Palhaços d’Opital: «Se não fossem as marcas, não teríamos continuado a nossa actividade»

Foi criada em 2013, de raiz, para trabalhar com o público sénior em ambiente hospitalar. Utiliza o humor e performances artísticas para promover o bem-estar dessa população realizando, actualmente, visitas semanais regulares a oito hospitais parceiros. A Palhaços d’Opital procura actuar como ferramenta de melhoria das condições de saúde, com impacto na redução do stress e alteração, de forma positiva, do estado anímico, contribuindo para a humanização do espaço hospitalar, valorizando e dignificando a pessoa mais velha

A Marketeer conversou com Isabel Rosado, cofundadora e presidente da Palhaços d’Opital, à margem da apresentação da iniciativa “Tocar Magia”, que foi hoje dada a conhecer, ao final da manhã, na ULS Santa Maria. Uma iniciativa em que a Palhaços d’Opital convida todos os portugueses para, através de um pequeno gesto, transformar os corredores dos hospitais num palco de alegria e de esperança, através do envio de um postal cantado para alguém hospitalizado ou que trabalhe num hospital.

Qual é que é a importância de conseguirem ter marcas no projecto Palhaços d’Opital e em específico da Delta Cafés e da Coca-Cola que estão na iniciativa “Tocar Magia”?

Na associação apostámos num modelo de sustentabilidade financeira que abrange várias fontes de financiamento: candidatura a prémios, candidatura a fundos europeus, apoio por marcas e donativos de particulares.

Em termos do apoio das marcas, criámos um produto ambicioso que é o apadrinhamento das visitas de hospitais. E é assim que estas marcas surgem. Estas têm uma grande vantagem que é ter uma cor que partilhamos, mas também o espírito que sentimos nestas duas marcas. Quer seja na Delta, quer seja na Coca-Cola, é muito fácil trabalhar com eles. São parceiros muito simples e, em geral, somos nós que queremos dar mais e mais, e não eles que nos estão a exigir. Portanto é uma colaboração sempre muito agradável. Além disso, permitem-nos sonhar. Permitem-nos sonhar com o nosso crescimento e com fazer coisas diferentes.

Nós precisamos que as marcas em Portugal olhem para a responsabilidade social com outros olhos. Precisamos que o terceiro sector seja visto com outros olhos, que lhe seja dada a devida importância. Sabemos que se calhar poderíamos pensar que é o Governo que tem a obrigação de trabalhar no sentido da humanização hospitalar, mas uma sociedade que empurra para os outros o que cada um de nós pode fazer, se calhar depois as coisas não avançam… Portanto, convidamos todos a tornarem-se amigos d’Opital, a fazerem donativos. Desafiamos as empresas para um olhar diferente em que associam a sua marca a um hospital e a um programa de visitas durante todo o ano. E depois criamos momentos mágicos como este, onde conseguimos envolver bastantes parceiros e lançar projectos que de certeza vão tocar muita gente.

Neste modelo de financiamento de que falou, qual é, neste momento, o peso das marcas?

De 2020 a Junho de 2023 fomos praticamente financiados pelo Fundo Europeu Portugal Inovação Social. Entretanto os nossos políticos deixaram criar aqui um gap enorme e, se calhar, daqui a um ano é que vamos estar a avançar com 2030.

Se não tivessem sido as marcas, nós não teríamos continuado a nossa actividade. Nós, inclusive, aumentámos em 35% a nossa actividade. Portanto, foram estes parceiros – alguns deles eram investidores sociais ao abrigo do Parcerias Para o Impacto – que deram aqui um impulso maior e se envolveram de uma forma ainda mais intensa connosco. Neste momento, 80% do nosso financiamento vem das marcas e do apadrinhamento de visitas a hospitais por marcas.

Quais são as marcas mais relevantes nesse apadrinhamento, neste momento? 

Em Lisboa, no Santa Maria, é a Delta e a Coca-Cola; no Amadora Sintra é o Prémio Fidelidade Comunidade; no IPO de Coimbra, este ano tínhamos a Fundação Ageas e a Delta. No Norte, no Porto, temos no São João a Real Vida Seguros e o Prémio Caixa Social 2023; e em Matosinhos, a Fundação Manuel António da Mota e a Critical Manufacturing.

Para 2025, estão todos garantidos que vão continuar? 

Vão continuar. Alguns aceitando o desafio de terem sido investidores sociais para as candidaturas ao 2030. Mas que avançam independentemente de a candidatura ser aprovada ou não. Por isso é que estamos a entrar em 2025 com a certeza de que vamos continuar com a nossa missão a 100%.

Vão aumentar o número de hospitais em que vão estar presentes? 

As candidaturas que fizemos – tanto ao Lisboa 2030 como ao Norte 2030 – é no sentido de intensificamos ainda mais a nossa actividade nestas duas zonas. E na região centro, estamos a trabalhar, neste momento, numa campanha com o Fórum Coimbra com o objectivo de angariar 15.000 sorrisos para o IPO de Coimbra, com o envolvimento dos particulares. E depois vamos ter lá um apoio também da Brisa que se juntou para 2025 ao IPO de Coimbra.

Texto de Maria João Lima

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