os nossos clientes.

Nesta fase, e face ao número de posições ainda em aberto, destacaríamos as seguintes áreas: OutSystems, Salesforce, SAP, Microsoft Dynamics, ServiceNow, JAVA, Cibersegurança e Cloud. Além disso, as funções de Integração, Gestão de Dados, Business Intelligence, Testes e Gestão de Projecto, são de igual forma também bastante críticas para a nossa operação, pelo que existem diferentes oportunidades e para níveis de senioridade distintos em pesquisa no mercado.

Como é que a Capgemini tem trabalhado a sua reputação no mercado português para captar e reter estes talentos?

A Capgemini tem uma estratégia de atracção e captação de talento baseada na diversificação de fontes e parcerias, com várias acções desenvolvidas junto de universidades e da comunidade de TI em Portugal, destacando-se as nossas Academias de Talento Júnior ou os programas de estágios de Verão e de shadowing para estudantes em diferentes áreas de especialização, bem como o nosso papel muito activo na reconversão de profissionais com o programa Upskill. A nossa aposta na retenção de talento é outro eixo importantíssimo, em termos de perspectivas de carreira e planos de reconhecimento, bem como através de planos de formação e crescimento integrados, elementos que fazem parte do nosso Employee Value Proposition e que pretendemos continuar a posicionar de forma vincada no mercado, em paralelo com o seu reforço e vivência pelas equipas internas.

Como surge a marca Capgemini Engineering?

A marca Capgemini Engineering surge no mundo inteiro como resultado da aquisição do Grupo Altran e da fusão com a área de Digital Engineering & Manufacturing Services (DEMS) do Grupo Capgemini, com o objectivo de aumentarmos a nossa capacidade e competências na área da indústria inteligente. Basicamente, assumiu-se como uma nova linha de negócio, que veio consolidar um conjunto único de competências líderes de mercado em engenharia e I&D, tendo como missão apoiar as organizações mais inovadoras do mundo na criação dos produtos e serviços do futuro, bem como trabalhar a disrupção, através da incorporação das tecnologias mais avançadas e das soluções de software de ponta. Na Capgemini Engineering temos três grandes áreas: Product and Systems Engineering; Digital and Software Engineering; e Industrial Operations.

A Capgemini concluiu o processo de integração da Altran. Que balanço fazem desta operação?

A Engenharia, a Investigação e o Desenvolvimento estão em rápida e constante evolução. A Capgemini Engineering, decorrente da aquisição do Grupo Altran, complementa a nossa oferta global, reforçando a parceria com os nossos clientes, aos quais oferecemos agora um portefólio end-to-end para o desenvolvimento, gestão e modernização de produtos e serviços inovadores. O objectivo é reforçar a nossa posição de liderança na indústria inteligente e em sectores como o aeroespacial, aeronáutica, life sciences ou automóvel.

Por outro lado, permite-nos oferecer um amplo leque de serviços de topo de gama nas áreas de engenharia mecânica e física, arquitectura de sistemas e quatro laboratórios (5G, Media, Mobilidade e Quantum), através dos quais testamos, experimentamos e desenvolvemos as soluções do futuro.

A combinação de forças e competências, e o histórico de industrialização e inovação da Capgemini Engineering, permitem à Capgemini Portugal acelerar e alargar as suas respostas, reforçando as capacidades críticas na área da engenharia de software.

Que objectivos é que a Capgemini traça, em específico, para o mercado português?

Queremos continuar a ser uma organização preocupada com o seu principal valor: as nossas pessoas. Os nossos especialistas nas diferentes áreas tecnológicas são a cara e o cartão de visita da Capgemini junto dos seus clientes. É através deles que entregamos, criamos e inovamos. E é isto que queremos continuar a oferecer ao mercado: diferenciação e transformação através da criação de novas oportunidades para os nossos clientes e para os nossos colaboradores, através do valor que acrescentamos ao que fazemos.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marcas”, publicado na edição de Outubro (n.º 315) da Marketeer.

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