NOS: “Mais importante do que a tecnologia em si, é a forma como a utilizamos”

O crescimento do metaverso está a fazer com que as plataformas se desenvolvam de forma cada vez mais sofisticada. Mas, para que cheguem a mais pessoas, torna-se essencial integrar todas as componentes tecnológicas que se considera desempenharem um papel importante no metaverso: Web3.0, Avatares e Blockchain. Além disso, é necessário que os ambientes sejam leves e facilmente acessíveis e integráveis com dispositivos wearables, para que a adesão ao metaverso seja simples e garanta uma experiência imersiva sem falhas.

Estas são as premissas indicadas por Jorge Graça, Chief Technology and Information Officer (CTIO) da NOS, para o crescimento do metaverso nos próximos anos, mas «os desafios não são apenas técnicos. Há outras questões legais que têm de acompanhar a tecnologia, como, por exemplo, a privacidade e a segurança dos dados, bem como questões éticas. Neste campo em particular, é preciso acautelar algumas boas práticas até que haja regulamentação própria para esta nova forma de interacção».

Nesse sentido, a NOS tem vindo a acompanhar e vê com bons olhos os avanços que têm sido feitos por várias empresas no campo do metaverso, «numa óptica de ganhar conhecimento e contribuir com esse mesmo conhecimento para a aceleração da tecnologia de uma forma estruturada e segura para todos».

A NOS acredita firmemente no poder da tecnologia para impulsionar a transformação económica sustentável e para melhorar a vida das pessoas. Assim, tem vindo a apostar num conjunto de iniciativas pioneiras que permitem testar várias tecnologias, no sentido de simplificar e melhorar o dia-a-dia das pessoas e organizações.

Dentro deste enquadramento, explica Jorge Graça, «o metaverso é uma tecnologia estratégica numa visão de médio prazo, uma vez que tem o potencial de permitir experiências mais ricas e imersivas e pode contribuir para uma maior humanização da tecnologia. Sendo certo que tem ainda de amadurecer em termos de adopção, de interligação e standardização entre os diferentes metaversos, estamos a trabalhar para que possamos, de facto, disponibilizar uma solução com valor, mas segura para todos os nossos clientes».

Com esta visão sobre o futuro destes novos conceitos, a NOS tem estado a trabalhar em projectos de I&D no metaverso, sobretudo em associação aos seus vários territórios de marca, como o cinema e a música.

Já foram realizadas várias iniciativas no metaverso e existem demonstrações onde os utilizadores podem ir a uma loja NOS ou a uma sala de cinema no metaverso. «O critério é sempre acrescentar mais valor para o utilizador e proporcionar uma experiência mais rica. Queremos que, com o nosso metaverso, os nossos clientes se sintam seguros e vejam real valor no que é disponilizado. Não vale a pena estar no metaverso apenas por estar. É necessário que essa presença seja relevante, não só para o negócio da empresa, mas também para os nossos clientes e parceiros», afirma Jorge Graça.

TECNOLOGIA E REDE

Para que o metaverso tenha sucesso, os operadores de telecomunicações terão de criar redes mais inteligentes que saibam adaptar os recursos ao uso que está a ser feito no momento pelos diferentes utilizadores, bem como posicionar-se como trusted- -providers destas novas soluções tecnológicas, seja do ponto de vista tecnológico (blockchain e metaverso), seja do de negócio.

Jorge Graça explica que «a experiência do metaverso beneficia largamente de tecnologias imersivas, como a realidade aumentada, realidade virtual e hologramas que, associadas ao metaverso, permitem a disponibilização de experiências mais avançadas e realistas, tornando esta uma das áreas mais emocionantes e promissoras das tecnologias actuais. Todas estas realidades estão a ser facilitadas e aceleradas pela rede móvel 5G, que permite maior velocidade e resiliência da rede. A nível do 5G, a NOS é líder desde o início da sua implementação em Portugal, tendo sido a operadora que mais investiu e que conta com a rede mais rápida e com maior cobertura».

Além do 5G, fundamental para que a experiência no metaverso seja real e sem falhas, a NOS tem vindo a trabalhar em três frentes tecnológicas: integração de avatares nos vários metaversos, bem como a sua continuidade quando se passa de um verso para outro; desenho conceptual e necessidades tecnológicas para uma futura implementação do multimetaverso de forma imersiva; e, finalmente, na transposição da interacção do físico para o digital.

IMPACTO ALARGADO

O metaverso vai transformar a forma como as pessoas se relacionam entre si e com a realidade, pelo que pode ter impacto em quase todas as áreas da sociedade: educação, desporto, saúde e apoio aos idosos são áreas onde o impacto pode ser enorme, não só do ponto de vista económico, mas também social.

Ao permitir experiências imersivas e muito reais, esta tecnologia permite, por exemplo, dar aulas em ambientes virtuais, nos quais os alunos se deslocam ao paleolítico ou à Grécia Antiga. Abre-se o caminho para uma forma de ensinar que possa captar um maior interesse dos alunos com conteúdos mais ricos. Outro exemplo são as aplicações possíveis na área da saúde. É possível, por exemplo, treinar intervenções cirúrgicas, de forma colaborativa e à distância, em ambientes muito aproximados da realidade, sem qualquer risco para os pacientes.

Além destes casos práticos, Jorge Graça acredita que alguns projectos no metaverso podem ser, também, «uma oportunidade para aumentar a inclusão ou minimizar a solidão de pessoas idosas ou mais isoladas. Ao trazer humanidade à tecnologia, encurtando distâncias entre as pessoas, o metaverso permite, também, reduzir barreiras físicas e económicas».

Do lado das empresas existem múltiplas aplicações, no sentido em que esta tecnologia permite oferecer aos consumidores experiências mais imersivas e relevantes, sem limitações de distância. Por outro lado, há uma possibilidade de simplificar e melhorar a vida das pessoas. Um exemplo disso é o sector do retalho, onde de uma forma mais realista as pessoas podem experimentar produtos através do seu avatar, sem terem sequer de sair de casa. Neste campo, a NOS realizou um projecto piloto, no ano passado, com a Zippy, onde as pessoas podiam ver como os produtos lhes assentavam através de realidade aumentada, sem terem de os experimentar fisicamente.

Jorge Graça lembra também o projecto da NOS no Porto de Leixões, onde foram utilizados drones, equipados com câmaras, para auxiliar nas manobras de maior risco.

Neste momento, está a ser estudada a utilização da realidade aumentada e tecnologia de gémeo digital para tornar os processos de manutenção de maquinaria e logística neste porto mais eficientes. O CTIO da NOS refere que «este tipo de acções torna-se essencial para se testar o potencial das tecnologias e a forma como podem ser aplicadas de forma a gerar mais valor para o consumidor».

AS MARCAS

A inserção de marcas dentro do metaverso irá também proporcionar novas oportunidades de marketing e relação com o cliente. De acordo com Jorge Graça, a NOS olha para essas campanhas de marketing como «uma forma de as empresas começarem a explorar o seu potencial, a adesão à tecnologia dos utilizadores e aprendizagens para um posterior movimento mais estruturado e sustentado. É perfeitamente normal que as empresas testem a tecnologia junto dos early adopters para que, a médio prazo, possam ter outras formas de interagir com os seus consumidores, formas mais imersivas e a várias dimensões».

Mas, continua o responsável, mais do que uma oportunidade de se promoverem, esta tecnologia deve ser encarada como «uma forma de gerar valor e relevância para as pessoas. Porque o metaverso apenas será um sucesso se as pessoas virem o seu valor adicional e tiverem aqui conteúdos ricos e relevantes. Assim, o metaverso poderá ser também uma forma de as empresas contribuírem positivamente para a vida dos seus consumidores e até de explorarem novas formas de negócio».

Face a todo este potencial, a NOS, através do fundo NOS 5G, já investiu em tecnologia portuguesa de avatares digitais 3D, em parceria com a empresa Didimo, o que pode permitir uma maior personalização e interactividade dentro do metaverso. A utilização destes avatares apresenta um enorme potencial para experiências mais realistas, e para uma maior personalização dos processos de interacção entre avatares e objectos.

«É muito importante para a NOS promover o aparecimento de novas soluções tencológicas neste campo», diz Jorge Graça. «De facto, com o Fundo NOS 5G, foi a primeira empresa de comunicações a constituir um Fundo de investimento dedicado exclusivamente à quinta geração de redes móveis, reforçando o seu compromisso, quer com o desenvolvimento de um país tecnologicamente mais avançado e inovador, quer com a comunidade empreendedora, parceiros visionários e todo o ecossistema de inovação nacional».

Também no sentido de promover a inovação, a NOS tem vindo a desenvolver uma série de iniciativas com tecnologias que permitem uma maior imersão no metaverso, como sejam hologramas, realidade aumentada e realidade virtual, com uma série de parceiros dos vários sectores da sociedade.

MAIS POSSIBILIDADES COM O 5G

O 5G, indissociável do metaverso, está a abrir inúmeras portas ao desenvolvimento de espaços virtuais. Desde salas de conversa maiores, mais decoradas, que permitem a entrada e a participação de mais pessoas, até reuniões ou conferências onde os intervenientes se vêem, se falam e se tocam através de aparelhos como óculos de realidade virtual.

Por oferecer maior velocidade e capacidade de rede, a tecnologia 5G permite que o metaverso seja executado com menos latência, mais eficiência e maior resiliência da rede. Isso torna possível a criação de experiências mais imersivas e interactivas, como jogos, eventos e outros tipos de conteúdo de entretenimento em tempo real e sem falhas. O 5G também torna possível o uso de tecnologias avançadas, como os hologramas, que permitem que as pessoas sejam representadas em tempo real num ambiente virtual. Jorge Graça lembra que «no ano passado, a NOS realizou a primeira transmissão holográfica internacional 5G, transportando o realizador do filme “Top Gun”, Joseph Kosinski, de Londres para Lisboa, para a participação num encontro de imprensa a propósito do lançamento do filme».

O QUE VEM AÍ

O responsável da NOS acredita que, «mais importante do que a tecnologia em si, é a forma como a utilizamos. Nesse campo, a NOS tem feito um grande trabalho em trazer iniciativas inovadoras que permitem, não só, dar a conhecer, mas também tirar o máximo potencial do 5G, inclusivamente no metaverso. Esta aposta da NOS é também uma aposta em impulsionar a competitividade de Portugal e em contribuir para desenvolver uma sociedade mais tecnológica, que responda melhor às necessidades das pessoas, resultando numa melhor qualidade de vida para todos».

Por outro lado, a desmistificação do que é o metaverso, as suas vantagens, mas também os seus riscos, são pontos extremamente importantes para que o público em geral tenha consciência deles. «A promoção de demos, TED, Guilds como temos vindo a fazer junto dos nossos parceiros, ou junto de escolas e universidades, é extremamente importante, considerando que as novas gerações são os nossos melhores early adopters e que facilmente disseminam a informação. Mas as oportunidades do metaverso não se esgotam nos mais novos, havendo evidências do seu elevado potencial nos idosos, numa componente social, diminuindo o seu isolamento e proporcionando experiências que, na vida real, não são possíveis por motivos de saúde ou limitações de mobilidade. Também com este público, é importante mobilizar a sociedade através de campanhas de sensibilização, formações, eventos públicos ou até mesmo uma maior proximidade às universidades seniores» diz Jorge Graça.

Confirmando-se o interesse das pessoas no metaverso e havendo criatividade das marcas para explorar este novo meio de comunicação com as massas, «onde queremos chegar, depende de nós». É por isso que o CTIO da NOS conclui referindo que «podemos ir até onde a nossa imaginação quiser se tivermos a audácia de arriscar e de acreditar que somos capazes de transformar a sociedade para melhor, através de tecnologias avançadas, disponibilizando produtos e serviços mais diferenciados, com valor e segurança».

Este artigo faz parte do Caderno Especial “O Mundo do Metaverso”, publicado na edição de Março (n.º 320) da Marketeer.

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