Adega de Palmela vai transformar emissões de CO2 em biomassa de microalgas

E se se pudesse produzir biomassa de microalgas a partir dos efluentes gasosos e líquidos provenientes da fermentação do vinho? É isso mesmo que a Adega de Palmela propõe fazer. Até 2025, o produtor vai ser a casa do projecto europeu REDwine que tem como objectivo implementar um novo modelo de negócio de economia circular no sector vínico.

Para isso, um dos pilares é o combate às alterações climáticas através da reutilização de emissões de CO2 decorrentes da produção de vinho. Em comunicado, a Adega de Palmela revela que cedeu o seu espaço para a instalação dos equipamentos necessários à recolha e armazenamento de efluentes gasosos e líquidos de um fermentador com 20 mil litros de capacidade.

Para já, está instalada uma versão experimental daquele que deverá ser o modelo final do sistema, capaz de reutilizar 90% do dióxido de carbono que resulta da fermentação do vinho, transformando-o em microalgas. A intenção é criar ingredientes sustentáveis a um custo competitivo para formulações de alimentos, cosméticos, soluções agrícolas e para a produção de vinho.

Para mais tarde está prevista a instalação de um equipamento de conversão do CO2 em gelo seco, para que possa ser usado nas uvas dos associados da Adega de Palmela. Assim, será mais fácil preservar a qualidade das uvas.

Luís Silva, enólogo da Adega Cooperativa de Palmela, considera que esta iniciativa «demonstra que os valores da Adega de Palmela estarão sempre de braços dados com a inovação e a sustentabilidade, que é uma preocupação crescente em todos os parâmetros e importante para o presente e futuro das empresas e das pessoas».

Já Miguel Cachão, coordenador do projecto REDwine, sublinha como fica claro que a região, e a actividade vinícola, pode estar na vanguarda do combate às alterações climáticas. «Para além da Adega de Palmela, o projecto conta ainda com os contributos de outros 10 parceiros sendo um deles o IPS», adianta.

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