Audi: Transição gradual

Não é possível falar do sector automóvel sem falar de electrificação. Mais do que uma grande tendência, é uma exigência, tanto por parte do mercado e dos clientes, como a nível regulatório. Caminhamos em direcção a uma indústria mais sustentável e preocupada com o planeta e a Audi não fica de fora desta revolução. «A Audi está integralmente alinhada com esta visão de electrificação», garante Nuno Mendonça, director-geral da Audi. Nesse sentido, a marca compromete- se a lançar, em 2026, o seu último modelo a combustão. Já em 2033, a totalidade das entregas a clientes corresponderá a viaturas 100% eléctricas.

Entretanto, a oferta actual da Audi na categoria de 100% eléctricos é composta por um total de seis modelos: no segmento A, os Audi Q4 e-tron e Q4 Sportback e-tron; no segmento C, os Audi e-tron e e-tron Sportback, a par dos mais desportivos Audi e-tron GT e o Audi RS e-tron GT.

«Temos verificado no mercado português um crescimento exponencial na procura por viaturas eléctricas», adianta Nuno Mendonça, acrescentando que, no caso específico da Audi, verifica- se um total de cerca de 24% das vendas, no acumulado do ano, correspondente a veículos 100% eléctricos. Trata-se de um crescimento de mais de 50% face aos números registados em 2021. De acordo com o director-geral, um dos grandes motivos para esta tendência positiva e para o interesse dos portugueses pelas alternativas eléctricas será o «forte aumento de preços verificado na gasolina e no gasóleo». Perante a escalada registada nos postos de abastecimento, os condutores começam a olhar, cada vez mais, para outros modelos e possibilidades.

No entanto, existirão ainda, naturalmente, alguns obstáculos à adopção deste tipo de mobilidade mais amiga do ambiente, bem como a uma ainda mais rápida mudança do mercado. Nuno Mendonça destaca, em particular, dois desafios como os mais importantes: «O preço de aquisição das viaturas eléctricas que ainda são, por regra, mais caras do que viaturas equivalentes a combustão; e a questão das infra-estruturas de carregamento que, apesar de estarem em forte expansão, não estão disponíveis de forma universal.»

A resolução destes dois problemas dependerá de uma estratégia conjunta, que conta com o compromisso de todo o sector e entidades governamentais. Só assim será possível oferecer aos portugueses as condições ideais para que não surjam dúvidas quando chegar a altura de investir num novo veículo.


UM PASSO DE CADA VEZ

Embora o plano da Audi para o futuro seja claro, as grandes mudanças não acontecem de um dia para o outro. Nuno Mendonça refere que estão a gerir a tão necessária transição de forma natural: «Uma alteração tão profunda do portefólio, como aquela que estamos a fazer, tem de acontecer de forma gradual.»

Por um lado, explica, a capacidade de produção de viaturas eléctricas ou plug-in, por exemplo, é ainda limitada pela disponibilidade de baterias. Por outro, os clientes das diferentes geografias onde a Audi está presente apresentam necessidades de mobilidade totalmente distintas. Segundo o director-geral, existem países que já têm uma percentagem de viaturas eléctricas elevadíssima, ao passo que outros mercados não contam ainda com as infra-estruturas de carregamento fundamentais para este processo.

«Neste sentido, enquanto marca global que somos, temos de ter ofertas para os diferentes mercados e segmentos», frisa Nuno Mendonça, indicando que, pelo menos até 2032, a Audi terá disponíveis para comercialização motorizações a gasolina, diesel, plug-in e eléctricas.

Exemplo deste equilíbrio que a marca procura oferecer é o A3 Diesel, focado nos baixos consumos. Apesar de se tratar de uma opção mais tradicional em termos de motorização, este modelo tem em consideração a preocupação actual dos consumidores relativamente aos níveis de combustível necessários para se deslocarem.

Até porque, pela experiência da Audi no mercado português, «a procura por soluções a combustão continua com uma dinâmica muito relevante no segmento particular». No sentido inverso, o mercado empresarial demonstra uma tendência muito diferente, com a procura «claramente em queda», acrescenta Nuno Mendonça.


CRESCIMENTO À ESPREITA

Com o actual panorama ao nível da produção, não há dúvidas de que o ano de 2022 continuará a ser extremamente desafiante. «Mas acreditamos que, ainda com todas as limitações existentes no fornecimento de viaturas por parte da fábrica, iremos registar um crescimento face ao ano 2021», aponta Nuno Mendonça, acrescentando ainda que a Audi espera crescer em volume de entregas a clientes de modo a corresponder à procura do mercado e garantir volume para a rede de concessionários.

Para que a marca continue próxima dos portugueses, assegurando que é a primeira escolha quando pensam em automóveis, importa também ter uma estratégia de comunicação delineada que ajude a divulgar a Audi, os seus modelos e todos os esforços que tem vindo a desenvolver. O director-geral para Portugal adianta que, a este nível, a Audi estará focada na sustentabilidade, à semelhança do que está a acontecer globalmente, o que lhe permitirá enfocar todas as actividades de marketing na oferta e-tron.

«Ao longo deste primeiro semestre temos estado sempre presentes nos suportes digitais e efectuámos uma forte campanha de televisão e outdoor com o nosso modelo e-tron. Tendo em conta a imprevisibilidade da produção, estamos flexíveis para ir adaptando as nossas acções e campanhas dos próximos meses em função das viaturas que irão ser fornecidas ao nosso mercado», refere ainda o responsável.

Nos últimos tempos, e com as acções de comunicação desenvolvidas, a Audi tem conseguido aumentar a notoriedade da gama eléctrica, «a qual beneficia, não só dos atributos de qualidade e design da marca Audi, mas também de todo o know-how do Grupo Volkswagen no desenvolvimento de viaturas eléctricas », lembra Nuno Mendonça. O feedback do mercado é extremamente positivo e sinal disso é a grande procura registada, sobretudo pela gama electrificada.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Mercado Automóvel”, publicado na edição de Junho (n.º 311) da Marketeer.

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