Vila Galé: Foco na sustentabilidade e no apoio à comunidade

A Vila Galé desenvolve uma estratégia de sustentabilidade baseada no capital humano e na preservação do planeta. De acordo com Pedro Azeitona, director de Qualidade, Ambiente e Segurança do grupo hoteleiro, «a estratégia é definida pela Administração, e está apoiada nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU)». Todos os anos, a estratégia de sustentabilidade da empresa é revista, com base numa análise de tendências globais, assim como a consequente identificação de possíveis riscos e oportunidades.

Nesse sentido, e segundo o responsável, é desenvolvido um plano de acção, onde são integradas as estratégias da organização ao nível da sustentabilidade e responsabilidade social, entre as quais mecanismos para a redução do consumo de água e energia; aperfeiçoamento de processos, produtos e serviços para atender às expectativas dos stakeholders; promoção da segurança e saúde no trabalho em todas as actividades; incentivo às boas práticas de segurança alimentar; aposta no desenvolvimento profissional e realização pessoal de todos os trabalhadores; apoio às iniciativas de bem-estar social e conservação da natureza; adopção de processos economicamente viáveis e socialmente justos; e o respeito pela legislação, aplicando padrões responsáveis nos casos em que seja omissa ou inexistente.

PRÁTICAS E COMPROMISSOS

Na Vila Galé, este tema desempenha «um papel central na definição das estratégias do grupo, centrando-se em diferentes aspectos, como a constante preocupação com a protecção e conservação do meio ambiente, a responsabilidade social ou a viabilidade económica». Tudo eixos estratégicos que se reflectem no compromisso da empresa para reduzir a pegada ambiental, apostar numa economia circular, reduzir os gastos energéticos e fixar metas para atenuar as alterações climáticas.

Entre as várias acções, o responsável opta por destacar as seguintes medidas nas unidades hoteleiras: locais de armazenamento de resíduos protegidos e arejados; utilização de compactadores de resíduos de forma a evitar o maior número de recolhas e transporte; diminuição do fabrico de resíduos, dando preferência a produtos avulso; reutilização de embalagens; reaproveitamento das borras de café para as hortas biológicas e para os jardins dos hotéis; eliminação de plásticos de utilização única; gestão documental em formato digital; utilização de materiais reciclados e recicláveis; reaproveitamento das águas de limpeza dos filtros das piscinas e jacuzzis para a rega; recurso às energias renováveis em várias unidades; reaproveitamento de alimentos para compotas e bolos; controlo da produção, para que sejam apenas produzidas as quantidades necessárias, evitando o desperdício; recurso a canais de doação de alimentos, roupas e colchões; e participação em projectos de estudo sobre a reutilização de resíduos provenientes da operação hoteleira.

Quanto ao planeamento para a expansão de iniciativas de sustentabilidade e apoio à comunidade, o grupo possui um Road Map e um referencial estratégico até 2030. Esta abordagem engloba três grandes grupos: capital humano, preservação do planeta e stakeholders. O plano é alimentado anualmente com base nas análises internas da empresa, nas sinergias com outros parceiros, assim como na análise da respectiva concorrência.

MAIOR CONSCIENCIALIZAÇÃO

Para a redução de energia, a Vila Galé destaca as seguintes acções: corte parcial da energia dos quartos quando retirada a chave do economizador; utilização de lâmpadas de baixo consumo em 90% das instalações dos hotéis; activação da iluminação exterior através de células fotoeléctricas ou relógio; activação da iluminação das casas de banho públicas e de serviço através de detectores de presença; instalação de temporizadores em equipamentos electromecânicos; predefinição das temperaturas dos sistemas de ar condicionado; instalação de sistemas de aproveitamento da luz solar em áreas públicas, como as salas de reunião, recepções, restaurantes ou piscinas interiores; recurso ao sistema solar fotovoltaico, sendo que, em pelo menos quatro unidades do grupo, é feita a produção de energia eléctrica para autoconsumo.

No que diz respeito ao consumo de água, Pedro Azeitona evidencia a instalação do “sistema de rega gota a gota programável”, que evita as horas de maior calor; o estabelecimento de estações meteorológicas no eco hotel Vila Galé Albacora e na Herdade do Clube de Campo Vila Galé; a utilização de espécies de plantas adaptadas ao clima de cada região; a colocação de redutores de fluxo em todas as torneiras e chuveiros, autoclismos de descarga dupla e sistema de lavagem de roupa/loiça apenas com as máquinas com carga completa; assim como a distribuição de toalhas de piscina a pedido.

Refira-se que o Grupo Vila Galé investiu em nove instalações de painéis solares de forma a compensar os custos com o consumo de gás para o aquecimento de água. Com estas medidas, estima-se que sejam possíveis reduções anuais de 705 megawatts e de 160 toneladas nas emissões de CO2.

Já sobre acções para consciencialização dos hóspedes, o responsável destaca que são disponibilizadas informações através dos canais de comunicação internos e externos. Além disso, revela que são colocadas brochuras de boas práticas em todos os quartos. Aliás, também menciona as actividades de animação que abordam a protecção e a conservação do ambiente. Por último, também são realizadas acções de recolha de lixo nas praias e iniciativas de plantação de árvores. «Procuramos fazer um trabalho de sensibilização junto dos clientes, tanto nos hotéis como nos restaurantes. Isso passa, por exemplo, pela colocação de mensagens em pontos estratégicos nos buffets, nas instalações sanitárias ou nos quartos, incentivando à poupança de água, à redução do desperdício ou ao consumo consciente», refere.

MUDANÇAS, DESAFIOS E PARCERIAS

No que respeita a parcerias, destaca-se o projecto CAPonLITTER, uma iniciativa que visa melhorar práticas que podem ajudar na prevenção do lixo marinho – que, em grande parte, resulta do turismo costeiro e das actividades recreativas. «O projecto incide em resíduos-chave, como é o caso de recipientes de plástico para alimentos, devido ao comportamento inadequado dos consumidores e à falta de incentivos e estruturas de prevenção, recolha e reciclagem de resíduos», explica.

Esta iniciativa envolve autoridades e organizações de Portugal, Espanha, França, Croácia, Grécia, Bulgária e Alemanha, territórios em que o turismo costeiro é uma actividade económica fundamental. O turismo não só é altamente impactado pelo lixo marinho, como também pode exercer uma pressão significativa sobre as infra-estruturas locais, dadas as grandes quantidades de resíduos. Em Portugal, este projecto da Vila Galé tem como parceiro principal a Universidade Nova de Lisboa.

O responsável destaca também a ferramenta FOREST, que é utilizada para a divulgação de metas, resultados e indicadores ambientais, sociais e de governança (índice ESG). Envolve os grandes players do Turismo e parte do projecto Empresas 360º do Turismo de Portugal. O grupo está ainda associado ao projecto Linha Azul, cujos propósitos passam pela preservação da vida marinha; aumento da sustentabilidade da actividade piscatória; redução dos acidentes provocados com redes nas hélices; e ainda a criação de uma cultura ambiental. Trata-se de uma iniciativa que envolve o Grupo Vila Galé, a Marinha, o Aquário Vasco da Gama e a Câmara Municipal de Oeiras

Relativamente aos desafios, o director de Qualidade, Ambiente e Segurança identifica a dificuldade para o equilíbrio entre o desenvolvimento do meio ambiente, da economia, sociedade e cultura. «Não podemos olhar para a descarbonização como uma área afecta apenas ao meio ambiente. Há uma envolvente que nos traz desafios constantes e que é parte integrante do desenvolvimento e do caminho que temos de seguir.»

Outro dos desafios encontrados por Pedro Azeitona foi «a estreita parceria e o envolvimento junto do público, para que o foco na sustentabilidade seja cada vez maior». Paralelamente, revela que «há todo um trabalho interno que tem vindo a ser desenvolvido com o intuito de formar e informar os clientes externos e sobretudo os internos, que todos os dias dão pequenos passos para grandes metas». Por último, enumera também «a desmaterialização e a economia circular como temas muito preponderantes e que a curto prazo vão trazer estímulos muito fortes ao sector ou desafios ainda maiores».

Já sobre as mudanças nas expectativas dos consumidores, o responsável realça que «os clientes procuram, cada vez mais, hotéis e experiências de viagem preocupados e empenhados na sustentabilidade ambiental». Mais, acrescenta que «é cada vez maior o número de pessoas que quer fazer parte do processo, notando-se mais consciência quanto à necessidade de poupar água e recursos energéticos». Em síntese, «as práticas sustentáveis são uma forma de diferenciação na actividade e continuam a ser muito valorizadas pelos clientes».

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 329) da Marketeer.

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