Opinião de Afonso Cruzeiro (L’Oréal Portugal): A beleza do futuro
Por Afonso Cruzeiro, Go-to-Market director na L’Oréal Portugal
Qual é o seu ideal de beleza? A pergunta é ancestral e dificilmente existirão duas respostas iguais. Talvez por isso se contem, ao longo da História, inúmeras tentativas de estabelecer padrões e tendências – mais ou menos ortodoxos – em busca de um modelo perfeito que todos ambicionassem seguir.
Com o advento das redes sociais, a regra e as excepções parecem misturar-se numa espécie de Torre de Babel virtual: por entre filtros, outfits e cenários cautelosamente preparados, surgem utilizadores dispostos a trocar a perfeição pela espontaneidade e a servirem-se destas montras globais para dar palco à sua individualidade. Uma polarização que veio para ficar e que representa, para as marcas, um desafio sem precedentes.
A beleza do futuro é criativa, versátil e inclusiva. É a oportunidade de trocar os padrões herméticos pela liberdade de escolher, de personalizar, de inspirar. É, acima de tudo, uma mudança de paradigma na relação com o consumidor, cada vez mais marcada pela necessidade de oferecer experiências e soluções à medida. A pergunta que se coloca é, por isso, muito clara: como podemos combinar a qualidade e segurança de sempre com a necessidade de fazer melhor que nunca? Na L’Oréal acreditamos que a resposta passa pela tecnologia.
A inovação sempre esteve no ADN do sector, mas os últimos anos vieram provar que podemos e devemos ambicionar muito mais. Além dos ganhos evidentes do ponto de vista da agilidade, é notório o impacto que tem, por exemplo, o recurso a big data no desenvolvimento de produtos e serviços que respondem verdadeiramente às necessidades das pessoas. A experiência de compra é, também ela, um admirável mundo novo, se pensarmos que é possível utilizar inteligência artificial para recomendar a maquilhagem que mais favorece cada tom de pele, ou recorrer a tecnologia de reconhecimento facial para diagnosticar e encontrar a melhor rotina de autocuidado. Os exemplos são quase infinitos mas, no fim de contas, todos convergem num objectivo comum: ajudar as pessoas a fazer escolhas informadas.
A tecnologia tem, por isso, contrariado todas as previsões fatalistas que a associavam a um movimento de homogeneização massivo. É a quantidade e qualidade da informação que temos hoje disponível que nos permite, como nunca, conhecer e aconselhar o consumidor e desenvolver uma actividade mais responsável, conscientes do impacto positivo que queremos deixar no planeta e na sociedade.
Inovar é, por tudo isto, uma responsabilidade acrescida e as marcas são o espelho a quem os consumidores perguntam “haverá alguém mais belo do que eu?”. É desta resposta que depende a beleza do futuro: vamos alimentar os velhos estereótipos ou dar às pessoas o poder de descobrir a sua melhor versão?
Artigo publicado na revista Marketeer n.º 308 de Março de 2022