O potencial da gamificação nas organizações

Por Rui Miguel Nabeiro
CEO Delta Cafés

Os jogos fazem parte das nossas vidas há muito tempo. Jogamos e competimos desde pequenos, seja como hobbie ou como desporto, sendo que a percepção generalizada é de que os jogos são apenas lúdicos e capazes de entreter quem interage com eles. Contudo, aquilo de que cada vez mais nos apercebemos é que os factores, que geram o compromisso e a motivação que fazem com que as pessoas joguem naturalmente, poderão também ser alocados a outras áreas e realidades. É aqui que entra a gamificação, que não é mais do que o uso de práticas e técnicas de jogos em diferentes contextos, com a grande distinção de que na gamificação se aplicam teorias ligadas ao ensino e à aprendizagem.

Fazendo os jogos parte do nosso dia-a-dia e com a sua crescente evolução, tenho vindo a observar que vivemos esta influência em quase todas as áreas da nossa vida, incluindo dentro das nossas organizações.

Na sua essência a gamificação aplicada a um contexto organizacional, é o processo de usar elementos baseados em jogos, como pontuação, recompensas ou mesmo a competição no ambiente de trabalho, de forma a que as pessoas se envolvam activamente com o mesmo, criando assim uma melhor experiência e potenciando resultados.

Hoje, quando pensamos em jogos, pensamos na capacidade que o jogo tem de nos dar feedback e de nos ajudar a melhorar, permitindo a nossa evolução, algo que nos dá motivação e nos mantém a jogar. Ou seja, exactamente o que esperamos que aconteça quando implementamos acções de gamificação nas organizações. Contudo, para que estas se possam aplicar correctamente implica assegurar que compreendemos de forma integral qual o contexto em que estas são aplicadas, assim como o conjunto de intervenientes que deveremos levar em conta ao longo do processo.

A gamificação aplicada a colaboradores obriga a um grande cuidado e à percepção de que não existe um formato uniforme. Para que a acção de gamificação implementada tenha o desempenho esperado, é essencial que todos os intervenientes desempenhem um papel importante, com o objectivo de aumentar a sua motivação e por consequência, melhorar a sua performance.

É nesse sentido que defendo que a gamificação, quando bem aplicada, tem tudo para conseguir ajudar as organizações, os seus gestores e os seus colaboradores a optimizarem o seu negócio e o seu próprio desenvolvimento e evolução enquanto profissionais, e sublinho as razões. Primeiro, a gamificação permite envolver e motivar os colaboradores, um dos principais contributos para o desempenho económico de uma empresa. Segundo, permite reconhecer e recompensar. Todos os integrantes de uma organização querem e merecem ser reconhecidos pelo seu trabalho e a gamificação é uma óptima forma de o fazer. Com o reconhecimento gerado através de métodos de gamificação, incentivamos os colaboradores não apenas fazer o seu trabalho, mas a fazê-lo bem. E por fim, porque melhora a eficiência da organização como um todo. A gamificação desafia as equipas e mostra aos gestores onde são necessárias melhorias. Acredito na importância que este método terá no futuro das nossas sociedades e acredito no crescente impacto que a gamificação terá na forma como vivemos as nossas vidas. Contudo, é crucial existir a correcta consciência do processo e de todos os intervenientes, para que a sua aplicação seja efectuada com as devidas precauções.

Artigo publicado na Revista Marketeer n.º 285 de Abril de 2020

Artigos relacionados