3 acções para parar de lutar com o peso e se sentir em paz com a comida

Por Isabel Pedroso Silva, nutricionista, formadora e criadora da Escola Ouve O Teu Corpo e do O Podcast Da Isabel

Devo comer uma certa quantidade de proteína? Com que frequência devo comer doces? Devia comer numa certa hora do dia?

Se lutas constantemente com o teu peso, é provável que já te tenhas questionado algo do género em algum momento da tua vida. Infelizmente, apesar da infinidade de informação sobre nutrição, quase sempre são divulgadas ideias e conceitos que não promovem mudanças sustentáveis. O que, consequentemente, levará a ciclos ioiô e a uma má relação com o corpo e certos alimentos. Vejamos três mudanças viáveis para que possas começar uma nova jornada com confiança:

1. Muda o teu foco para o pensamento a longo prazo.
Pensa em todas as dietas e mudanças que já fizeste. Agora, pensa no que todas elas têm em comum. Geralmente, todas pedem que mudes a tua alimentação e estilo de vida num piscar de olhos, para que o número na balança seja diferente – o mais depressa possível.

Não existe construção lenta e gradual de hábitos, muito menos ensinamentos de reeducação alimentar. Isso acontece, porque são focadas em resultados a curto prazo, sem pensar em que fase é que o teu corpo estará daqui a seis ou 12 meses.

Está na hora de mudar o foco para um pensamento a longo prazo. Reserva um tempo para pensar em como desejas que a tua saúde seja no futuro. Daqui a um ou dois anos, como te imaginas em termos de saúde? Depois de teres a tua visão futura, será bem mais fácil construir, lentamente e com segurança, os teus novos hábitos.

2. Sintoniza-te com os sinais que o corpo te envia.
O teu corpo comunica contigo durante todo o dia. Diz-te como se sente, o que está a funcionar, o que não está a funcionar, bem como o que precisa. Refiro-me aos sinais de fome, de saciedade, sinais de stress e emoções. Quando sintonizamos com estes sinais e, de facto, os cumprimos, somos capazes de fluir facilmente de refeição em refeição, sem desejos nem necessidade de petiscos extra.

O problema aqui é que a maioria das dietas e modas alimentares ensinam-nos a ignorar esses sinais, a parar de ouvi-los e a disfarçá-los: comer num horário padronizado e apenas uma quantidade específica, mesmo terminando a refeição com fome e independentemente da fase em que estás e do movimento que tens feito. Com o tempo, entras nos ciclos da culpa alimentar, falta de confiança no corpo, stress e exaustão.

Começa a olhar para ti como se fosses a tua própria experiência científica e ouve o que o teu corpo tem para dizer. Quanto melhor te conheceres, mais fácil será parar de lutar com o teu peso e encontrar o equilíbrio.

3. Prioriza a nutrição e o prazer.
Por fim, é necessário encontrar um meio-termo entre a nutrição e o prazer da comida. A comida é feita para nutrir, mas também para ser agradável. Mais uma vez, as dietas ensinam-nos que há alimentos que “devemos” comer porque são nutritivos e há alimentos que “não devemos” comer porque são “lixo”.

Quando tentamos ser “bons” e comemos só alimentos “bons”, pode acontecer uma privação que, eventualmente, levará a uma ruptura e a excessos alimentares. Depois vem a culpa, a vergonha, uma nova privação e um novo exagero sem controlo.

Ou seja, escolher um dos lados do espectro (a nutrição ou o prazer) não funciona a longo prazo. Os extremos não funcionam. Este é o pensamento de curto prazo: a solução rápida. Mas nós queremos o pensamento consistente que se traduzirá em comportamentos equilibrados a longo prazo. Em vez de obedecer a apenas um, aprende a ter um equilíbrio de ambos, que funcione exclusivamente para ti. Precisas de saciedade, sim, mas também de satisfação.

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