Que seguros temos e por que razões os contratamos?

A posse de seguros tornou-se uma realidade incontornável nas sociedades modernas. Seja por obrigação ou pelo mero reconhecimento dos benefícios que aportam à vida dos cidadãos e das suas famílias, a contratação deste tipo de produtos disseminou-se ao longo das últimas décadas e a gestão deste tipo de serviços passou a fazer parte do quotidiano de cada um de nós.

O estudo Basef Seguros, da Marktest, reflecte esta realidade em Portugal de forma evidente: em Setembro deste ano, 82,5% dos portugueses (com 15 e mais anos) tinham contratado algum tipo de seguro. No universo de portugueses que contratualizaram estes serviços, o seguro automóvel é o predominante: a obrigatoriedade de ter um seguro associado à compra e utilização de carro faz com que mais de dois terços dos portugueses (68,9%) possuam este tipo de produtos seguradores.

No mesmo sentido, de resto, o facto de a maioria dos portugueses viver em casa própria faz com que o seguro à habitação – que também é obrigatório no momento da compra de casa – represente hoje a segunda maior fatia (44%) de contratualização de seguros em Portugal. De acordo com o estudo da Mark- test, as outras tipologias de seguros mais contratadas pelos portugueses são os seguros de saúde (31,1%) e os seguros de acidente de trabalho (22,8%).

Curiosamente, apenas perto de um terço dos portugueses (32,6%) com seguros contratados diz ter todos os seguros adjudicados à mesma companhia. A razão mais apontada pelas pessoas que o fazem (35,3%) é o facto de essa concentração lhes garantir o acesso a descontos e melhores preços.

Quase um terço dos portugueses tem seguro de saúde

No caso dos seguros de saúde, o último ano registou um aumento de 3,5 pontos percentuais no número de indivíduos que diz ter contratado este tipo de produto: entre Setembro de 2018 e Setembro de 2019, o universo de pessoas com seguro de saúde em Portugal cresceu dos 27,6% para os 31,1%.

Se o número de portugueses com seguro de saúde se aproxima já de um terço de toda a população, é também dessa ordem (mais concretamente 31,6%) a fatia de portugueses que assumem contratar estes produtos por decisão da empresa para a qual trabalham, na sequência de planos negociados entre as empresas e as seguradoras e posteriormente “oferecidos” aos seus trabalhadores.

A confirmar esta tendência, aliás, o estudo Basef indica que a maioria dos portugueses (27,2%) fez o seguro directamente através da empresa onde tem vínculo laboral.

Nos restantes contratos, 19,5% subscreveu-o através de um banco e 17,6% através de um mediador. Reunindo os portugueses que se deslocam directamente à companhia de seguros com os que o fazem por telefone para este canal, constatamos que a subscrição directa à companhia tem um peso semelhante à do banco (19,6%).

Preço e descontos são factores decisivos no seguro automóvel

Tal como sucedeu com a contratação de seguros de saúde, também no ramo automóvel a contratação destes produtos apresentou uma tendência de subida – embora um pouco menos expressiva – ao longo do último ano. Os dados indicam que 68,9% dos portugueses tem seguro automóvel, quando em Setembro de 2018 esse volume se situava nos 66,2%.

O bom preço apresentado pelas seguradoras ou o aproveitamento de descontos são a principal razão para a escolha de seguradora automóvel (44%). Seguem-se a negociação de melhores condições (15,7%) e o conhecimento/aconselhamento do mediador (13,8%).

Este é, de resto, um tipo de produto onde o papel do mediador é mais determinante para a escolha, decisão e contratação dos seguros: a maioria das pessoas faz o seu seguro automóvel através de um mediador (57,5%), sendo que somente 16,2% procede a essa contratação directamente no balcão da companhia e apenas 7% contrata o seguro automóvel através de um banco.

Bancos dominam seguros de habitação e de vida

Um cenário oposto ao que se verifi ca, por exemplo, nos seguros contratados para a habitação – que também apresentaram uma tendência de subida no último ano, com um crescimento de 42,4% para 44%.

Neste domínio, o papel preponderante dos bancos para a concessão de créditos para a compra de casa acaba por ter refl exo natural no processo de contratação de seguros à habitação. De acordo com os dados recolhidos pela Marktest, a maioria dos seguros contratados pelos portugueses para cobrir riscos associados à posse de casas tem por base a sugestão dos bancos (38,7%).

O preço mais baixo (15%) e o conhecimento do mediador de seguros (11,2%) são as outras razões mais apontadas pelos indivíduos como sendo determinantes para o contrato que acabaram por subscrever.

Uma área onde os bancos têm um peso ainda mais expressivo é na contratação de seguros de vida, que são esmagadoramente (67,5%) contratados nos balcões de bancos.

Este tipo de seguros continua a ser dos menos contratados pelos portugueses: apenas 19,4% assumia ter seguro de vida em Setembro de 2019. Ainda assim, o número de portugueses que diz possuir um seguro de vida também tem aumentado, subindo 3,2 pontos percentuais desde os 16,2% registados por este estudo em Setembro de 2018.

O que se tem mantido praticamente inalterado é o número de indivíduos que diz ter abandonado uma companhia de seguros ao longo do último ano: apenas 7,7% assumiam tê-lo feito em Setembro deste ano, um registo que praticamente não sofreu alterações desde o mês homólogo de 2018 (7,6%, então).

Quanto à razão mais invocada para sair de uma companhia, o preço alto praticado pela companhia anterior é o argumento dominante, citado por 41,5% dos indivíduos.

Os diferentes perfi s de quem tem seguros

Os dados referidos podem ser complementados com o estudo TGI da Marktest, que permite também segmentar e identifi car os comportamentos de quem contrata seguros.

Os dados mais recentes do TGI indicam, por exemplo, que os possuidores de seguro automóvel e os detentores de seguro de saúde têm características distintas nos seus estilos de vida.

Entre as pessoas que contratam seguro automóvel, existe um predomínio do segmento “family fi rst”, caracterizado por ter na família a prioridade máxima, acima da vida pessoal e profi ssional. Ou seja, são pessoas que têm na família o centro das suas preocupações e a quem destinam mais tempo.

Já no que respeita aos possuidores de seguro de saúde, os dados do TGI da Marktest revelam um quadro mais heterogéneo. O segmento mais presente é o denominado “spirit of glamour”, referente a indivíduos com elevada preocupação com o glamour, a aparência e o que está na moda. Mas estão também representados os segmentos “happy mood” (optimistas e com postura positiva nas relações sociais), “home sweet home” (que gostam de passar o tempo livre em casa) e “optimizer” (focados na optimização do seu tempo e no aproveitamento de todas as oportunidades da actualidade).

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