Opinião de Filipa Appleton (Galp): O momento iPhone

Por Filipa Appleton, Head of Brand & Marketing da Galp

O iPhone revolucionou a forma como usamos a tecnologia. Foi o início de uma nova era. Comparativamente, estamos agora a viver este “momento de IA” em que a inteligência artificial (IA) está pronta e desde já a transformar várias áreas das nossas vidas, com um potencial tremendo para desencadear nova onda de inovação e progresso.

Se considerarmos a IA como um campo interdisciplinar, que se concentra na criação de máquinas inteligentes capazes de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana, não é de todo um conceito novo. Nas últimas décadas, a IA tem feito avanços significativos, graças ao aumento do poder computacional, à disponibilidade de dados e às inovações em algoritmos. E a IA já demonstrou a sua eficácia em diversos domínios.

Assim como o iPhone consolidou várias funcionalidades num único dispositivo, o “momento iPhone” para a IA representa uma consolidação semelhante das capacidades desta tecnologia no nosso quotidiano. À medida que continua a avançar, testemunhamos a integração da IA, tornando-a mais acessível para os “utilizadores comuns”. Este momento representa uma viragem crucial em que se torna parte integrante das nossas vidas, aprimorando as nossas experiências, graças a funcionalidades que até há pouco poderiam ser consideradas futuristas.

Claro que este “momento iPhone” para a IA vai muito além e tem implicações significativas para a sociedade. A IA tem o potencial de enfrentar desafios urgentes em sectores como saúde, educação e transportes, revolucionando a forma como abordamos e solucionamos problemas complexos.

No entanto, à medida que a utilização da IA se massifica é crucial endereçar a dimensão ética. Preocupações como privacidade de dados, viés algorítmico, propriedade intelectual, entre outras, devem ser geridas pelas empresas e utilizadores proactivamente. É essencial garantir transparência, responsabilidade e imparcialidade e estabelecer estruturas e regulamentações robustas para governar o seu desenvolvimento e utilização.

Vivemos hoje este momento único, que representa uma fase transformadora de integração, optimizando experiências e permitindo que cada um de nós, as empresas, a sociedade e o mundo em geral alcancem mais e de forma mais rápida. Esta capacitação geral de funcionalidades personalizadas e inteligentes revoluciona a comunicação, o acesso à informação e os processos de tomada de decisão.

Neste contexto, e sabendo que o marketing desempenha um papel crucial na comunicação entre empresas e consumidores, sendo responsável por promover produtos e serviços, construir marcas e estabelecer relacionamentos, temos uma oportunidade de aproveitar os recursos gerados para impulsionar as estratégias e obter resultados ainda mais eficazes. Quem nunca reclamou por falta de tempo para pensar estratégia?

É, por isso, importante sublinhar que a IA não substitui de todo os profissionais, mas sim capacita-os! As habilidades humanas são cada vez mais necessárias em funções como interpretar os resultados, adaptar estratégias conforme as mudanças do mercado e criar conexões emocionais com os consumidores. A IA pode fornecer insights valiosos, mas são os profissionais de marketing que os transformam em acções, campanhas, peças de comunicação. A parceria entre a IA e os profissionais é o caminho para um marketing mais eficaz, relevante e ético.

Abracemos este momento de forma responsável, com transparência e imparcialidade, pois, ao aproveitarmos o poder da IA, podemos desbloquear um futuro de possibilidades sem precedentes, melhorando a qualidade de vida e transformando a sociedade.

Artigo publicado na revista Marketeer n.º 323 de Junho de 2023

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