André Chaíça: «As redes sociais são uma arma muito poderosa quando bem usadas»

O seu nome é André Chaíça e dedica a vida a inspirar os outros com aquilo que partilha. Através da fotografia e do vídeo, o criador de conteúdos, influenciador digital e também gestor de redes sociais encontrou uma arma poderosa na capacidade de tocar quem o segue e quem acompanha as marcas com as quais trabalha.

Mas nem sempre foi assim. André Chaíça começou por um percurso bem diferente, na área da arquitectura paisagista, que acabaria por levá-lo ao mundo da fotografia e, daí, ao da dita social media que começava a florescer. Hoje, conta com perto de 300 mil seguidores no Instagram, quatro guias publicados – um turístico e os outros com dicas sobre reels – e já trabalhou com marcas como Smeg, Auchan, Compal, Four Season, Starbucks e Pedigree.

 

Começa na área na arquitectura paisagista e passa depois para a fotografia até chegar ao mundo das redes sociais. Como se deu este percurso?

Após terminar o curso, trabalhei apenas um ano na Quinta do Lago como arquitecto paisagista. Queria mais oportunidades para a minha vida e, por isso, mudei-me de malas e bagagens para Lisboa fazendo alguns trabalhos de arquitectura paisagista como freelancer para o mesmo atelier. Contudo, desde que tive uma cadeira de opção na universidade de fotografia que me despertou ainda mais a fazer um curso de fotografia no grupo Impresa com o fotojornalista Paulo Petronilho. Desde então, comecei a postar no meu Instagram as coisas que mais me interessavam: paisagens, comida e viagens.

Quando é que as redes sociais se tornaram o grande foco da sua vida profissional?

Foi talvez após a pandemia. Trabalhei numa agência de publicidade e marketing como criador de conteúdos de contas das quais eles faziam gestão, até que fui conseguindo os meus próprios clientes e, hoje em dia, faço a gestão de redes sociais (conteúdo, copy, gestão de comunidade) por mim.

Também com o crescimento da minha comunidade fui conseguindo fazer mais campanhas de marketing de influência e criar conteúdos apenas para grandes marcas em UGC (User Generated Content) (Smeg, Auchan, Compal).

Que importância teve o facto de ser acompanhado por uma agência (WOWME) praticamente desde o início?

Foi muito importante para me direccionar e me dar a conhecer às marcas. As agências são óptimas para conseguirmos criar ligação com marcas que gostamos. Também nos ajudam a entender melhor o mercado em termos de valores e aconselhar quando temos algumas dúvidas.

De que forma se começou a relacionar com as marcas de gastronomia e lazer? Qual foi o primeiro projecto com uma marca?

Sempre adorei fotografar comida e para mim é fascinante a forma como podemos transformar um simples prato em algo visualmente muito apelativo. Trabalhei como foodstylist para revistas, mas foi através dos vídeos que consegui chegar a um público maior, com um grande foco na minha viagem a Florença onde trabalhei com o Four Seasons. Consegui alcançar resultados fantásticos em vídeos de comida – 60 milhões de views num único vídeo. Em Portugal, as redes sociais são uma arma muito poderosa quando bem usadas.

Até ao momento, quais foram os projectos que mais o marcaram e porquê?

Tenho um gosto especial por criar mini-guias de cidades, porque vejo como algo muito útil mostrar aos outros o que achei de melhor naquele local.

Tenho um grande amor por Lisboa, até porque tem uma infindável escolha de programas, restaurantes, museus e atracções para se visitar. Tenho trabalhado neste projecto com hotéis em Portugal e comecei há pouco tempo a fazer para a Suíça, França e Marrocos.

Alia a paixão pelas viagens e pela comida à fotografia e à sua partilha com o mundo através das plataformas online. É a sua profissão de eleição?

É, sem dúvida. Adoro explorar um sítio e conseguir tirar o melhor partido dele – o que comer, o que fazer nele, as pessoas que conhecemos, tudo eleva a nossa experiência –, seja quando viajamos para fora ou até mesmo no nosso país.

Tem disponíveis alguns guias sobre como alcançar o sucesso através dos reels no Instagram. É hoje possível ter uma vida confortável trabalhando com redes sociais?

Tenho sim, porque foi através deles que consegui aumentar a minha comunidade internacional de seguidores. Acabam por ser dicas muito úteis para quem quer ou gosta de saber mais sobre o tema. Desenvolvi três guias: um com perguntas e respostas frequentes, outro onde explico passo a passo como criar um reel de raiz (como gravar, como editar, o copy a ser feito…) e um outro que engloba estes dois com alguns filtros para melhorar a qualidade e cor dos vídeos.

Consegue ser um trabalho mesmo muito confortável financeiramente, muito mais do que como arquitecto paisagista, certamente.

Que dicas deixa a outras pessoas que queiram seguir um percurso semelhante?

O mais importante é concentrar-se apenas num objectivo. Só conseguimos ser realmente bons naquilo que fazemos quando fazemos alguma coisa de que gostamos. Convém ser muito observador, procurar tendências e ver muitos vídeos, aprender a lidar com as poderosas ferramentas que temos, porque, na realidade, muitas vezes não é necessária uma máquina fotográfica “xpto”. Podemos ter óptimos vídeos e fotografias tirados com o telemóvel. Basta escolher o ângulo e o propósito certo para cada objectivo. O mais importante é inspirar e não copiar, porque a autenticidade também é um valor muito apreciado nas redes sociais.

Texto de Beatriz Caetano

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